Altos funcionários de quase 30 países concordaram que a região, que é a maior produtora e exportadora global de produtos agropecuários, deve fazer ouvir sua voz na Cúpula, a qual se propõe a assentar as bases para uma transformação positiva dos sistemas alimentares.
São José, 18 de março de 2021 (IICA). Os Estados membros do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) expressaram um sólido apoio à proposta do organismo hemisférico de propiciar uma posição convergente das Américas na Cúpula sobre Sistemas Alimentares da ONU, de modo a garantir que o setor agropecuário do continente seja ouvido nesse foro global.
O apoio foi manifestado por altos funcionários que participaram de uma reunião extraordinária da Comissão Consultiva Especial de Assuntos Gerenciais (CCEAG) do IICA, na qual concordaram que a região, que é a maior produtora e exportadora global de produtos agropecuários, deve fazer ouvir sua voz na Cúpula, a qual visa assentar as bases para uma transformação positiva na forma de concepção, produção e consumo de alimentos.
“O IICA tem uma história a ser compartilhada na Cúpula, sobretudo a combinação de formas de atuar, de ciência e de tecnologia para cumprir as metas de sustentabilidade. Nos próximos anos, os nossos produtores terão que alimentar uma população crescente, e concordamos que um setor agropecuário próspero é parte da solução, e não do problema”, disse, na reunião, o Oficial Sênior de Assuntos Multilaterais do Ministério da Agricultura e Alimentação do Canadá, Aleksandar Jotanovic — dirigindo-se ao Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.
O debate focou na necessidade de um olhar positivo quanto ao papel da atividade agropecuária no processo de enfrentamento e mitigação da mudança do clima e seu papel estratégico na economia de muitos dos países da região, não só como fonte de exportações, mas também — e fundamentalmente — como gerador de empregos e para a inclusão social e a redução da pobreza.
Além disso, o papel estratégico das Américas no processo de transformação dos sistemas agroalimentares foi ressaltado, dado que a região é avalista da segurança alimentar global e a mais bem dotada em termos de novos recursos de qualidade que podem ser incorporados à produção, como terras e águas.
“Felicitamos o IICA pelo trabalho que estão realizando para convergir a participação da região para a Cúpula sobre Sistemas Alimentares. Precisamos de um volume político que nos leve precisamente a essa Cúpula com um posicionamento forte, e que a nossa voz seja realmente ouvida”, assinalou Ariel Martínez, Subsecretário de Coordenação Política do Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina.
A CCEAG tem como função principal facilitar um intercâmbio regular entre o Diretor Geral do IICA e os Estados membros em assuntos administrativos, financeiros e estratégicos a serem tratados pelos órgãos de governo do organismo hemisférico. Ela é composta por seis países membros em caráter permanente (Argentina, Brasil, Canadá, Estados Unidos, México e Venezuela) e três Estados participam de forma rotativa, esse ano contando com a presença da Colômbia, de Costa Rica e de Saint Kitts e Nevis.
Flávio Bettarello, Secretário Adjunto da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, considerou “muito importante que se saiba que a agricultura não é a causa do problema, mas parte da solução, de modo que precisamos muito do apoio do IICA para a articulação hemisférica, de modo a levar as vozes das Américas (…) principalmente à Cúpula sobre Sistemas Alimentares”.
O funcionário também expressou apoio a Otero “por estar à frente desse mandato, que é muito importante, (já que) precisamos nos coordenar muito bem para que a voz das Américas chegue à Nova York no mês de setembro”.
Por convite de Agnes Kalibata, Enviada Especial do Secretário Geral da ONU para a Cúpula de Sistemas Alimentares de 2021, o Diretor Geral do IICA foi integrado à Rede de Campeões de Cúpulas, uma das quatro principais estruturas de apoio ao encontro.
Nessa qualidade, Otero reafirmou a importância de assegurar que o processo consultivo para a realização da Cúpula reflita com precisão as necessidades prioritárias dos 34 Estados membros do IICA nas Américas, para o que o organismo hemisférico vem promovendo a realização de foros que envolvem discussões conceituais e políticas que contribuem para o encontro, sob a perspectiva da agricultura da região.
“Do nosso ponto de vista, a Cúpula sobre os Sistemas Alimentares deveria se chamar Cúpula sobre os Sistemas Agroalimentares, para enfatizar que não podemos pensar em alimentos se não pensamos no setor agrícola”, disse Otero. “Estamos diante de uma grande ocasião para discutir a transformação dos sistemas agroalimentares, pensando sempre no progresso de nossas zonas rurais e em como podem ser construídas pontes com os nossos centros urbanos”, acrescentou.
A instância fundamental para a convergência e a harmonização das posições dos 34 Estados membros do IICA antes da Cúpula será a reunião da Junta Interamericana de Agricultura (JIA), em 1 e 2 de setembro, que reunirá os Ministros e Secretários de Agricultura das Américas.
“Consideramos que a agricultura deve de ter um lugar mais proeminente e preponderante na Cúpula, uma vez que é a base dos sistemas alimentares. Embora reconheçamos a importância dos demais temas (…), a questão agrícola é da maior relevância e prioridade, uma vez que devemos adotar medidas para impulsionar nossos produtores, sobretudo os mais pobres. Por isso, respaldamos a iniciativa do Diretor Geral do IICA para que o IICA leve à Cúpula os posicionamentos da agricultura dos países do hemisfério de acordo com seu papel estratégico nos sistemas alimentares. O IICA tem toda a capacidade (…), e o México está de acordo com isso”, disse, por sua vez, María de Lourdes Cruz Trinidad, Coordenadora Geral de Assuntos Internacionais da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural (SADER) do México.
Do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, Joe Hain, Diretor de Assuntos Multilaterais, expressou sua satisfação pela participação do IICA na Rede de Campeões de Cúpulas e indicou que essa participação “proporciona ao IICA uma boa oportunidade de expressar a nossa posição e as nossas opiniões na Cúpula”.
E acrescentou: “O processo da Cúpula deve enfatizar as políticas baseadas na ciência e tomar decisões para melhorar a sustentabilidade social, econômica e ambiental. Se combinamos a JIA com uma forte posição da região, poderemos falar de forma unificada por todo o nosso continente”.
A reunião da CCEAG contou também com a participação de altos funcionários de outros 18 países membros do IICA: Bahamas, Bolívia, Belize, Chile, Dominica, Granada, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, Nicarágua, Paraguai, Peru, São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia, Suriname, Trinidad e Tobago e Uruguai.
A representante do Paraguai, Paula Durrutty, Coordenadora Executiva do Sistema Integrado para o Desenvolvimento Rural e Agropecuário (SIGET) do Ministério da Agricultura e Pecuária, ressaltou que, enquanto “queremos diferenciar os nossos modelos produtivos dos demais países, destacando a nossa pecuária neutra em carbono (…), queremos apontar essa diferenciação de nossos modelos e sistemas produtivos preservados e que temos boas práticas agropecuárias, rotação de culturas e outros sistemas de medição que devem ser mostrados estrategicamente e diferenciados”.
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