Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Seguridade alimentária e nutricional

Governos, organismos internacionais e o setor privado se somam à iniciativa de restauração de solos promovida pelo IICA e por Rattan Lal

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Ministros e secretários de dez países, organismos internacionais de financiamento, universidades e representantes do setor privado e da sociedade civil participaram do lançamento da iniciativa “Solos vivos das Américas”, encabeçada pelo Prêmio Mundial da Alimentação 2020, Rattan Lal, e o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.

Soils

São José, 8 de dezembro de 2020 (IICA). Ministros e secretários de Agricultura, organismos internacionais de financiamento e representantes do setor privado e da ciência expressaram um amplo apoio à iniciativa “Solos vivos das Américas”, lançada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e Rattan Lal, maior autoridade mundial em ciências do solo.

A iniciativa hemisférica é fruto de uma parceria entre o IICA e a Universidade do Estado de Ohio, na qual o professor Lal, Prêmio Mundial de Alimentação 2020 e colaureado com o Nobel da Paz, dirige o Centro de Gestão e Sequestro de Carbono (C-MASC).

“Solos vivos das Américas” servirá como ponte entre a ciência, os governos e o trabalho de campo para restaurar a saúde do solo no continente americano. Seu lançamento foi realizado em um ato em comemoração do Dia Mundial do Solo, celebrado neste 5 de dezembro.

“É um privilégio ser parceiro e colaborar com o IICA nesse programa tão importante. Precisamos produzir mais, proteger o ambiente e restaurar os solos degradados. Por isso adotamos um enfoque concentrado no solo para reconciliar as necessidades de alcançar segurança alimentar e nutricional com a necessidade de restaurar a natureza e mitigar o aquecimento global”, disse Rattan Lal no lançamento.

“Vamos adotar uma segunda revolução verde centrada no solo, para incluir pequenos produtores agropecuários no Caribe, por exemplo. Nossa meta é não deixar nenhum agricultor para trás”, acrescentou o também Embaixador da Boa Vontade do IICA sobre a iniciativa, que articulará esforços públicos e privados no combate à degradação dos solos, um fenômeno que ameaça solapar a capacidade dos países de satisfazer de maneira sustentável a demanda de alimentos.

O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, considerou a necessidade de reverter a degradação de solos como “um desafio inadiável enfrentado por nossa região”, recordando que “um solo vivo” é crucial para a produtividade, as receitas dos produtores, a biodiversidade e o bem-estar das populações rurais e urbanas.

“Um solo vivo não é outra coisa senão um solo com uma adequada capacidade de drenagem e estrutura, que respira e vive por meio de seus organismos vivos e atua como um sumidouro dos gases de efeito estufa. Aos que o tratam adequadamente, o solo devolve níveis crescentes de produtividade, oferecendo serviços ecossistêmicos e biodiversidade. Em síntese, proporciona maior bem-estar para as famílias que nele habitam”, disse Otero.

Mediante a iniciativa, que utilizará os melhores enfoques de gestão, a cooperação técnica trabalhará junto a governos, organismos internacionais, universidades, o setor privado e organizações da sociedade civil para contribuir para deter processos de degradação da terra e de agricultura que esgotam a matéria orgânica dos solos, um recurso natural fundamental para a vida no planeta.

Participação massiva

Na cerimônia de lançamento, estiveram representados 10 países, quatro organismos internacionais de financiamento, empresas líderes, associações de produtores e representantes da sociedade civil, além de autoridades da Universidade do Estado de Ohio.

A seguir, os principais conceitos compartilhados por autoridades dos países membros do IICA no lançamento da iniciativa “Solos vivos das Américas”.

Michael Pintard, Ministro da Agricultura e Recursos Marinhos de Bahamas: “A saúde do solo está interconectada à segurança alimentar animal, agrícola e humana, são indivisíveis. Devemos motivar aos que gerem os solos e punir os que abusam deles. Apesar de o Caribe dar uma pequena contribuição a emissões de gases de efeito estufa, assumimos a responsabilidade por nosso papel, com leis e projetos que ajudam na saúde do solo e promovem a resiliência. Esperamos criar mais defensores dos solos produtivos. Felicito ao IICA por essa iniciativa, gerando sensibilidade, gerando boas práticas para superar desafios e fortalecer as parcerias com diversos setores”.

Renato Alvarado, Ministro da Agricultura e Pecuária da Costa Rica: “Na Costa Rica, temos focado em buscar a sustentabilidade de nossos agricultores, devem ser rentáveis, viáveis economicamente para que se mantenham na produção. Precisamos de um comércio justo para que o cuidado dos solos também seja bem-sucedido. Promovemos uma Ação de Mitigação Nacionalmente Apropriada (NAMA) em pecuária para a gestão de recursos hídricos, da cobertura de solos e também temos a NAMA banana e a NAMA arroz, para aumentar a sustentabilidade e reforçar a manutenção das grandes cidades em termos de alimentação. Celebro esse esforço do IICA, sempre à vanguarda, renovando o pensamento e a construção de pensamentos para um futuro melhor para produtores e o desenvolvimento econômico de nossos países”.

