Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agricultura

Agricultor chileno promotor de uma agricultura inclusiva e integradora, Alfredo Carrasco, receberá o prêmio “Líderes da Ruralidade” do IICA

Tiempo de lectura: 3 mins.

Um grave acidente que sofreu em 2017 o obrigou muito jovem a ter que se reinventar. Hoje, aos 25 anos, percorre um novo caminho de vida com o seu projeto inclusivo FarmHability, que promove uma agricultura sustentável e integradora.

Alfredo Carrasco trazó un nuevo camino de vida a través de su proyecto inclusivo FarmHability, que promueve una agricultura sustentable e integradora, creando oportunidades de aprendizaje y produciendo alimentos sanos para su comunidad.

São José, 8 de junho de 2021 (IICA). O produtor de hortaliças Alfredo Carrasco, inspirador e cabeça do projeto inclusivo FarmHability, que promove uma agricultura sustentável e integradora, receberá o prêmio “A Alma da Ruralidade”, que o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) concede a Líderes da Ruralidade das Américas.

O prêmio é parte de uma iniciativa do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural para prestar reconhecimento a homens e mulheres que deixam rastro e fazem a diferença no campo da América Latina e do Caribe.

Além de receber como reconhecimento o prêmio “A Alma da Ruralidade”, os Líderes da Ruralidade destacados pelo IICA serão convidados a participar de diversas instâncias assessoras do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural.

“Trata-se de um reconhecimento para os que cumprem o duplo e insubstituível papel: o de avalistas da segurança alimentar e nutricional e o de guardiões da biodiversidade do planeta por sua atuação na produção em qualquer circunstância. O reconhecimento, além disso, tem a função de promover exemplos positivos para as zonas rurais da região”, disse o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.

Com essa iniciativa, o IICA trabalha para que o reconhecimento facilite vinculações com organismos oficiais, da sociedade civil e do setor privado, para a obtenção de apoio para as suas causas.

“Falamos de pessoas cuja pegada está presente em cada alimento que consumimos onde quer que estejamos, em cada lote de terra produtiva e nas comunidades em que elas e as suas famílias vivem. São homens e mulheres que deixam rastro e são a alma da ruralidade porque produzem, plantam, colhem, criam, inovam, ensinam e unem”, afirmou o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, ao lançar a iniciativa.

“São pessoas que encarnam lideranças silenciosos que é preciso visibilizar e reconhecer. São, sobretudo, exemplos de vida. Porque transformam, superam adversidades e inspiram”, acrescentou.

O IICA trabalha com as suas 34 Representações nas Américas na escolha dos primeiros #Líderesdelaruralidad.

Os resultados da primeira etapa da iniciativa serão apresentados ao Comitê Executivo do IICA, uma das instâncias de governo do Instituto.

Alfredo Carrasco: Avançando para uma agricultura mais sustentável e inclusiva

Quinta de Tilcoco, Chile (IICA). Um grave acidente que sofreu em 2017 o obrigou muito jovem a ter que se reinventar.

Alfredo Carrasco, hoje com 25 anos, percorre um novo caminho de vida com o seu projeto inclusivo FarmHability, que promove uma agricultura sustentável e integradora, criando oportunidades de aprendizado e produzindo alimentos saudáveis para a sua comunidade.

Alfredo Carrasco herdou do pai a paixão pela agricultura e pela natureza. Com ele, desde pequeno, cultivou hortaliças na granja familiar. Mas o mundo desse jovem chileno pareceu desabar quatro anos atrás, quando um acidente o deixou paraplégico enquanto praticava ciclismo de montanha.

Longe de entregar os pontos, após dois anos de trabalhosa reabilitação, soube encontrar a forma de continuar trabalhando a terra para produzir alimentos: desenhou uma estufa em que pode se deslocar sem problemas na sua cadeira de rodas e com a qual ajuda na reabilitação e na inserção trabalhista de pessoas com deficiência.

“Em toda a minha vida, estive ligado ao campo, pois o meu pai é agricultor. Embora desde os 17 anos pensasse para qual carreira estudar, sempre trabalhei a terra. Quando sofri o acidente, comecei a busca por um projeto para voltar à atividade agrícola, uma vez que o trabalho em escritório nunca esteve nos meus planos. Foi então que surgiu a ideia de fazer uma estufa”, contou Carrasco.

“Junto”, acrescentou, “surgiu a possibilidade de compartilhar esse lugar com outros, para realizar capacitações e, ao mesmo tempo, disponibilizar um local de diversão para mais pessoas”.

