O estudo de conectividade rural apresentado é uma continuação e atualização do primeiro sobre esse tema, realizado em 2020, pelo IICA e seus parceiros, que levantou que 77 milhões não tinham acesso de qualidade à Internet
Santiago, 17 de abril de 2023 (IICA) — É necessário treinar habilidades digitais entre os agricultores para que o potencial das novas tecnologias possa ser mais bem aproveitado na produção de alimentos, concordaram, no Chile, altos funcionários e especialistas na apresentação do estudo “Conectividade rural na América Latina e no Caribe: estado da situação, desafios e ações para a digitalização e o desenvolvimento sustentável”, realizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), o Banco Mundial, a Bayer, o CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina, a Microsoft e a Syngenta.
O Ministro da Agricultura chileno, Esteban Valenzuela, participou do encontro, realizado na sede do ministério, em Santiago. No mesmo ato, também receberam seus diplomas como “Líderes da Ruralidade” das Américas: Paulina Carrasco, produtora de leite da Região de Los Ríos; e Bernarda Salazar, apicultora de Ñuble. Os diplomas foram entregues pelo Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, e pelo Ministro Valenzuela.
Líderes da Ruralidade é uma iniciativa do IICA que se propõe a dar visibilidade a homens e mulheres que trabalham pelo bem-estar de suas comunidades no campo do continente americano, fundamental para a segurança alimentar e nutricional e para a sustentabilidade ambiental do planeta.
Leve melhoria na conectividade rural
O estudo de conectividade rural apresentado é uma continuação e atualização do primeiro sobre esse tema, realizado em 2020, pelo IICA e seus parceiros, que levantou que 77 milhões não tinham acesso de qualidade à Internet. A atualização refletiu, nesse sentido, uma melhoria de 12% na conectividade rural na região, e no Chile se encontra no cluster mais alto, com os países de maior conectividade significativa rural.
O novo documento atualiza dados e acrescenta um mapa do estado atual da conectividade rural na América Latina e no Caribe, reconstruindo as informações para o período 2020-2022. Também compila exaustivamente as experiências que estão sendo realizadas nos últimos dois anos na região quanto à conectividade rural e ao uso das tecnologias digitais, seja mediante políticas públicas, associação do setor público e privado e cooperação internacional.
Além disso, o material formula as necessidades em termos de formação em habilidades digitais tanto da população adulta em geral, em atividade, como dos jovens e mulheres que habitam em áreas rurais.
“É um estudo muito poderoso que, no caso do Chile, mostra que temos somente metade da tarefa realizada, uma vez que 50% da população rural não tem acesso de boa qualidade à Internet”, disse o Ministro Valenzuela.
“Há um hiato em conectividade entre o setor urbano e o setor rural que devemos vencer. Estamos trabalhando nisso. Hoje o acesso à Internet é algo básico, e sua privação é limitante para os moradores rurais de diversas formas, por exemplo, na comercialização. Definitivamente a conectividade é um direito básico que devemos garantir para todos os agricultores”, acrescentou.
“Torço para que esse estudo tenha continuidade, pois nos oferece recomendações que seguiremos nessa tarefa”, concluiu o Ministro Valenzuela.
“Os estudos fazem sentido quando atuam como gatilhos para mudanças, quando geram consciência crítica ou alertam para a necessidade das modificações que devem ser feitas”, alertou, por sua vez, Manuel Otero.
“Esse trabalho de pesquisa que começamos há uns 4 anos — acrescentou — reflete que, nesse tempo, houve algumas melhorias. No entanto, as melhorias na conectividade urbana são muito mais rápidas, assim aumentando o hiato entre o campo e a cidade”.
Otero ponderou os investimentos que o Estado chileno está fazendo para tentar levar uma conectividade significativa a todos os setores da ruralidade.
O Diretor Geral do IICA também destacou que a pandemia de Covid-19 levou ao regresso dos jovens para o campo, o que sugere uma baixa da idade média dos habitantes rurais em alguns países do continente.
“Se for assim — destacou —, os jovens pressionarão para que haja mais conectividade, e isso seria uma grande notícia”.
Um hiato móvel
A especialista do IICA, Sandra Ziegler, autora do documento juntamente com Joaquín Arias, também funcionário do Instituto, afirmou: “O uso das novas tecnologias da comunicação pode oferecer muitos benefícios aos agricultores, que podem receber informações sobre o clima, insumos e novas técnicas da produção, podendo inclusive ter acesso a uma redução de custos. A telefonia móvel está associada a melhorias nas possibilidades de emprego e maiores oportunidades às mulheres rurais”.
Ziegler disse que, em 2020, 63% dos moradores rurais não tinham conectividade de boa qualidade, e que essa proporção diminuiu para 57% em 2022. Embora ressaltando que essa seja uma boa notícia, advertiu que o lado negativo é que o hiato entre o âmbito urbano e o rural continua crescendo.
“Nos dez países com informações disponíveis, há 36 pontos percentuais de diferença entre a conectividade nas cidades e no campo, quando essa diferença era de 34% em 2020”, destacou.
“Estamos diante um hiato: o hiato móvel. Quando temos um avanço, a barreira se move e se afasta, devido ao avanço tecnológico ou a obsolescência dos dispositivos”, acrescentou.
Ziegler também mencionou a importação da aquisição de habilitações digitais e revelou que uma pesquisa realizada em 7 países da América Latina ressaltou que 38% dos que não usavam a Internet não o faziam por não saber usá-la, e que 26% não conhecia a Internet diretamente.
“Temos muitos obstáculos a reverter. É necessário treinar habilidades digitais para esses tempos e trabalhar na educação. As crianças e jovens em lares rurais são importantes propulsores para as novas tecnologias. Esse documento apresenta recomendações para incentivar investimentos e estimular a associação público-privada em um tema crucial para o futuro das áreas rurais”, concluiu.
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