Em um painel de alto nível convocado para apresentar o documento “Conectividade rural na América Latina e no Caribe: estado da situação, desafios e ações para a digitalização e o desenvolvimento sustentável”, realizado pelo IICA, juntamente com seus parceiros, o Banco Mundial, a Bayer, o CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina, a Microsoft e a Syngenta.
São José, 2 de dezembro de 2022 (IICA) — Garantir o acesso de qualidade à Internet nas zonas rurais da América Latina e do Caribe é de importância estratégica para o desenvolvimento social e econômico nos territórios onde se define a segurança alimentar e nutricional da região e de boa parte do mundo, asseguraram ministros de Agricultura e especialistas do setor público e privado.
Isso foi feito em um painel de alto nível convocado para apresentar o documento “Conectividade rural na América Latina e no Caribe: estado da situação, desafios e ações para a digitalização e o desenvolvimento sustentável”, realizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), juntamente com seus parceiros, o Banco Mundial, a Bayer, o CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina, a Microsoft e a Syngenta.
Esse novo documento, que atualiza os dados publicados pelo IICA em outubro de 2020 no documento “Conectividade rural na América Latina e no Caribe — Uma ponte para o desenvolvimento sustentável em tempos de pandemia”, revela que cerca de 72 milhões de pessoas que vivem em zonas rurais de países latino-americanos e caribenhos carecem de conectividade com padrões mínimos de qualidade.
Os participantes concordaram que a transformação digital está promovendo mundialmente uma revolução tecnológica sem precedentes, de modo que promover a conectividade e o desenvolvimento de habilidades digitais constitui uma condição indispensável e prioritária para o desenvolvimento da vida produtiva, social e comunitária no mundo rural.
Entre os participantes estiveram Indar A. Weir, Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar Nutricional de Barbados; Laura Suazo, Secretária de Estado nos Gabinetes de Agricultura e Pecuária de Honduras; e Verónica Durán, Diretora do Escritório de Programação e Política Agropecuária do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai.
Representando o setor privado, expuseram: Beatriz Eugenia Arrieta, Gerente Regional de Associações da Cadeia de Valor Alimentar da Bayer; Herbert Lewy, Gerente Geral de Agricultura Inteligente e Bioeconomia para a América Latina da Microsoft; e María Virginia Passaniti, Gerente de Soluções Digitais da Syngenta Argentina.
O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, e o Diretor Geral Adjunto, Lloyd Day, proferiram as palavras de boas-vindas, enquanto os detalhes do documento foram apresentados por seus autores: a especialista do IICA em Conectividade Rural, Sandra Ziegler; e o Coordenador do Observatório de Políticas Públicas para os Sistemas Agroalimentares (OPSAa), Joaquín Arias.
Digitalização para sair da pobreza
A secretária Suazo, Presidente do Comitê Executivo do IICA, destacou que o tema da conectividade rural é central para os países da América Latina e do Caribe.
“A sociedade precisa se transformar a partir de uma condição de vida bem trágica, que é a pobreza. Em nossos países, nós a experimentamos em diferentes graus, e estou certa de que a digitalização pode ajudar na mudança positiva que esperamos promover”, ressaltou Suazo, primeira mulher encarregada pela área de Agricultura e Pecuária de Honduras.
Suazo sustentou que, assim como a tecnologia digital tem possibilitado enormes avanços em diversos campos, também é a chave para alcançar uma agricultura inteligente na América Latina e no Caribe que permita aumentar a produtividade e a competitividade.
Seu colega, Indar Weir, manifestou forte apoio à decisão do IICA e seus parceiros para fazer um esforço para alocar esse tema na agenda pública da região. “Depois da pandemia de Covid-19, tivemos que fazer mudanças em nossas vidas. Algo que aprendemos é que, enquanto o restante da população precisou ficar em suas casas, os agricultores seguiram adiante, para garantir o suprimento de alimentos”, afirmou.