Alexis Jeffers, Ministro da Agricultura, Pesca e Recursos Marinhos de St. Kitts e Nevis: “A maioria dos solos em nosso país é arenoso e tem pouca retenção de águas. Os solos são importantes para nossos produtores. O principal desafio são os produtores que usam estufas, porque estão mais propensos ao uso de fertilizantes sintéticos. Solos com melhor teor orgânico retêm melhor a água. Celebro a iniciativa”.

Julián Echazarreta, Secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina: “O solo tem um papel fundamental no desenvolvimento sustentável. Reconhecemos o seu papel central para enfrentar à mudança do clima devido à sua enorme capacidade de sequestro de carbono. É indispensável avançar na recarbonização de solos, acompanhando práticas de produção que também reduzam hiatos de rendimento. O solo é um capital natural nacional. As boas práticas agrícolas com rotações adequadas e a gestão de coberturas estão se massificando na Argentina, como clara manifestação de que há uma maior consciência em nossas ações. Confiamos que a biotecnologia e a edição genética também contribuam com seus aportes. Felicitamos ao IICA e à Universidade do Estado de Ohio pela iniciativa e nos somamos aos esforços para assegurar que as futuras gerações tenham boas condições de solo”.

Fernando Camargo, Secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil: “Para o governo brasileiro, o tema dos solos é absolutamente especial. O Brasil é um exportador líquido. Hoje temos o desafio de aumentar e melhorar a nossa produção. Precisamos fazer isso com muita sustentabilidade e atenção ao meio ambiente. Para tal, recuperaremos pastos degradados, melhorando os solos. O conhecimento dos solos nos permitirá entrar na era da agricultura 4.0 ou 5.0. Estamos fazendo um levantamento para conhecer o solo de maneira minuciosa, disponível para todos. Felicito a iniciativa do IICA.

Scott H. Hutchins, Subsecretário Adjunto de Investigação, Educação e Economia, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA): “Para poder alimentar uma população crescente, devemos intensificar a produção sustentável. O centro da agricultura está nos solos saudáveis. É importante ter solos saudáveis repletos de muita atividade biológica. O USDA trabalha para aportar estudos baseados na ciência: intensificação sustentável, liderança em políticas de ciência. A produção deve estar à frente para enfrentar os desafios. A biotecnologia também pode abrir muitas possibilidades para a saúde e a conservação do solo. Por exemplo, o uso de plantio direto pode se adaptar a pequenas propriedades rurais para aumentar a sustentabilidade”.

Javier Gracia-Garza, Assessor Especial de Agricultura e Mudança do Clima, Agriculture and Agri-Food Canadá (AAFC): “Agradeço e felicito ao IICA por lançar essa iniciativa. Demonstraram ter liderança frente a muitos problemas prementes para o planeta, como conservar a saúde do solo e abordar a mudança do clima e a insegurança alimentar. Muito se fez por proteger nossos solos, mas há ainda muito por fazer, devemos ter práticas agrícolas que conservem solo e restaurem os solos degradados. O êxito depende da inovação, precisamos transformar os campos agrícolas em centros de inovação. O Canadá colaborará com o IICA nessa e em outras iniciativas”.

Juan Gerardo Murillo, Diretor de Ciência e Tecnologia Agropecuária, Secretaria de Agricultura e Pecuária de Honduras: “Honduras empreenderá um mapeamento dos solos para recomeçar depois dos ataques dos furacões Eta e Iota. Com o IICA estamos trabalhando muito de perto em grãos básicos, como o feijão. As colheitas se sustentaram, temos reservas. Felicito ao IICA por essa iniciativa tão relevante.

Camila Fernández, Assessora de Gabinete em temas de Mudança do Clima e Recursos Florestais, Ministério da Agricultura do Chile: “O desafio é garantir a segurança alimentar e reduzir a pobreza, mas ainda assim proteger a natureza. O solo é o início, de onde se fornece tudo. Se queremos renovar a nossa relação com o solo, devemos reverter as más práticas, recuperar, recriar e incorporar maiores práticas de economia circular e práticas de conservação do solo, como o plantio direto e a agricultura de precisão”.

Declarações de representantes de organismos internacionais de financiamento, do setor privado, de universidades e da sociedade civil.

Cathann A. Kress, Vice-Presidente de Administração Agrícola e Decana da Faculdade de Ciências Alimentares, Agrícolas e Ambientais (CFAES) da Universidade do Estado de Ohio: “O solo, literalmente, é o cimento da saúde de todas as criaturas no planeta. Todos esperamos ansiosos por essa parceria. Há indivisibilidade entre saúde de solos, plantas e animais”.

