Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Mudança climática Resiliência da agricultura

Otero: “A agricultura é parte da solução no combate à mudança do clima”

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O Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, participou do lançamento das Semanas regionais do clima, promovidas pela ONU, na qual vinculou a rentabilidade dos agricultores à conservação dos recursos produtivos.

En el evento Manuel Otero, Director General del IICA destacó la resiliencia que evidenció la agricultura en el curso de la pandemia y señaló que el sector está experimentando profundas transformaciones en la promoción del desarrollo sostenible.

São José, 4 de março de 2021 (IICA). O setor agropecuário é parte da solução no combate à mudança do clima, e sua contribuição é essencial para o cumprimento do Acordo de Paris. Assim o afirmou o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, ao participar do lançamento das Semanas regionais do clima, promovidas pelas Nações Unidas.

A atividade — da qual participam representantes de governos nacionais e subnacionais, do setor privado, de instituições financeiras e da sociedade civil — visa acelerar a implementação do tratado adotado em 2015, buscando manter o aumento da temperatura mundial bem abaixo dos 2ºC em relação aos níveis pré-industriais.

Otero destacou a resiliência que a agricultura demonstrou no decorrer da pandemia e observou que o setor está experimentando profundas transformações na promoção do desenvolvimento sustentável.

“Como qualquer outra atividade da economia — disse —, o setor agrícola tem responsabilidades na emissão de gases de efeito estufa. Mas é um setor estratégico para o futuro, porque nele se conjugam aspectos de mitigação e de adaptação à mudança do clima, sem esquecer dos temas de competitividade, inclusão, resiliência e sustentabilidade. No IICA, acreditamos em uma agricultura na qual os agricultores recebam atenção prioritária, com políticas públicas de longo prazo e fortes parcerias público-privadas, que sejam empoderados e em que os territórios rurais sejam áreas de saúde e progresso”, indicou.

O Diretor Geral do IICA informou que América Latina e o Caribe são os maiores exportadores líquidos de alimentos, com uma participação de quase 14% do mercado mundial, de modo que a atividade agrícola tem um profundo impacto socioeconômico nos territórios rurais. No entanto, o pagamento recebido pelos produtores, especialmente os agricultores familiares, tem uma participação relativa muito baixa no preço final pago pelos consumidores, e isso muitas vezes conspira contra as boas práticas agrícolas.

“A crise de rentabilidade faz que os agricultores não possam pensar na conservação dos recursos produtivos e na saúde dos solos. E isso termina gerando problemas sociais e, em muitos casos, a migração para os centros urbanos”, disse Otero, que deu como exemplo o cultivo de café: “Um estudo realizado pelo IICA e outras instituições revelou que um garçom de um bar nos Estados Unidos recebe, só em gorjetas, 22 vezes mais do que um produtor de café na América Central”.

A Mesa redonda virtual sobre a América Latina e o Caribe é organizada pelo Governo da República Dominicana e, em seu painel de abertura, contou com a palavra de Patricia Espinosa, Secretaria Executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima; Carolina Schmidt, Ministra de Meio Ambiente do Chile e Presidente da Conferência das Partes (COP) 25 sobre Mudança do Clima, realizada em 2019; Alok Sharma, Presidente designado da COP 26, a ser realizada este ano; Inger Andersen, Diretora Executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA); e Haoliang Xu, Diretor do Escritório de Apoio a Políticas e Programas do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Espinosa destacou que 2021 é um ano crucial para o futuro da humanidade. “Representa uma oportunidade sem precedentes — afirmou — para progredir na ação climática e na construção de uma saída da pandemia de Covid-19 com economias resilientes e sustentáveis. Poucas gerações tiveram essa oportunidade. Devemos passar da adoção do Acordo de Paris à sua implementação, que é a única forma de construir um futuro verde e limpo”.

Espinosa também advertiu que, nos oito meses que restam até a realização da COP 26, os países devem reduzir significativamente suas emissões de gases poluentes e traçar um roteiro claro para alcançar a neutralidade de carbono no futuro. Acrescentou que as nações industrializadas precisam cumprir a sua promessa de mobilizar 100 bilhões de dólares anuais para políticas de combate à mudança do clima.

Por sua vez, a ministra chilena Carolina Schmidt considerou que a mudança do clima é o desafio mais grave enfrentado pela humanidade neste século.

Nesse sentido, observou que, “tão importante quanto descarbonizar nossas economias, é nos adaptarmos e construir a resiliência, reduzir a vulnerabilidade frente aos eventos climáticos extremos que já estão açoitando comunidades e destruindo meios de vida no mundo todo”.

Schmidt disse que os compromissos climáticos assumidos por cada país não devem ser vistos como uma distração desnecessária frente à gravidade da crise sanitária: “Ao contrário, podem ser parte da solução, uma vez que servem para elaborar caminhos de recuperação pós-pandemia alinhados com a necessidade de reduzir emissões. A evidência científica nos mostra que o tempo para atuar se acaba, e só com um esforço conjunto estaremos à altura do desafio”.

A Secretária Executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena, que participou de um dos painéis, considerou que a adaptação deve ser a prioridade para a região, que só responde com 8,3% das emissões globais de gases de efeito estufa, mas é uma das mais afetadas pela mudança do clima.

“Precisamos tratar desse assunto com justiça climática. Os grandes emissores, como a China, a Índia e os Estados Unidos, devem fazer um esforço maior. E o que a nossa região mais precisa é de financiamento para a adaptação, que é a nossa prioridade”, disse Bárcena.

Max Puig, Vice-Presidente Executivo do Conselho Nacional para a Mudança do Clima da República Dominicana, também se referiu à questão da justiça climática. Observou, nesse sentido, que a região enfrenta fenômenos climáticos cada vez mais extremos, que são “uma ameaça para a segurança de nossos povos”, e pediu para “unificar posições em torno do estabelecimento de mecanismos sólidos e eficientes para a compensação pelas perdas ocasionadas por fenômenos atmosféricos relacionados à mudança do clima”.

As Mesas redondas virtuais por região são parte das Semanas do Clima que serão realizadas praticamente o ano todo, e configuram uma plataforma de discussão sobre as oportunidades para a ação climática e o caminho de reconstrução depois da pandemia, com vistas à Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, COP26, programada para novembro.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int

 

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