Weir acrescentou que as ferramentas digitais destacam a sua importância em uma produção de alimentos que lida com o impacto da mudança do clima, com o aumento de preços dos insumos, por causa da guerra no Leste Europeu, e com o surgimento de novas doenças.
Por sua vez, Verónica Durán destacou que o tema é de importância central para o Uruguai. “Há mais de 20 anos — afirmou — realizamos uma política de estado que permitiu estabelecer linhas de ação, e podemos dizer que a implementação da agenda digital foi bem-sucedida”.
Durán considerou que a transformação digital é uma oportunidade não só para aumentar a produtividade no setor agrário, mas também para melhorar a gestão dos recursos naturais, otimizar o uso de agroquímicos e, em suma, reduzir o impacto ambiental.
A importância do trabalho conjunto
O documento reflete a realidade da América Latina e do Caribe quanto à conectividade, disse Beatriz Arrieta. “Na Bayer, temos muitas ferramentas para os agricultores, que eles às vezes não podem usar por problemas de conectividade. Desenvolvemos um aplicativo para que o agricultor possa implementar boas práticas agrícolas e oferecer produtos mais seguros para o consumidor”, revelou.
Herbert Lewy, da Microsoft, elogiou a liderança ativa do IICA e destacou que as informações devem abrir o caminho para a ação.
“Hoje se fala da quarta revolução industrial, com eixo na transformação digital. Isso gera uma oportunidade para a agricultura da nossa região, uma vez que é possível ter acesso às informações dos solos, das temperaturas e de outros dados chave. Falar de transformação digital sem conectividade é como falar de automóveis sem rodovias”, disse.
Passaniti deu detalhes sobre as diferentes tecnologias que a Syngenta está desenvolvendo na busca por uma produção de alimentos com menor impacto ao ambiente. “Na Argentina, percorre-se 300 quilômetros desde Buenos Aires e não há mais conectividade. Essa é uma limitação muito forte para a agricultura, de modo que estamos pensando em integrar diversas soluções”.
Ziegler e Arias explicaram que o estudo aborda o período 2020-2022. Seus resultados indicam que houve uma melhoria de 12% com respeito ao documento apresentado em 2020, que indicou que 77 milhões de pessoas não tinham acesso a uma conectividade rural significativa.
Os especialistas também se referiram ao hiato de conectividade entre áreas urbanas e rurais, que continua sendo amplo. Enquanto 79% têm serviço de Internet nas cidades, no campo, apenas 43,4% têm, o que indica um hiato de 36 pontos percentuais.
Manuel Otero explicou que, em 2020, como resultado da pandemia, o IICA apostou fortemente, juntamente com outras instituições e parceiros, na implantação de uma agenda em torno da conectividade rural e da situação das mulheres e jovens diante do avanço de novas tecnologias e da necessidade de desenvolver habilidades digitais na população.
“O processo de digitalização avança a velocidades diferentes no âmbito rural. Temos recebido um apoio inestimado do Banco Mundial, do CAF, da Bayer, da Microsoft e da Syngenta para esse estudo que atualiza dados, aporta informações relevantes e coleta experiências que estão sendo realizadas na região”, acrescentou.
Otero defendeu a promoção de um acordo político para que o tema ingresse definitivamente na agenda e lembrou que, na última Cúpula do G20, em Bali, os líderes mundiais reconheceram a importância da transformação digital para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Lloyd Day ressaltou que o IICA, juntamente com países, produtores e companhias do setor alimentar, está dizendo ao mundo que a agricultura faz parte da solução aos desafios globais, mas para isso precisa de ferramentas tecnológicas.
“Observamos alguns enormes avanços em conectividade durante a pandemia. Devemos dar continuidade às políticas públicas e desenvolver planos para integrar a agricultura com a educação e ações para empoderar as mulheres e os jovens. Assumimos esses compromissos a pedido dos países”, concluiu.
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