Alfredo vive na região de O’Higgins, localizada há pouco mais de 100 quilômetros ao sul de Santiago do Chile. A ideia de criar oportunidades para a população da área com diferentes graus de incapacidades – cerca de 40 mil pessoas – e reuni-las na atividade agrícola o levaram a ampliar horizontes.

“Trata-se de pessoas em idade de trabalhar, mas que em sua maioria não trabalha porque não existem as condições adequadas para que o façam. Diante dessa realidade e considerando o tremendo potencial agrícola da zona, pensei que devia fazer algo para unir esses mundos que pareciam tão distantes. Assim nasceu a FarmHability”, contou.

O projeto consiste no desenho e na implantação de espaços agrícolas produtivos em que pessoa com capacidades diferentes possam se desenvolver e adquirir ferramentas para trabalhar em diferentes atividades agrícolas.

A FarmHability tem uma estufa de 250 metros quadrados, com canteiros adaptados para que qualquer pessoa possa neles trabalhar e um conjunto de corredores que permitem a mobilidade necessária para se ter acesso à terra, às ferramentas e às áreas de colheita e embalagem.

A iniciativa é apoiada pela Fundação para a Inovação Agrária (FIA), subordinada ao Ministério da Agricultura do Chile.

Álvaro Eyzaguirre, Diretor Executivo da FIA, observou que, para a entidade que dirige, “a inclusão é entregar ferramentas concretas a todos os que tornam possível a chegada da alimentação aos lares do Chile e do mundo. Sentimo-nos gratificados pelo fato de jovens com deficiência se atreverem a cruzar o caminho da inovação, que não é fácil, e sabemos que, como sociedade, estamos em dívida com eles”.

Antes do início da pandemia, o projeto tinha recebido 20 pessoas da região, que viveram a experiência de cultivar e colher alimentos em um sistema adaptado às suas condições de deficiência. Atualmente, a FarmHability está elaborando um conjunto de seminários para receber mais pessoas de todo o Chile, e para isso melhorou a sua infraestrutura, adaptando salas e banheiros para esse sistema inclusivo.

Para Alfredo é um orgulho ajudar esse segmento da população. “Estamos integrando essas pessoas. Convidamos a que venham nos conhecer para que saibam que é possível cultivar e fazer coisas novas que impactam positivamente na vida de outras pessoas”.

Por ora, o projeto está centrado na produção de hortaliças. “Em campo aberto”, explica Alfredo, “temos um sistema por gotejamento com base em cintas e estamos trabalhando com entre 3.200 e 3.500 plantas por ciclo, que dura duas semanas. Em estufa, estamos trabalhando com cinco canteiros de 600 plantas cada”.

Trata-se, portanto, de um sistema de produção sustentável, que promove grande economia no consumo de água, como o seu criador explica: “O sistema hidropônico faz a água recircular o tempo todo, de forma que só perdemos a água evaporada das plantas. É isso que é fantástico nesse sistema de cultivo: estamos usando cerca de 80% menos água do que a consumida em um cultivo de campo aberto”.

A FarmHability é o trabalho árduo de uma equipe que conta com o apoio permanente dos pais de Alfredo e dos profissionais da FIA, que o assessoram em temas de inovação e colaboram para comercializar, desenvolver parcerias e levar alimentos saudáveis à comunidade local.

A atividade de Alfredo não para. Quando não está no campo verificando se tudo funciona normalmente, está entregando alfaces hidropônicas em uma camionete que adaptou às suas necessidades. Na parte da tarde, submete-se a uma rotina de exercícios para continuar a sua reabilitação.

“A agricultura é essencial. O desequilíbrio de hoje em dia parte do fato de as famílias terem deixado de cultivar os seus próprios alimentos, pois é aí que começa a desconexão com a terra. É muito importante que as pessoas sejam tomadas de novo carinho pela natureza. Podem começar cultivando alfaces nas suas casas para autoconsumo. Isso é o que eu acho que se deve buscar em definitivo”, observou.

Alfredo também faz um apelo aos jovens e aos agricultores a que se associem para buscar ajuda no cooperativismo, formando parcerias para demonstrar que nada é impossível. “Com garra, esforço e um pouco de dedicação”, concluiu, “se podem alcançar coisas impensadas, como uma pessoa cultivar a terra em cadeira de rodas”.

 

Mais informações:

Gerência de Comunicação Institucional do IICA.

comunicacion.institucional@iica.int

 

 

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