O projeto tem como objetivo apoiar os países produtores de cacau da América Latina e do Caribe (ALC) a atender ao Regulamento Europeu de 2019, e a outros que se seguirão, que fixou níveis máximos para o cádmio em produtos de cacau e chocolate.
São José, 8 de novembro de 2022 (IICA). O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e a Organização Internacional do Cacau (ICCO) lançaram o projeto Aprimorando a capacitação e o compartilhamento de conhecimento para apoiar a gestão dos níveis de cádmio no cacau na América Latina e no Caribe para exportação para a Região Europeia.
O projeto tem como objetivo apoiar os países produtores de cacau da América Latina e do Caribe (ALC) a atender ao Regulamento Europeu de 2019, e a outros que se seguirão, que fixou níveis máximos para o cádmio em produtos de cacau e chocolate.
A iniciativa está sendo implementada pelo IICA em colaboração com a Organização Internacional do Cacau (ICCO), ao lado de entidades implementadoras nos países beneficiários: a Corporação Colombiana de Pesquisa Agropecuária (AGROSAVIA), o Ministério de Desenvolvimento Agrário e Rega (MIDAGRI) do Peru, o Centro de Pesquisa em Cacau em Trinidad e Tobago e o governo do Equador.
A formação geológica dos solos na ALC resultou em depósitos naturais de cádmio e outros metais pesados em toda a região. Isso é potencialmente problemático, pois metais pesados em alimentos podem ter efeitos adversos para a saúde humana.
A região da ALC fornece quase um quinto do cacau do mundo e mais de 80% do cacau de sabor fino e orgânico. O cacau é produzido por mais de 400 mil famílias de agricultores que trabalham na lavoura cacaueira em 25 países da ALC e é uma das principais fontes de emprego rural nos países produtores. A regulamentação do cádmio poderia comprometer o acesso da região a mercados lucrativos de cacau e chocolate e, assim, ameaçar os meios de subsistência dos produtores e de outras partes interessadas da cadeia de valor do cacau na região. Atualmente, a rejeição de embarques de grãos de cacau devido aos níveis de cádmio da ALC é a mais alta do mundo.
O projeto, que é financiado pelo Centro de Normas e Desenvolvimento Comercial (STDF) e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento (EDF), está sendo implementado em Colômbia, Equador, Peru e Trinidad e Tobago, e terá aplicação em outros países produtores de cacau da região. O projeto implementará ações para que esses países minimizem o acúmulo de cádmio na cadeia de valor do cacau.
Com referência aos quatro países beneficiários, a Diretora Executiva da Organização Internacional do Cacau (ICCO), Michele Arrion, comentou, na cerimônia de abertura, que eles “estão no marco zero das questões do cádmio e no coração da produção cacaueira de sabor fino. Eles devem ser apoiados para garantir que o melhor cacau do mundo não seja impactado negativamente por essa regulamentação em termos de comércio e acesso ao mercado”.
O projeto, como explica Elizabeth Johnson, representante do IICA na Jamaica que coordena o projeto, “é realmente para nos ajudar a cumprir as regulamentações da UE quanto aos níveis de cádmio em produtos de chocolate e cacau”.
Além disso, disse ela, “queremos obter alguns protocolos de referência para testes de cádmio e para reduzir os níveis de cádmio que podem ser adotados em toda a região como solução para nos ajudar a cumprir essas regulamentações e manter o acesso ao mercado”.
O lançamento foi realizado virtualmente para facilitar a participação dos interessados da cadeia de valor do cacau dos países beneficiários e de outros países produtores da região, e de organizações parceiras sediadas no Caribe, na Europa e na África.
Cerca de 140 pessoas participaram do lançamento, representando agricultores, processadores de cacau, marcas de chocolate, universidades, ministérios governamentais, entidades de pesquisa e organizações internacionais de desenvolvimento sediadas em 17 países.
No lançamento, os patrocinadores do projeto e parceiros implementadores nos países participantes discutiram os objetivos do projeto e as ações planejadas, bem como informações compartilhadas a partir de uma análise da situação nos países implementadores do projeto em relação às suas quatro atividades principais, que são:
- Facilitar o diálogo e construir consenso entre os principais pesquisadores da ALC e as partes interessadas da cadeia de valor para o desenvolvimento de métodos e protocolos adequados para testes de cádmio no cacau e em produtos derivados do cacau, e incluir estes protocolos de consenso como marca de bancada nos planos do Setor Nacional do Cacau a fim de reduzir o cádmio na cadeia de valor do cacau na ALC;
- Desenvolver currículo e treinar equipes técnicas a partir dos países do projeto em protocolos padronizados acordados para implementação;
- Identificar as principais fontes de contaminação por cádmio nos pontos cruciais de produção de cacau definidos e fazer recomendações sobre estratégias adequadas de redução;
- Treinar capacitadores para disseminar as principais mensagens geradas no projeto como um catalisador para a ampliação de conhecimentos e intervenções a fim de reduzir o cádmio no cacau na região.
O projeto contribuirá ainda para a conscientização sobre as questões que envolvem o cádmio no cacau, promovendo uma série de webinars chamados “Conversas sobre Cádmio”. Os webinars virtuais com interpretação simultânea em inglês e espanhol serão realizados a cada dois meses a partir de 23 de novembro de 2022.
Cada webinar contará com apresentações de especialistas e discussões para compartilhar as informações mais atuais na tentativa de desmistificar a complexidade do cádmio no cacau. Também foi apresentado um logotipo do projeto que simboliza o seu objetivo de apoiar a produção do “Cacau Livre de Cádmio” na ALC.
No encerramento do evento, o Diretor Geral Adjunto do IICA, Lloyd Day, ressaltou a importância do projeto. “O mundo tem uma alta demanda por chocolate. E continuará a ter uma alta demanda por chocolate. Então, o cacau que produzimos precisa ser seguro”, comentou.
Ele acrescentou: “O trabalho que todos vocês fazem para garantir que o chocolate seja seguro e que a renda do campo seja melhorada, por meio de práticas que aproveitem todas as novas tecnologias e inovações que estão saindo das instituições de pesquisa, é, como ouvimos hoje, de vital importância”.
Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
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