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Com apoio do IICA, países da AL se reúnem para discutir estratégia regional de prevenção à nova raça de doença da banana

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Especialistas de cinco países expuseram como o tema vem sendo tratado em seus países e trocaram informações em prol de se criar propostas conjuntas para lidar com este problema

Brasília, 24 de outubro de 2019 (IICA) O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), por meio do seu Programa Cooperativo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Agrícola para os Trópicos (Procitrópicos), realizou nos dias 22 e 23 de outubro, em Brasília, o Encontro Internacional sobre Estratégia Regional para Prevenção contra o FOC TR4, fungo que coloca em risco a produção mundial de banana. A nova raça do fungo é considerada mais devastadora que as anteriores. 

A nova doença da bananeira, causada pelo fungo da raça 4 Tropical de Fusarium oxysporum f sp. Cubense – FOC TR4, já ocorre na Ásia e África e foi identificada este ano na Colômbia, na região de Guajira. 

Considerada mais devastadora que as anteriores, a nova raça de fungo que ataca as plantações de bananas já ocorre na Ásia, África e foi identificada este ano na Colômbia.

Cerca de 30 participantes, entre organizações internacionais de controle sanitário, representantes de governos, associações de produtores de banana do Brasil, pesquisadores do Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Guatemala, expuseram como o tema vem sendo tratado em seus países e trocaram informações em prol da proposta de se criar, de forma conjunta, uma estratégia para lidar com este problema.

Após a divisão em dois grupos de trabalho, os participantes elaboraram conjuntamente uma proposta de ações relacionadas a medidas de prevenção e controle da doença e outra voltada para pesquisas. Com o apoio do IICA e Procitropicos, foi proposta a execução de um projeto de pesquisa a ser executado conjuntamente pela Embrapa (Brasil), Agrosavia (Colômbia), INIAP (Equador) e INIA (Peru), em articulação com organizações internacionais de pesquisa e fomento, para o desenvolvimento de variedades de banana resistentes ao TR4.

Entre as ações de curto, médio e longo prazo levantadas, estão a de testar materiais desenvolvidos pela Embrapa na Colômbia, assim como o desenvolvimento de controle biológico (por meio de um organismo vivo que mate o fungo), além de estudos de epidemiologia (do comportamento da doença) e o levantamento de informações sobre os fatores de dispersão da doença, ou seja identificar quais as características que o fungo tem para se disseminar tão rápido.

“Ficou claro que o problema é muito grande para ser resolvido individualmente e será necessário ‘unir forças’ entre os países da região, com medidas imediatas de prevenção e controle da doença com a mobilização dos ministérios da agricultura e organismos de defesa sanitária e, principalmente, com a conscientização e envolvimento dos produtores de banana para retardar o avanço da doença”, avaliou o Secretário-executivo do Procitrópicos/IICA, Jamil Macedo.

Como, por enquanto, não há tratamento efetivo para essa variante do fungo, a pesquisa se torna fundamental no enfrentamento da doença, quer seja no desenvolvimento de plantas mais resistentes, manejo do solo, métodos eficazes de biossegurança e monitoramento.

“É importante que a informação chegue aos produtores e à população, para que ajudem a evitar a entrada da doença em nosso país (Brasil). Não trazendo produtos vegetais (plantas, terra, mudas, etc) quando estiverem em outros países, e, quando visitarem propriedades rurais, desinfetar as solas dos sapatos, principal via de contaminação”, destacou a especialista em sanidade agropecuária, qualidade e inocuidade dos alimentos do IICA, Lucia Maia.

Produção bananeira

Uma das frutas mais populares do mundo, a banana conta com uma produção anual de 70 milhões de toneladas. O Brasil é o terceiro maior produtor, ficando atrás de Índia e Equador. Chega a 500 mil hectares o total de área destinada à produção de banana no Brasil, que resulta na produção de sete milhões de toneladas por ano. No entanto, mais de 90% delas são consumidas internamente. De acordo com os dados da Embrapa de 2017, o volume de exportação de banana foi de 41,3 milhões de quilos, o equivalente a US$ 11,6 milhões.

