O Seminário Regional “O caminho da sustentabilidade na produção pecuária das Américas” foi um espaço no qual se divulgaram dados, evidências científicas e informações sobre a contribuição da pecuária. Os especialistas discutiram sobre formas de reduzir o impacto ambiental e como alcançar uma produção sustentável e rentável.
Buenos Aires, 20 de abril de 2023 (IICA)- O setor pecuarista das Américas deve estar presente em todas as negociações ambientais internacionais para mostrar os avanços realizados em prol de uma maior sustentabilidade, que hoje o têm posicionado como parte da solução à crise climática.
Isso foi afirmado por especialistas da região reunidos em Buenos Aires, no Seminário Regional “O caminho da sustentabilidade na produção pecuária das Américas”. Foi um debate organizado pela Federação de Associações Rurais do Mercosul (FARM) e a Federação Pan-Americana de Laticínios (FEPALE), junto ao Conselho de Exportadores de Laticínios dos Estados Unidos (USDEC) e a Federação de Produtores de Leite dos Estados Unidos (NMPF). A atividade ocorreu no auditório da Sociedade Rural Argentina (SRA) e contou com a participação do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Foi um espaço onde foram divulgados dados, evidências científicas e informações sobre a contribuição da pecuária. Em diversos painéis, especialistas discutiram sobre formas de reduzir o impacto ambiental e como alcançar uma produção sustentável e rentável. Além disso, demonstraram como o setor pecuarista e o comércio de produtos pecuários contribuem para a construção de sistemas agroalimentares sustentáveis e à segurança alimentar.
O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, compartilhou um painel sobre os desafios, para a América Latina e a pecuária global, antes da próxima Conferência das Nações Unidas (COP28) que acontecerá no final do ano em Dubai. Os outros oradores foram Jaime Castañeda, Vice-Presidente Executivo do Conselho de Exportadores de Laticínios dos Estados Unidos (USDEC); Eduardo Schwerter, Presidente da FEPALE; e Nick Gardner, Vice-Presidente Sênior para Sustentabilidade e Assuntos Multilaterais do USDEC.
Castañeda enfatizou a necessidade de fortalecer a imagem do setor pecuarista como parte da solução à crise climática global e ressaltou o papel fundamental que ele desempenha no âmbito econômico e social, em particular, o setor leiteiro nos Estados Unidos e em todo o continente americano.
Nos Estados Unidos, de acordo com dados do USDEC, existem 30.000 fazendas leiteiras, e 94% delas são empreendimentos familiares, o que dá uma indicação da importância da esfera social da atividade.
Castañeda ressaltou que a pecuária é vulnerável à mudança do clima e que a narrativa que a apresenta como uma das causas da crise ambiental deve ser enfrentada com dados da realidade baseados em ciência e em pesquisa. Neste sentido, o setor leiteiro dos Estados Unidos lançou a “U.S. Dairy Net Zero Initiative”, com a qual se propõe acelerar as ações para o cumprimento dos objetivos ambientais globais até 2050, mediante o uso de novas tecnologias e de um maior investimento em pesquisa.
O representante da indústria láctea dos Estados Unidos também afirmou que a proteína animal é cada vez mais demandada pelas sociedades preocupadas com a segurança alimentar e nutricional, apesar de uma narrativa que tenta apresentar a pecuária como um dos responsáveis pela mudança do clima.
“Devemos promover sistemas agroalimentares mais sustentáveis, mas impulsionados pela ciência e evidências empíricas, evitando abordagens ideológicas ou filosóficas. Temos recebido ataques muito frontais, e por isso às vezes nos colocamos na defensiva. O setor pecuarista, o leiteiro em particular, faz uma contribuição fundamental não só em alimentos, mas também é um grande dinamizador da economia”, disse Eduardo Schwerter, que preside a FEPALE em nome da Federação de Nacional de Produtores de Leite do Chile (FEDELECHE).
Schwerter explicou que as cadeias leiteiras da região contribuem com o desenvolvimento econômico dos territórios e o progresso das populações rurais; têm um especial cuidado com o meio ambiente e a sustentabilidade; geram empregos de qualidade e fornecem produtos com um valor nutricional único e indispensável para os seres humanos.
O líder empresário chileno também explicou que a pecuária desempenha um papel importante na nova economia circular, uma vez que as vacas são recicladoras de pasto, talos de milho, palha de trigo e outros subprodutos, compostos em grande parte de celulose e lignina não utilizáveis pelos humanos e as transforma em alimentos de alto valor biológico.
A necessidade de união
Gardner repassou em exame a atualidade da indústria láctea dos Estados Unidos e deu detalhes como está trabalhando para alcançar uma maior sustentabilidade.
“Estamos muito comprometidos com a sustentabilidade — disse Gardner — e por isso assumimos três compromissos para 2050: alcançar a neutralidade em emissões de gases de efeito estufa; otimizar o uso da água, pela reciclagem; e melhorar a qualidade da água, mediante a gestão de resíduos”.
Gardner fez um apelo aos pecuaristas do continente para que trabalhem em conjunto frente às negociações ambientais: “Muitas instituições dizem que a pecuária é o problema. E precisamos enfrentar essa narrativa. É provável que não se queira falar em energia na COP28, e que se tente focar na produção de alimentos, porque temos adversários bem organizados e com recursos. Por isso devemos ficar juntos”.
Manuel Otero ressaltou que a pecuária responde por metade do PIB agrícola da América Latina e do Caribe, e que gera divisas de 23 bilhões de dólares, com a carne bovina, e cerca de 3 bilhões com produtos lácteos.
“Na região, a pecuária realizou importantes avanços para a transformação de sistemas pecuários sustentáveis, com estratégias para reduzir os impactos na água, solo e emissões, inclusive com o desenvolvimento tecnológico e a adoção de boas práticas. Devemos demonstrar isso perante os diferentes foros internacionais”, destacou.
Otero considerou que a agricultura não pode continuar ausente das negociações ambientais. Nesse sentido, contou as atividades realizadas na COP27, no Egito, no Pavilhão da Agricultura Sustentável das Américas, instalado pelo IICA e que se será novamente implementado na COP28.
“No IICA — concluiu —, enfatizamos que a agricultura faz parte da solução, não parte do problema. Alguns setores tentaram colocar o setor agropecuário, em geral, e a pecuária, em particular, como os vilões do filme. Não aceitamos isso e estamos na batalha. Estamos no caminho certo, e é questão de persistir no esforço”.
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