A região conta com um estoque suficiente de biomassa, óleos vegetais, gorduras animais, açúcares, amidos, álcoois e materiais lignocelulósicos para que a agricultura da região também possa ser fornecedora de biocombustíveis para a indústria aérea, afirmou o Diretor Geral do IICA.
São José, 30 de março de 2023 (IICA). A América Latina e o Caribe são vistos como uma região chave e sua agricultura como protagonista para o desenvolvimento de combustíveis sustentáveis de aviação, concordaram mais de cem autoridades, especialistas e líderes da indústria do transporte aéreo reunidos na sede central do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), na Costa Rica.
O evento, que reúne tomadores de decisões dos setores público e privado, é a Conferência de Combustíveis e Meio ambiente da Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA), os quais também participam da Cúpula Pan-Americana de Biocombustíveis Líquidos, realizada pelo IICA.
Na conferência, o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, expressou que, juntamente com o desafio de fornecer energias limpas à indústria da aviação, a agricultura das Américas tem uma grande oportunidade para a produção de biocombustíveis sustentáveis.
“O nosso continente tem bastante óleos vegetais, gorduras animais, açúcares, amidos, álcoois e materiais lignocelulósicos; grande quantidade de biomassa que pode ser transformada em combustíveis de aviação sustentáveis”, afirmou.
“O IICA está pronto para construir pontes com a indústria da aviação regional e promover a inovação nessa área, onde a agricultura das Américas tem um grande potencial”, acrescentou Otero.
José Ricardo Botelho, Diretor Executivo e CEO da ALTA, que também participa da conferência na Costa Rica, disse que, agora mais do que nunca, a competitividade é uma tarefa premente para que a indústria da aviação seja neutra em carbono até 2050 e colabore com a mitigação e adaptação à mudança do clima.
“A agenda de mudança do clima da indústria de aviação deve ser igual à dos Governos da região, por isso a definição de políticas público-privadas nasce da integração de todos os setores envolvidos”, acrescentou Botelho, que também mencionou a necessidade de aumentar a sustentabilidade da indústria aérea mediante o uso de combustíveis sustentáveis e pela redução de custos.
A Conferência e a Cúpula Pan-Americana representam um passo inicial para avançar na construção de uma parceria nas Américas para promover o desenvolvimento de combustíveis sustentáveis para a aviação, os quais são uma alternativa valiosa para a descarbonização do meio ambiente.
“Para alcançar esse objetivo, a indústria de transporte aéreo está se comprometendo com várias medidas que vão desde desenvolver novas tecnologias e melhorar a infraestrutura e as operações, até a captura de carbono e a compensação”, manifestou o especialista internacional em biocombustíveis do IICA, Agustín Torroba.
“Os biocombustíveis são uma resposta a essas necessidades, já existem empresas que estão construindo fábricas para processá-los, bem como há outras companhias que estão comprando volumes de uma fábrica que ainda não foi construída; é assim que o mercado se move”, acrescentou.
O especialista do IICA informou que, nas Américas, a indústria pode produzir entre 115 e 120 milhões de metros cúbicos de etanol e dispõe de fábricas para produzir a matéria-prima necessária para os biocombustíveis.
Também participaram da conferência da ALTA e do IICA autoridades costarriquenhas da indústria de combustíveis, de aviação e de turismo.
Juan Manuel Quesada, Presidente Executivo da Refinadora Costarriquenha de Petróleo (RECOPE), destacou que o setor de aviação enfrentará, a médio prazo, desafios de mudança de paradigmas e diversificação da matriz energética que implicam no desenvolvimento e adoção de novas fontes de energia.
Por essa razão, considerou, torna-se imperativo que os governos e o setor privado dos países das Américas se unam para desenvolver políticas públicas que estimulem a transição energética.
Por sua vez, Fernando Naranjo, Diretor da Direção Geral de Aviação Civil (DGAC), expressou que a indústria de transporte aéreo deve buscar soluções que permitam avançar em um âmbito internacional de compensação e de redução das emissões de dióxido de carbono.
“Essa indústria é promotora de economia, conectividade, comércio e muitas outras atividades que beneficiam os países da região; por isso é necessário encontrar uma forma de mitigar e compensar as gerações futuras”, afirmou Naranjo.
Nesse sentido, Alberto López, Gerente Geral do Instituto Costarriquenho de Turismo (ICT), asseverou que a atividade turística sustentável oferecida pela Costa Rica é resultado de políticas público-privadas que são sistematicamente aplicadas há muitos anos no país.
Os participantes da Conferência de Combustíveis e Meio ambiente da ALTA analisaram temas relacionados a estruturas jurídicas do setor, produção, importação e comercialização dos combustíveis de aviação sustentáveis, aeroportos sustentáveis e mecanismos de compensação de carbono para os passageiros das companhias aéreas.
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