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A inserção das mulheres no mercado de trabalho é chave para o desenvolvimento e a redução da pobreza

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Susana Balbo é uma das personalidades que contribuíram com artigo e sua visão para o livro “Batalhadoras – Mulheres Rurais no Mundo: 28 vozes autorizadas”, editado pelo IICA.

São José, 19 de outubro de 2018 (IICA). “É chave para o desenvolvimento dos países incorporar 50% da população mundial, que são as mulheres, na força de trabalho. Estudos da ONU revelam que, se todas as que hoje estão excluídas forem inseridas, o impacto no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos países-membros do G20 pode chegar a 26%, tirando da pobreza centenas de milhões de mulheres em países emergentes, como a Índia, a China, a Arábia Saudita, o Brasil, a Argentina, o México e, como efeito indireto, a toda a América Latina”.

A afirmação veio da empresária argentina Susana Balbo, presidente do W20 - grupo de afinidade do G20. Ex-deputada, a voz de Balbo está autorizada para os temas da igualdade de gênero e das condições ótimas que devem ser propiciar às mulheres rurais, para empoderá-las e torna-las visíveis na sociedade.

Balbo visitou pela primeira vez a Costa Rica para participar de um evento organizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) para comemorar o Dia Internacional das Mulheres Rurais. Nesse contexto, ela sublinhou os desafios latentes  neste tema crucial para o desenvolvimento e a inclusão social.

“Não haverá desenvolvimento sustentável até 2030 se as mulheres não estiverem de pé e visíveis em toda a sua extensão, seja a mulher urbana, seja a mulher rural. Toda mulher que não existe para o sistema deve passar a existir para que o mundo seja mais equitativo e sustentável”, declarou Balbo.

Primeira mulher enóloga da Argentina, Balbo disse também que o acesso à educação, ao crédito e aos serviços financeiros, para alcançarem a independência econômica, assim à inclusão digital, para lhes permitir entrar em contato com tecnologias e mercados, são aspectos fundamentais para melhorar a qualidade de vida e garantir um futuro mais promissor para as mulheres.

“Uma forma de acelerar a mudança e melhorar suas vidas se dá quando as mulheres têm acesso a uma melhor educação e à inclusão digital, que lhes permite a independência econômica. É uma realidade que se dá em todos os países-membros do G20, apesar das necessidades diferenciadas”, acrescentou a empresária, dedicada há mais de 30 anos à indústria do vinho.

Políticas públicas com outra ótica

Apesar de as mulheres rurais representarem 43% da força de trabalho agrícola e serem responsáveis por 50% da produção mundial de alimentos, os países ainda carecem de políticas públicas diferenciadas para este segmento da população. Os que as têm, muitas vezes não as aplicam e respeitam por desinteresse.

“Há muitas políticas públicas relacionadas às mulheres rurais que são robustas, mas não são levadas em conta, não são respeitadas ou não são adotadas. Provavelmente, isso está dado pela ignorância ou desinteresse. Por exemplo, para haver uma moderna agenda mundial nesse tema, faltam a decisão e a vontade dos líderes políticos, que se apropriam desta agenda. Que eles se apropriem desta agenda e a tornem realidade em seus países”, afirmou Balbo.

Para a presidente do W20, é essencial “o uso de uma lente com visão de gênero” na hora de construir e implementar políticas em prol deste grupo da população, para que se adaptem às necessidades reais da mulher. Balbo reconheceu que este processo é chave para dar às mulheres rurais voz e voto nos espaços de diálogo e de tomada de decisão. E, dessa forma, escutar o que têm a dizer.

“Temos de convoca-las para que expressem quais são suas necessidades. Em nossa experiência no W20, todas com quem nos reunimos pediram, mais que nada, por infraestrutura, acesso à água potável, à energia, à internet, coisas tão básicas como estas. Não conseguimos nada de uma política pública estabelecida se não é respeitada nem adotada. Que a voz da mulher seja escutada, que ela participe das mesas de decisão para que expressem o que necessitam para se desenvolverem adequadamente”, destacou.

A influente empresária, proveniente da província argentina de Mendoza, sublinhou que, no caso do W20, é geralmente complicado convencer e impor uma mesma sintonia aos membros do G20 em questões de igualdade de gênero e da mulher rural, por causa da diversidade dos países.

“Temos nações onde as mulheres não têm nenhum tipo de direito ou têm muito poucos. Há países muito desenvolvidos onde a mulher tem pleno acesso a todos os direitos. Esta diversidade faz com que as mudanças sejam mais lentas porque, quando os comunicados e as políticas de Estado a serem adotadas pelos líderes são elaborados por consenso, as disparidades de cada país começam a surgir. Então, é complicado chegar a propostas e ações concretas, por exemplo, sobre a propriedade da terra e os direitos de herança, porque as posições são culturais, religiosas e legais”, disse Balbo.

Susana Balbo concluiu convidando a se “honrar a mulher rural cada dia do ano, não somente no seu dia internacional, para que sempre nos recordemos delas e nos darmos conta de que elas são as pessoas que nos permitem ter os alimentos, conservar nossa cultura e tradições e quem, com sua voz muito inaudível para o sistema, mantêm nossas famílias e acervos, e com infinito amor cuidam da nossa natureza”.

Resumo da entrevista com a presidente do W20:

Susana Balbo, Dia Internacional das Mulheres Rurais (Disponível somente em espanhol)

Mais informação:

Gerência de Comunicação Institucional do IICA

comunicacion.social@iica.int