A admissão ocorreu em uma sessão pública extraordinária chefiada pelo Presidente da Academia, Jorge Errecalde, na sede da instituição, na cidade de Buenos Aires, onde, em seguida, Otero ofereceu uma conferência com o tema “Desafios dos sistemas agroalimentares no Século XXI”. O Diretor Geral do IICA será acadêmico correspondente na Costa Rica, onde está a Sede Central do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural.
Buenos Aires, 24 de abril de 2023 (IICA) — O Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, ingressou na Academia Nacional de Agronomia e Veterinária da Argentina por sua visão sobre a política agropecuária continental.
A admissão ocorreu em uma sessão pública extraordinária chefiada pelo Presidente da Academia, Jorge Errecalde, na sede da instituição, na cidade de Buenos Aires, onde, em seguida, Otero ofereceu uma conferência com o tema “Desafios dos sistemas agroalimentares no Século XXI”. O Diretor Geral do IICA será acadêmico correspondente na Costa Rica, onde está a Sede Central do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural.
O novo membro da Academia foi apresentado pelo ex-Secretário de Agricultura e Pecuária da Argentina, Lucio Reca, e pelo médico veterinário Carlos José Van Gelderen, ambos com uma extensa trajetória de contribuições em matérias de políticas públicas e construção de institucionalidade agropecuária.
As Academias Nacionais se dedicam a proteger, promover e facilitar o desenvolvimento das ciências e das artes. A Academia Nacional de Agronomia e Veterinária da Argentina tem mais de 100 anos de história: foi criada pelo Conselho Superior da Universidade de Buenos Aires (UBA) por uma resolução de 16 de outubro de 1909. Seus membros exercem atividades intelectuais vinculadas a suas respectivas especialidades científicas e com relação aos problemas de interesse para a comunidade nacional e internacional.
“O nosso país enfrenta, uma vez mais, uma crise política, econômica e social. As Academias devem atuar como faróis em suas áreas de competência para oferecer propostas de soluções criativas em áreas críticas”, disse Errecalde, ao anunciar o ingresso de Otero, sobre quem disse que “vem para contribuir para a Academia uma ampla visão do problema agropecuário americano, fundamental para continuar integrando o nosso país no contexto internacional”.
Van Gelderen fez um reexame da carreira profissional de Otero, que é médico veterinário pela Universidade de Buenos Aires (UBA) e mestre em Produção Animal pelo Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino (CATIE) e em Desenvolvimento Rural, pela Universidade de Londres. Foi Adido Agrícola da Embaixada Argentina nos Estados Unidos, Vice-Presidente do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) e eleito Diretor Geral do IICA em 2017, para o período 2018-2022, sendo reeleito em 2021, para o período 2022-2026.
Van Gelderen resgatou especialmente o trabalho de Otero à frente do IICA, na mobilização e busca por consensos entre os países das Américas, diante de grandes foros de debate internacional, como a Cúpula de Sistemas Alimentares das Nações Unidas em 2021 e a Conferência sobre Mudança do Clima (COP27) no Egito, em 2022.
Reca ressaltou que Otero se tornou uma referência na política agrícola americana. “Sempre teve o compromisso de divulgar os benefícios do livre comércio agrícola e da cooperação na área agroindustrial. E também teve a capacidade de diálogo como uma qualidade de destaque. Por isso, a sua atuação profissional não surpreende”, ressaltou.
O novo cenário global
Em sua apresentação, Otero valorizou o fato de os nomes mais respeitados da profissão terem passado pela Academia, a qual vinculou ao mais alto nível de excelência profissional.
“Depois de um longo período — afirmou — em que a agricultura e a alimentação estiveram sobretudo associadas ao debate sobre a pobreza e a busca por vias para eliminar a pobreza rural, a pandemia irrompeu, ao mesmo tempo em que se intensificou a frequência de eventos climáticos extremos e, como se tudo isso não bastasse, há 14 meses a trágica invasão da Rússia à Ucrânia foi desencadeada. Esse novo cenário evidenciou cruamente a fragilidade e a visão fragmentada de muitos componentes de nossa agricultura e da segurança alimentar. E simultaneamente colocou a agricultura novamente no topo dos temas da agenda internacional, como havia ocorrido antes, no final da Segunda Guerra Mundial”.
O Diretor Geral do IICA fez uma reavaliação das transformações que foram produzidas desde então e que mudaram o papel da agricultura na sociedade.
“A magnitude dessas transformações fica clara quando se analisa como a participação da agricultura primária no consumo de alimentos mudou entre 1950 e os nossos dias. Segundo dados dos Estados Unidos — a única série longa disponível — passou de mais de 40% para apenas 14,3% em 2019”, explicou.
Otero afirmou que assim, na esfera internacional, foi proposta a necessidade de promover uma discussão mais sistêmica sobre a alimentação, ao ponto de, em setembro de 2021, o Secretário Geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, convocou uma Cúpula Mundial sobre Sistemas Alimentares com o objetivo de acordar estratégias e políticas para a transformação e o fortalecimento diante dos desafios de um novo tempo e, particularmente, junto à necessidade de atender as demandas de uma população global que, ao que tudo indica, continuará crescendo até finais deste século.
“Os países das Américas participaram ativamente dessa Cúpula, gerando um consenso sintetizado em 16 poderosas mensagens — elaboradas e acordadas com o apoio do IICA — em que se propôs uma posição que parte de reconhecer a sustentabilidade dos nossos sistemas produtivos e o papel estratégico que os sistemas alimentares das Américas têm na saúde econômica e social de nossos países, bem como na segurança alimentar e ambiental no âmbito global”, disse o novo acadêmico.
Otero também mencionou a questão da mudança do clima, que afeta de maneira brutal a atividade agropecuária, além de traçar um panorama otimista sobre o futuro da Argentina, fazendo referência aos seus recursos naturais, em consonância com a ciência e a tecnologia.
“O setor agropecuário, em geral, e a pecuária, em particular, devem ser vistos como parte da solução, não do problema. Devemos ver o copo meio cheio e defender com racionalidade e coerência o fato de o nosso setor ser o único que pode fazer, e está fazendo, contribuições concretas em termos de mitigação, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e promovendo o sequestro de carbono de nossos solos”, afirmou.
Em seu discurso, também enfatizou o hiato nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, que prejudica a América Latina e o Caribe e reflete uma carência de perspectiva e de políticas de Estado quanto ao papel da ciência e da tecnologia. “A Academia pode fazer uma contribuição muito grande, chamando a atenção para esse tema”, afirmou.
“O cenário atual e o aproveitamento das oportunidades que ele nos oferece deve nos convocar para trabalharmos juntos — academia, setor público e setor privado, sociedade civil organizada — para reposicionar e dar uma nova dimensão aos temas de ciência e tecnologia e, assim, percorrer um caminho rumo ao pleno desenvolvimento agropecuário e rural, com a total internalização das dimensões de sustentabilidade ambiental e inclusão social”, concluiu Otero.
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