Lorena Valdez, do Equador, e Haydée Anccasi, do Peru, narraram suas experiências em uma mesa redonda organizada pelo IICA, AECID e EFE para comemorar o Dia Internacional das Mulheres Rurais.
Madrid, 18 de outubro 2022 (IICA) — Nas vésperas do Dia Internacional das Mulheres Rurais, comemorada em 15 de outubro, o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID) e a Agência EFE organizaram uma mesa redonda virtual para dar voz a líderes e mulheres relacionadas ao meio rural das Américas, cujo conjunto é de cerca de 58 milhões de pessoas e são responsáveis por produzir 51% dos alimentos consumidos na região.
O colóquio, intitulado “Mulheres Rurais na América, custódia da segurança alimentar e do desenvolvimento rural”, contou com a participação de Lorena Valdez, empreendedora rural de cacau de Esmeraldas, Equador, e Presidente da Associação de Mulheres Afro-equatorianas Timbiré no Futuro; e a peruana Haydée Anccasi, camponesa andina, fundadora da marca Farinka Organics, que cultiva, industrializa e comercializa a maca, planta milenar originária do Peru e considerada um “superalimento”. Ambas foram reconhecidas pelo IICA este ano como Líderes da Ruralidade.
Além disso, entre outras pessoas, também participaram: a mexicana Annabella Moreno Alvarado, fundadora da Rede de 100 Mulheres Maias Falantes do Sul do Estado de Yucatán; Charo Gasca, Diretora da EFE Internacional, tendo atuado como moderadora; Antón Leis, Diretor da AECID; Soraya Villarroya, Coordenadora do Escritório Permanente do IICA na Europa; e Manuel Otero, Diretor Geral do Instituto.
Cada líder rural contou os avanços e desafios dos projetos que lideram e como eles beneficiam e impactam a vida de outras mulheres de suas comunidades.
“Somos uma organização de 27 mulheres produtoras de cacau, todas da zona rural e todas afrodescendentes, que, com muito trabalho, temos conseguido nos sustentar como coletivo já há 15 anos. Para nós, é um privilégio fazer parte da ruralidade, somos o coração da economia, da segurança alimentar, as que sempre teremos alimentos servidos em nossas mesas”, indicou Lorena Valdez.
“Sem dúvida, a agricultura sustentável é a resposta aos tempos de crise que estamos vivendo, e as mulheres da ruralidade são parte fundamental do desenvolvimento dos países e de toda a América Latina”, acrescentou Valdez, que em 2020 foi beneficiária de um projeto de cooperação técnica do IICA em seu país.
No Peru, Haydée Ancassi disse: “As mães e agricultoras, quando plantamos e colhemos, procuramos cuidar e agradecer à Mãe Terra: estamos, desde às 5 da madrugada, em nossos campos, a 4.500 metros de altura, plantando a maca por 9 meses. Depois, a passamos para o campo de secagem, onde a expomos ao sol e ao vento para que reúna seus nutrientes. Finalmente, a transformamos, e graças à Farinka podemos distribuí-la”.
Ancassi fez um apelo pela conservação do planeta: “Cuidamos da Pachamama, do meio ambiente, para alimentar nossas famílias e o mundo”.
Annabella Moreno, do México, comentou sobre os obstáculos que devem ser superados para aumentar a inclusão das mulheres rurais. “O maior limitante é a parte financeira, por isso é tão importante que as políticas públicas possam sanar esses hiatos e que as mulheres, entre outras coisas, possam ter acesso ao financiamento. A educação também é essencial para o desenvolvimento das zonas rurais, que elas possam ter acesso a capacitações e bolsas de estudo que permitam alcançar seus objetivos”, expressou.
Manuel Otero foi enfático ao indicar que “contra a insegurança alimentar, só existe um antídoto: a agricultura sustentável e o desenvolvimento rural — e esse antídoto é composto, entre outros elementos, pela liderança, capacidades e potencialidades das mulheres rurais”.
Por sua vez, o Diretor da AECID comentou que “apenas empoderando essas mulheres, reduziremos o hiato de gênero, combateremos a insegurança alimentar e resolveremos os problemas de desigualdade e exclusão. A fome não é um problema técnico, mas um problema político”, assegurou.
Lourdes Ortiz, especialista em Inclusão e Desenvolvimento Rural do IICA na Guatemala, também participou da mesa redonda e explicou que, para aumentar a visibilidade da contribuição das mulheres à segurança alimentar e nutricional e o desenvolvimento sustentável do planeta, é necessário promover a associatividade local para dinamizar processos e dar-lhes sustentabilidade; além de criar parcerias e redes, com o objetivo de influenciar em políticas públicas.
Confira essa mesa redonda AQUI:
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