Foi realizado um seminário de cooperação entre América Latina e Caribe, África e Índia, no qual foram trocados conhecimentos e experiências no combate à praga.
Buenos Aires, 27 de novembro de 2020 (IICA). Especialistas, técnicos e funcionários da América Latina e Caribe, África e Índia trocaram conhecimentos e experiências sobre o combate ao gafanhoto, praga que afeta a produção agrícola e as reservas naturais em diferentes regiões do mundo e coloca em risco a segurança alimentar global.
No III Seminário de Cooperação “Gaganhotos: perspectivas de gestão e colaboração na América Latina e Caribe, África e Índia” foi destacado que, por se tratar de uma espécie migratória e que transcende fronteiras, sua abordagem requer compromissos internacionais e cooperação entre diversos países em grande escala, incluindo a concepção de sistemas de alerta precoce, monitorização permanente e promoção de soluções inovadoras.
A atividade foi uma oportunidade para compartilhar informações sobre as diferentes espécies de gafanhotos existentes em cada região, seu estado e prognóstico; os planos de ação realizados por organismos de cooperação e localmente; a articulação institucional e as inovações tecnológicas que estão sendo aplicadas.
Foi o terceiro capítulo de uma série de seminários regionais, no contexto do que foi designado pelas Nações Unidas como o Ano Internacional da Sanidade Vegetal.
A organização do ciclo de conferências é da responsabilidade do Ministério das Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto; o Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca e o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar (SENASA) da Argentina, em conjunto com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), o Grupo Interamericano de Coordenação de Sanidade Vegetal (GICSV) e Comitê de Sanidade Vegetal do Sul (COSAVE).
Na ocasião, o seminário também contou com a presença da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Além de especialistas da América Latina e do Caribe, cujos países já estiveram representados em seminários anteriores, participaram autoridades da Índia, Etiópia, Eritreia e Quênia, entre outros países africanos, dando detalhes das ações realizadas em suas nações nos últimos anos descrevendo o cenário atual.
“Por meio da cooperação internacional, buscamos o desenvolvimento sustentável e inclusivo para os povos do mundo. E, neste ano muito particular, propomos soluções criativas aos desafios que são apresentados ”, disse a Ministra Alicia Barone, em representação da Direção Geral de Cooperação Internacional do Itamaraty, explicando o espírito da atividade.
Na América Latina e no Caribe – segundo Héctor Medina, do SENASA – existem quatro espécies de Gafanhotos que afetam diferentes regiões, mas a situação mais preocupante ocorre no continente devido ao ressurgimento do Gafanhoto sul-americano. “Argentina, Bolívia e Paraguai enfrentam uma situação perigosa e declararam emergências fitossanitárias. A praga avançou em 2020 e ameaçou o Brasil e o Uruguai. Embora estratégias de controle bem-sucedidas tenham sido implementadas, a situação era, é e continua sendo complicada ”, disse Medina.
Por sua vez, Jingyuan Xia, diretor da Divisão de Produção e Proteção de Plantas da FAO, destacou que o gafanhoto representa um dos desafios mais difíceis enfrentados pela humanidade e o descreveu como um desastre natural comparável a enchentes e secas.
Por sua vez, Keith Cressman, Oficial Sênior de Prevenção de Gafanhotos da FAO, referiu-se ao gafanhoto do deserto, espécie que afeta a Ásia, a África e o Oriente Médio. “É a praga migratória mais perigosa do momento, cobrindo 20% da superfície da Terra. Existem pelo menos 29 países que têm que lidar com esse gafanhoto o ano todo, mas a praga pode se espalhar para os quatro pontos cardeais e invadir outros 25 países se for favorecida por três condições ambientais, que são chuva, altas temperaturas e vento. Mais de 50 países podem ser afetados e, com eles, a subsistência de milhares de comunidades ”, disse Cressmann.
“O principal insumo para combater o gafanhoto é o conhecimento”, advertiu o Representante do IICA na Argentina, Caio Rocha, que defendeu a integração permanente e o intercâmbio de experiências e tecnologias.
Em representação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca, Santiago Bonifácio disse que as tecnologias terão um papel decisivo no sucesso das ações de controle da praga.
Por fim, o Ministro Juan Ignacio Rocatagliatta, da Chancelaria da Argentina, destacou a necessidade de trabalhar simultaneamente as estratégias de curto e longo prazo e de promover a convergência entre os atores estatais e privados.
Mais informação:
Lourdes Fonalleras, especialista internacional em sanidade agropecuária e inocuidade dos alimentos do IICA.
lourdes.fonalleras@iica.int