O maior exportador mundial de bananas é o Equador. Com a produção em torno de 6,5 milhões de toneladas, envolve aproximadamente 17% da população economicamente ativa e emprega direta e indiretamente 2,5 milhões de pessoas, resultando em 35% do PIB agrícola equatoriano.  Para lidar com o FOC TR4, o Equador já toma uma série de medidas como conta Marco Cacarin, da Agência de Regulação e Controle Fito e Zoosanitário (Agrocalidad). “Estamos trabalhando na capacitação de produtores. 7500 já foram capacitados, desinfecção de containers em portos, vigilância em aeroporto e em fronteiras”, sintetizou.   

Impacto do FOC TR4

Esta nova variedade de fungo bloqueia todo o sistema vascular da planta, que não consegue absorver água nem os nutrientes. Então, a planta murcha e morre, porque destrói todos os tecidos vasculares dela. Os sintomas da doença são semelhantes às Raças 1 e 2, que são encontradas no Brasil e vários países, e que já contam com variedades de banana resistentes como a Prata e Nanica. 

Especialistas se reúbe para tratar da nova raça de fungo que ataca produção de bananas
Representantes do governo brasileiro e pesquisadores do Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Guatemala trocaram informações em prol de se criar, de forma conjunta, uma estratégia para lidar com o problema.

“Somente na China, dados de 2013, foram mais de 100 milhões de dólares (de prejuízo). Eles têm mais de 100 mil hectares já destruídos e eles estão migrando para outros países. Começou, na verdade em Taiwan, Indonésia, no sul da Ásia. Há casos na Índia e na Austrália. Os casos mais recentes datam a partir de 2013, pelo menos por relatos oficiais e, depois que começou a se disseminar”, explica o pesquisador da Embrapa, Miguel Dita.

O único caso conhecido no continente americano é na Colômbia e, ainda não se se sabe ao certo como o fungo chegou lá. As hipóteses ventiladas são de que poderiam ter chegado junto com maquinários – que pode não ter passado por desinfecção – vindo da Ásia ou vindo por meio de visitas, de pessoas de outros países, de certificadoras, por exemplo.

De acordo com a pesquisadora da Cooperação Colombiana de Pesquisa Agropecuária (Agrosavia), Monica Betancourt, as sete fazendas onde foram detectadas a doença estão isoladas (de quarentena) e 185 hectares foram erradicados. Outros mais de 2.400 hectares estão sob vigilância. 

“É importante frisar que isso não implica em nenhum problema na saúde humana. Ela afeta a produção. Se ela vir (para o Brasil) antes de estarmos preparados para enfrentá-la, nós vamos ter uma redução de produção e, consequentemente, um aumento dos preços e menos acesso da fruta a nossa população”, afirmou o Chefe Geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Alberto Vilarinhos.

Perspectivas positivas

Existem várias formas de atacar esse fungo. A começar pelas fronteiras, por meio de controle legal em portos, aeroportos e fronteiras terrestres.

Durante sua exposição, a Embrapa, empresa pública de pesquisa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Brasil, mostrou que já trabalha com pesquisa preventiva sobre este assunto. “Já estamos atuando mesmo com a ausência dela no Brasil. Estamos aguardando a autorização do Ministério da Agricultura para enviar para a Austrália testes (de variedades de bananas) para avaliar a resistência à doença”, afirmou o pesquisador Edson Amorim da Embrapa.

Na mesma linha, o Ministério da Agricultura do Brasil já conta plano nacional de contingência e com uma cartilha que orienta os produtores que, em caso de suspeita de ocorrência, informe a Superintendência Federal de Agricultura (SFA) do Ministério ou o órgão estadual de Defesa Sanitária Vegetal, para que a fiscalização vá até o local e colete amostras das plantas suspeitas, para envio a laboratório oficial de diagnóstico.

Para médio prazo, os participantes projetam atuar para que variedades de banana melhoradas (resistentes à doença) sejam implantados em locais em que há focos e, que se inicie um programa de melhoramento a partir do trabalho-piloto realizado na Colômbia

Outras sugestões de ação feitas pelos participantes do encontro são a criação de um diagnóstico da situação de cada país produtor e o estabelecimento de critérios mínimos (protocolos) para uma estratégia adequada de defesa sanitária ao FOC- R4T na região (país a país).

 

Mais informações:

Assessoria de Comunicação IICA Brasil

iicabr.informa@iica.int

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