Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agricultura Mudança climática

Setor agrícola deve ter voz protagônica na COP-27, afirmou a ganhadora do Prêmio Mundial da Alimentação 2022

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Climatologista, cientista e pesquisadora dos Estados Unidos, Cynthia Rosenzweig participou de uma reunião com ministros e secretários da agricultura das Américas debatendo iniciativas de ação climática para a transformação do setor.

Cynthia Rosenzweig, ganadora del Premio Mundial de la Alimentación 2022, recalcó en la cita que para avanzar con la acción climática es medular la voluntad política. Fotografía de: https://www.wfp.org/.

São José, 3 de junho de 2022 (IICA) – A voz da agricultura deve ressoar com força e ser protagonista na Conferência das Partes (COP-27) da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, programada para novembro no Egito, em razão de seu papel fundamental e potencial único para liderar as ações de enfrentamento aos desafios globais na matéria.

Foi este o teor da fala da climatologista dos Estados Unidos Cynthia Rosenzweig, ganhadora do Prêmio Mundial da Alimentação deste ano, na “Reunião das Américas sobre Mudança do Clima e Agricultura: A Caminho para a Cúpula das Américas de 2022 e para Além”, convocada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

O encontro reuniu cerca de 20 ministros e secretários da agricultura dos países das Américas com o propósito de se discutir formas de abordagem conjuntas e identificar mecanismos apropriados de ação e oportunidades para a canalização de recursos técnicos e financeiros destinados à transformação do setor agrícola no contexto da mudança do clima.

“A COP-27 deve ter um enfoque maior na agricultura”, afirmou Rosenzweig, pesquisadora sênior e chefe do grupo sobre impacto climático do Instituto Global de Estudos Espaciais da NASA.

“O mundo inteiro está falando da urgência de se tomar medidas diante da mudança do clima, e não nos sobra muito tempo para fazer isso – devemos embarcar na década da ação para o clima já”, enfatizou a principal cientista da Faculdade de Climatologia da Universidade de Colúmbia, em Nova York.

Esta agrônoma e agricultora, com mais de 40 anos de carreira profissional, afirmou aos líderes do setor agropecuário do Hemisfério que, para se alcançar avanços significativos em matéria climática, é imperativo haver vontade política, mais ainda no cenário global atual marcado pela pandemia e pelo conflito bélico no Leste Europeu.

“Com relação ao conflito que está impactando a agricultura e a segurança alimentar em todo o mundo, também precisamos de uma vontade política maior para ajudar o setor agrícola. Temos que trabalhar juntos para transformar o setor, para responder aos desafios da mudança do clima, garantir os meios de vida dos agricultores e a segurança alimentar”, complementou Rosenzweig, que criou em 2010 o Projeto de Intercomparação e Melhoria de Modelos Agrícolas (AgMIP, em inglês), uma rede mundial de pesquisadores que, com o uso de modelos climáticos e sistemas alimentares, trabalha para melhorar o prognóstico do futuro dos sistemas agrícolas e alimentares.

Diante dos ministros, Rosenzweig reconheceu que o setor agrícola da região, que chamou de inovador, vem somando avanços cruciais em resposta aos desafios climáticos, como as estratégias de adaptação do agro, entre as quais citou a conservação e a gestão do solo e da água, a diversificação de cultivos, a agricultura climaticamente inteligente, os sistemas de alerta antecipado, o rodízio crescente dos plantios para evitar o aquecimento do hábitat e as pragas e a melhoria da gestão dos pastos e do gado.

“As estratégias de adaptação estão aumentando, e é disso que se necessita, mas precisamos fazer mais ainda”, reforçou a ganhadora do Prêmio Mundial da Alimentação 2022, deixando claro que o setor agropecuário necessita de apoio maior aos seus esforços.

“Necessitamos claramente de entendimento técnico, terreno em que o IICA é definitivamente líder; é essencial que se melhore a governança e surjam novas estratégias para se enfrentar a mudança do clima. Existem barreiras, e neste momento não podemos superá-las, pois faltam programas educativos para os agricultores e conhecimento adequado para a adaptação, e sobran limitações financeiras que são parte fundamental da questão”, discorreu Rosenzweig, respaldando seus argumentos no último relatório do Grupo Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC, sigla do inglês), organização intergovernamental das Nações Unidas.

Na reunião, a cientista norte-americana abordou também os impactos atuais e os previstos em matéria de alimentação e agricultura resultantes da mudança do clima, bem como a vulnerabilidade das Américas e dos sistemas agroalimentares quando se somam a inação climática e o aquecimento global.

“Teremos mudanças climáticas muito mais extremas, e a segurança alimentar será cada vez mais afetada. Existem impactos atuais e projetados significativos em muitas regiões: as precipitações e as temperaturas extremas se intensificarão; e haverá redução no fornecimento ou no suprimento de água com repercussão na produção agrícola e na pesca tradicional, o que impactará a segurança alimentar e os meios de vida rurais dos agricultores, especialmente os pequenos e médios agricultores, dos pescadores e dos povos indígenas”, concluiu a especialista.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int

 

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