Julián Suárez Migliozzi, Vice-Presidente de Desenvolvimento Sustentável da CAF (Corporação Andina de Fomento — Banco de Desenvolvimento da América Latina): “Do IICA, destaco a sua vocação por inovar constantemente. Na CAF estamos profundamente convencidos da relevância estratégica dessas iniciativas, sempre encontrarão em nós a um aliado para apoiá-las. A CAF financia projetos nos países andinos que buscam aumentar a absorção de carbono, a mitigação e a sustentabilidade. Projetos cujos atores se alinham a um objetivo comum e mostram que os países estão comprometidos com a proteção da terra”.

Michael Morris, Economista Agrícola principal e Gerente Interino da prática mundial de agricultura e alimentos, Banco Mundial: “Envio uma felicitação ao IICA pelo lançamento da iniciativa. Os solos representam o bem de capital mais importante para manter a segurança alimentar e cuidar da água. Investir em solos é uma maravilhosa forma de ganhar produtividade, melhorar a resiliência e reduzir as emissões. O solo é uma área crítica de trabalho que pode efetuar uma transformação vital na agricultura”.

Pedro Martel, Chefe da Divisão de Meio Ambiente, Desenvolvimento Rural e Administração de Riscos de Desastres, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID): “A ciência está adiantando a agenda de diálogo e de política. Os solos oferecem uma valiosíssima oportunidade para capturar carbono e mitigar a mudança do clima. Introduzir mudanças tecnológicas em práticas agrícolas não significa renunciar a uma agricultura produtiva e rentável. Em nossos projetos de financiamento estamos incluindo indicadores específicos em impactos sobre a saúde e a qualidade dos solos. Reconheço a liderança do IICA e da Universidade do Estado de Ohio na questão. Recebemos essa iniciativa de braços abertos e referendamos a nossa colaboração”.

Jyotsna Puri, Diretora, Divisão de Meio Ambiente, Clima, Nutrição, Gênero e Inclusão Social, Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA): “Em populações rurais, ter acesso à terra e gerar alimentos está no centro das atividades. Na América Latina há um desmatamento em grande escala na busca por ampliar a fronteira agrícola, por isso, promoveremos projetos de agrossilvicultura, plantio direto, agricultura orgânica e agroecologia, os quais têm sido incorporados na carteira de projetos de investimento do FIDA, orgulhoso de se unir ao IICA nesta comemoração e no lançamento da iniciativa”.

Natasha Santos, Vice-Presidente, Bayer AG: “Melhorar a saúde do solo é essencial para que se tenha uma agricultura sustentável. A Bayer apoia os esforços do IICA e do C-MASC por sua liderança. As Américas demonstraram estar à frente desses esforços no âmbito mundial. Rattan Lal tem comparado a saúde dos solos com uma conta bancaria: é necessário devolver parte daquilo que retiramos do solo, isso é muito importante. Na Bayer, estamos comprometidos em colaborar com agricultores e outros atores para implementar novos enfoques e alcançar a neutralidade do carbono”.

José Antonio Ysambert, Líder Negócios Sustentáveis para o Norte da América Latina, Syngenta: “Felicitar e reconhecer o IICA por liderar e levar adiante a iniciativa. Reconhecer Rattan Lal por seu trabalho em favor da ciência e da tecnologia, a fim de enfrentar um dos maiores desafios da agricultura e dos sistemas de produção de alimentos no mundo”.

José Luis Tedesco, Presidente, Associação Argentina de Produtores de Semeadura Direta (Aapresid): “Trabalhamos e estamos trabalhando com o conceito de sempre verde. O plantio direto reduz a erosão em 70%, o uso da água em 70% e 60% do uso de combustíveis fósseis. Um tapete verde por todo o ano captura carbono e aumenta a fertilidade dos solos”.

Ruth Junkin, Diretora Regional Adjunta da Catholic Relief Services: “Felicitar ao IICA e à Universidade do Estado de Ohio. Os solos são parte de nosso programa para apoiar os projetos contra a degradação sustentada”.

No contexto da iniciativa “Solos vivos das Américas” o IICA, como organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e que deve zelar pelo bem-estar das populações rurais das Américas, e o C-MASC apoiarão, juntos, a seus parceiros em temas como a formulação de políticas, práticas de gestão de terras e incentivos para transformar os sistemas agrícolas em ecossistemas que acumulem mais carbono nos solos, abrindo o caminho para a implementação de melhores métodos de gestão e desenvolvimento de políticas públicas e de regulamentações com o objetivo de recuperar a saúde e a qualidade do solo.

 

 

Mais informações:

Gerência de Comunicação Institucional do IICA.

comunicacion.institucional@iica.int

 

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