Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agricultura

Bioeconomia, um caminho para o desenvolvimento rural na América Latina e no Caribe

Tiempo de lectura: 3 mins.

Na Costa Rica, CEPAL, FAO e IICA apresentaram seu mais recente informe conjunto sobre a agricultura e ruralidade das Américas, durante a conferência dos ministros hemisféricos do setor.

Informe Perspectivas de la agricultura y del desarrollo rural en las Américas: una mirada hacia América Latina y el Caribe 2019-2020

São José, 31 de outubro de 2019. A nova edição do informe Perspectivas da agricultura e do desenvolvimento rural nas Américas: um olhar para a América Latina e o Caribe 2019-2020 elaborado pela Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) destaca a bioeconomia como uma forma inovadora de impulsar o desenvolvimento rural sustentável na América Latina e no Caribe (ALC).

O informe foi apresentado na Conferência de Ministros da Agricultura das Américas 2019, que foi realizada em San José, na Costa Rica, e assinala que o desenvolvimento rural é fundamental para enfrentar o aumento da fome, da pobreza e do impacto das mudanças climáticas na região, por isso deve estar no centro das estratégias de governo.

O documento levanta que uma das formas de potencializar esse desenvolvimento é através da bioeconomia, que é a utilização intensiva do conhecimento sobre os recursos, os processos, as tecnologias e os princípios biológicos para a produção sustentável de bens e serviços em todos os setores da economia.

Biocombustíveis, biogás, utilização de resíduos biológicos e resíduos agrícolas, têxteis derivados de celulose que substituem o uso de plásticos derivados de petróleo, polímeros à base de sementes de abacate, bioetanol e biotecnologia agrícola são algumas de suas aplicações atuais na ALC.

Segundo o informe, a bioeconomia não só é uma oportunidade para a região devido a sua ampla biodiversidade, recursos genéticos, diversidade de paisagens produtivas e capacidade para produzir biomassa como também uma necessidade pelo desafio de encontrar novos caminhos para um desenvolvimento rural e agrícola mais sustentável e inclusivo.

A ALC possui 50% da biodiversidade mundial conhecida, 57% dos bosques primários e a maior disponibilidade de terras para cultivar.

“A bioeconomia permite aproveitar a riqueza biológica da região para potencializar o desenvolvimento produtivo, tem a vantagem de promover um desenvolvimento baixo em carbono e resiliente, aproveita os resíduos de forma rentável, recomenda o uso alternativo da biomassa, gera cadeias de valor sofisticadas em indústrias inovadoras como construção, farmácia e de cosméticos, e recomenda o uso das zonas rurais como biofábricas”, destacou Manuel Otero, Diretor Geral do IICA.

“O mundo rural e agrícola da América Latina e do Caribe é uma peça chave da segurança alimentar mundial. Produz alimentos para centenas de milhões, abriga 50% da biodiversidade global e tem 30% dos solos aráveis. O agro, os sistemas alimentares e o meio rural são parte da solução para dinamizar o desenvolvimento da região e representam una enorme oportunidade que não podemos desperdiçar”, explicou Julio Berdegué, Representante Regional da FAO.

Alicia Bárcena, Secretária Executiva da CEPAL, destacou a importância de fomentar na região uma bioeconomia que seja sustentável e inclusiva. “As contribuições podem ser múltiplas; por exemplo, a produção agrícola sustentável e a segurança alimentar, novas oportunidades para a criação de emprego decente em novas cadeias de valor de base biológica, especialmente para as mulheres e para os jovens, e conhecimentos para a conservação, gestão e uso sustentável da biodiversidade”, indicou a alta funcionaria das Nações Unidas.

Radiografia do mundo rural e agrícola

A publicação da CEPAL, FAO e IICA apresenta uma radiografia completa do panorama agrícola e rural da região. Uma de suas principais conclusões é a urgência de impulsar o desenvolvimento rural por seu alcance multidimensional: oferece oportunidades agrícolas, alimentares e produtivas, assim como possibilidades para um novo desenvolvimento energético e para enfrentar a pobreza, a fome e a mudança climática.

