Assim foi demonstrado por diversos atores do âmbito público e privado em uma reunião de membros dos comitês diretores do programa executado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e o laureado cientista Rattan Lal, que lidera o Centro de Gestão e Sequestro de Carbono Rattan Lal (C-MASC), da Universidade do Estado de Ohio.
SÃO JOSÉ, 28 de abril de 2023 (IICA) — O programa Solos Vivos das Américas alcançou resultados concretos em 28 meses de sua implementação e está gerando uma conscientização crescente sobre a importância que a saúde dos solos tem para a segurança alimentar no continente e no âmbito global.
Assim foi demonstrado por diversos atores do âmbito público e privado em uma reunião de membros dos comitês diretores do programa executado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e o laureado cientista Rattan Lal, que lidera o Centro de Gestão e Sequestro de Carbono Rattan Lal (C-MASC), da Universidade do Estado de Ohio.
O projeto, lançado em dezembro de 2020, tem dado forma a uma robusta coalizão, que está em batalha contra a degradação de um recurso fundamental para a saúde e a vida e já tem obtido realizações concretas e palpáveis. Ele vincula ciências, políticas públicas, o setor privado e o trabalho de restauração dos solos no Hemisfério, cuja deterioração ameaça a posição da América Latina e do Caribe como avalista da segurança alimentar global.
No encontro, foram prestadas contas, apresentadas as principais realizações e traçado um roteiro para o restante de 2023.
Bayer, Syngenta e PepsiCo são importantes companhias do setor alimentar que fazem parte do programa, que está sendo executado no Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, El Salvador, México, Peru e Uruguai, com o apoio dos ministérios da Agricultura desses países.
Utilizando os melhores enfoques de gestão, o projeto vincula a cooperação técnica a governos, organismos internacionais, universidades, o setor privado e organizações da sociedade civil para ajudar a deter os processos de degradação da terra e da agricultura que esgotam a matéria orgânica dos solos, um recurso natural fundamental para a vida.
O IICA e o C-MASC promovem a iniciativa Solos Vivos das Américas levantando também, como premissas fundamentais, a necessidade de avançar para práticas de gestão de terras e incentivos para transformar os sistemas agrícolas em ecossistemas que acumulem mais carbono nos solos, para contribuir assim com a mitigação da mudança do clima.
Um problema com impacto social
O professor Lal destacou que a degradação, o desmatamento e a pastagem excessiva são fenômenos que têm deteriorado a saúde dos solos na América Latina e no Caribe, e que isso tem graves consequências sociais, uma vez que os pequenos produtores agrícolas estão entre os setores mais pobres da população.
O cientista disse que as emissões de gases de efeito estufa (GEE) pela mudança no uso do solo representam 42% das emissões totais da região e que o programa se propõe a maximizar a recuperação dos solos, fomentar a redução das emissões de carbono geradas pelo desmatamento e potencializar o sequestro de carbono na terra.
“Os solos fazem parte da solução para a segurança alimentar e ambiental, e os agricultores desempenham um papel fundamental para conservar a biodiversidade e mitigar a mudança do clima”, disse.
Lal também destacou que a seca se transformou em um grande problema que tem afetado uma zona imensa da América do Sul, desde o Amazonas até os Andes, inclusive na Patagônia, e que isso reforça a importância do projeto Solos Vivos das Américas em prol da segurança alimentar, climática e da água.
Além disso, ressaltou o valor da participação ativa do setor privado na iniciativa, o qual desempenha um papel crítico para traduzir a ciência em ação. “São atores muito importantes para transformar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em realidade. Através do setor privado, o projeto está levando adiante ações para combater a mudança do clima e fazer com que o solo seja um sumidouro de carbono”, explicou Lal.
Alessandra Fajardo, Diretora de Parcerias da Cadeia de Valor Alimentar da Bayer na América Latina, contou detalhes do programa Pro Carbono, lançado no Brasil pela companhia para favorecer o sequestro de carbono nos solos.
“Estamos trabalhando — divulgou — com 1.900 agricultores de 16 estados, os quais são assessorados em boas práticas por especialistas que eles mesmos escolhem. O primeiro benefício alcançado ao se adotar esse programa é melhoria na qualidade do solo e, em consequência, obtém-se uma maior produtividade. O agricultor então começa a ver a diferença no bolso imediatamente, além de ter a perspectiva de vender carbono no futuro”.
Javier Peris, Gerente Técnico de Agroecossistemas da Syngenta, contou que a companhia está realizando uma grande quantidade de projetos vinculados à conservação do solo. Nesse sentido, divulgou o programa Livingro, que está em vigor em seis países. Essa iniciativa incentiva os agricultores a aplicar protocolos específicos de boas práticas em diversos cultivos.
“Trata-se de práticas agrícolas sustentáveis ou positivas e, para elaborá-las e melhorá-las, colaboramos com 25 instituições de pesquisa nos países, gerando dados, pois muitas vezes o que faltam são informações”, disse Peris.
Por sua vez, o Diretor Geral Adjunto do IICA, Lloyd Day, felicitou os que executam o projeto e disse que boa parte da agricultura na América Latina está trabalhando para restaurar terras e bacias hidrográficas.
“O sistema agroalimentar não falhou, pois alimenta bilhões de pessoas em todo o mundo diariamente. Trabalhando com companhias e universidades, podemos melhorá-lo para reduzir o impacto no planeta e combater a crise climática”, afirmou.
Objetivos alcançados
Manuel Otero destacou que o programa Solos Vivos das Américas é de importância estratégica para o IICA e que, nos 28 meses transcorridos desde o lançamento do programa, ele alcançou os objetivos que haviam sido propostos.
“A plataforma foi criada para que os países adquiram consciência crítica de que, se a degradação dos solos não for abordada de maneira muito séria, todo o resto que fizermos em prol da segurança alimentar não terá nenhum sentido”, afirmou o Diretor Geral do IICA.
“Estamos mapeando as principais políticas dos países — acrescentou —, que começam a compartilhar suas experiências em recuperação dos solos. Isso é um passo na direção certa. Certamente, isso não quer dizer que a degradação na região, que em média alcança 30% das terras, esteja sendo revertida. Mas há uma conscientização de que, conforme os solos se degradam, a pobreza aumenta; e a única saída para os setores vulneráveis é fugir dessas zonas degradadas”.
“Temos razões para ser cautelosamente otimistas, tendo em mente que, trabalhando em conjunto, podemos reverter esse problema tão grave”, concluiu.
Na reunião do programa Solos Vivos das Américas, por parte do IICA, além de Otero e Day, participaram o Diretor de Cooperação Técnica, Federico Villarreal, e os especialistas do Instituto, Kelly Witkowski e Francisco Mello.
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