Sobre a pobreza rural, o documento indica que a região passou de 45,1% a 46,4% entre 2014 e 2017. Enquanto a segurança alimentar, o número de pessoas subalimentadas chegou a 42,5 milhões, um aumento que vem se dando ano após ano desde 2014, enquanto que o sobrepeso e a obesidade afetam a 7,7 % dos meninos e meninas menores de 5 anos e a 24% da população adulta.

No que concerne à segurança social, revela-se que somente 22% da população rural têm acesso a cobertura rural do sistema de pensões contributivas, muito longe do que se observa nos territórios urbanos, onde se alcança 54,7% da população. Segundo o informe, deve-se dar maior impulso aos programas de proteção social como instrumentos de fomento produtivo, assistência urgente e redução das desigualdades nos territórios rurais.

A publicação sugere que impulsar o desenvolvimento rural é fundamental para conservar a biodiversidade da região. Explica que as mudanças de uso do solo são responsáveis por 70% da perda estimada da biodiversidade terrestre na ALC, enquanto que a degradação da terra produtiva alcança custos de oportunidade que equivalem a US$ 60.000 milhões anuais.

Sobre a mudança climática e os desastres naturais, o informe menciona que o desenvolvimento das zonas rurais é fundamental para afrontar estes desafios, já que concentram 67% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) da região; a agricultura, a silvicultura e a mudança no uso do solo são responsáveis por 42% destas emissões e o desenvolvimento energético representa 25% dos GEE.

Um dos efeitos da mudança climática, como é a maior ocorrência de desastres naturais, já se faz sentir na ALC. Segundo a publicação, o número de pessoas afetadas por algum tipo de desastre natural relacionado a eventos climáticos extremos cresceu em 8,3 milhões na região, passando de 2,7 milhões em 1990 para 11 milhões em 2017. 

Mais informação:
Joaquín Arias, especialista técnico internacional do IICA. 
joaquin.arias@iica.int

www.agrirural.org

Baixe o informe (em espanhol)

 

Compartilhar

Notícias relacionadas

Lima, Perú

December 13, 2024

Funcionários de países membros da CAN fortalecem capacidades relacionadas ao comércio agroalimentar com apoio do IICA

A atividade, realizada na Sede da Secretaria Geral da Comunidade Andina de Nações, em Lima, teve como objetivo analisar os principais mecanismos e instrumentos que favorecem o comércio internacional agroalimentar e a integração econômica regional na CAN, como um meio para alcançar uma participação mais efetiva em foros internacionais e ações conjuntas para fortalecer os sistemas agroalimentares e facilitar o acesso a mercados regionais e internacionais.

Tiempo de lectura: 3mins

San José, Costa Rica

December 10, 2024

A produção global de biocombustíveis líquidos cresceu 50% em uma década, liderada pelos EUA e pelo Brasil e tendo a Argentina e o Canadá como outros grandes atores, revela nova edição do Atlas do IICA

A nova edição do Atlas centra-se em biocombustíveis como bioetanol, biodiesel e combustíveis sustentáveis de aviação, a partir de fontes bibliográficas complementadas com dados estatísticos sobre matérias-primas, tendências de produção e políticas regulatórias.

Tiempo de lectura: 3mins

San José, Costa Rica

December 11, 2024

Alunos de Limón, Costa Rica, ganham segunda edição do Desafio Minecraft Education para a Agricultura organizado pela Microsoft e pelo IICA

No desafio, os alunos receberam no vídeo game Minecraft um desenho inicial, caracterizado por um mundo com problemas de seca, erosão de solos, deslizamentos, contaminação de água, escassez de árvores e animais, entre outras situações devastadoras.

Tiempo de lectura: 3mins