A Cúpula da AIM for Climate, que acontece durante três dias, reúne formuladores de políticas públicas, líderes da indústria, produtores, representantes da sociedade civil, cientistas e pesquisadores de todo o mundo. O objetivo é acelerar a implementação de inovações destinadas a garantir a segurança alimentar e nutricional. Cerca de 50 governos do mundo fazem parte da iniciativa.
Washington, 10 de maio de 2023 (IICA) — Os investimentos que favorecem a inovação dos sistemas agroalimentares e promovem uma agricultura climaticamente inteligente aumentam de forma consistente em todo o mundo, graças aos esforços conjuntos dos setores público e privado, disseram na abertura da Cúpula da AIM for Climate (Agriculture Innovation Mission for Climate), criada de forma conjunta pelos governos dos Estados Unidos e dos Emirados Árabes Unidos.
A iniciativa, que reúne mais de 500 atores do âmbito público e privado com a missão de aumentar os investimentos em agricultura climaticamente inteligente e em inovação para os sistemas agroalimentares, foi aberta em Washington pelo Secretário de Agricultura dos Estados Unidos, e a Ministra de Mudança do Clima e Meio Ambiente dos Emirados Árabes, Mariam Almheiri, em um evento que contou com a presença do Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, e outras autoridades de governos e organismos internacionais.
A Cúpula da AIM for Climate, que acontece durante três dias, reúne formuladores de políticas públicas, líderes da indústria, produtores, representantes da sociedade civil, cientistas e pesquisadores de todo o mundo. O objetivo é acelerar a implementação de inovações destinadas a garantir a segurança alimentar e nutricional. Cerca de 50 governos do mundo fazem parte da iniciativa.
Na primeira jornada da Cúpula, Vilsack manteve uma conversa pública com o ex-Vice-Presidente dos Estados Unidos, Al Gore, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2007, juntamente com o Painel Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança do Clima (IPCC).
“A mudança do clima continua impactando as práticas agrícolas em todos os países e é necessário um forte compromisso global para enfrentar os desafios que temos pela frente e construir sistemas alimentares mais sustentáveis, inclusivos e resilientes”, disse Vilsack.
“Precisamos trabalhar juntos em prol da segurança alimentar, por meio de tecnologias inovadoras. Devemos assegurar que as novas tecnologias e as melhores práticas não cheguem somente às grandes empresas agrícolas, mas também aos pequenos produtores”, acrescentou.
Vilsack anunciou que os Estados Unidos aumentarão para 10 bilhões de dólares o seu investimento para a pesquisa de métodos de redução das emissões de metano, um dos mais poderosos gases de efeito estufa, da pecuária.
A Ministra Almheiri assegurou que os Emirados Árabes Unidos, que no final do ano será o anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28), está comprometido a aprofundar a cooperação internacional para melhorar a sustentabilidade dos sistemas agroalimentares.
“Essa iniciativa reflete a nossa decisão de transformar os sistemas agroalimentares para torná-los mais modernos e sustentáveis, de maneira que possamos enfrentar a escassez de água e a carência de terra cultivável em muitos países, para assim contribuir para a erradicação da fome no mundo”, disse Almheiri.
Gore contou que há 10 anos começou a aplicar práticas de agricultura regenerativa na sua fazenda, como o plantio direto, o rodízio de cultivos e o plantio de árvores. “Cresci entre o campo e a cidade. Levo a agricultura em meu sangue, e por isso comecei a me interessar tanto pela preservação do ambiente. Nas terras da família, aprendi a cuidar dos recursos naturais”, disse.
“As novas tecnologias às vezes chegam lentamente. Por isso, a verdadeira inovação é a mudança para a agricultura regenerativa. É importante que o sequestro de carbono feito nos solos seja medido. Essa é uma das formas mais efetivas de retirar o carbono da atmosfera, e os agricultores deveriam ser remunerados por isso”, sustentou Gore, que acrescentou que a crise climática é fundamentalmente resultado do uso de combustíveis fósseis.
Gore colocou uma agenda relevante para o IICA no centro do debate, a do cuidado com o solo, transformada pelo Instituto em ação por sua iniciativa Solos Vivos das Américas, coliderada pela maior autoridade científica em ciências do solo, Rattan Lal, que lidera o Centro de Gestão e Sequestro de Carbono Rattan Lal (C-MASC), da Universidade do Estado de Ohio.
“Há muitas inovações (aplicadas ao setor agrário). Há o meu amigo Rattan Lal, na Universidade do Estado de Ohio. Ele é um dos mais importantes cientistas do solo e ganhador do Prêmio Mundial da Alimentação há três anos. Ele visitou a minha fazenda várias vezes e nos ajudou a elaborar um dispositivo pequeno e barato que serve para medir o sequestro de carbono no solo. É suficientemente leve para ser transportado e agora está sendo colocado à prova. É tão efetivo quanto a tecnologia mais cara. Precisamos dispor de formas efetivas de medir o carbono no solo de maneira precisa, pois isso é muito importante. Uma vez que comecem a produzir esses dispositivos de forma massiva, devemos elaborar uma estrutura regulatória que permita o sancionamento de uma legislação que formalize os pagamentos aos agricultores pelo sequestro de carbono. No Congresso dos Estados Unidos há um grupo de legisladores dos dois partidos que apoiam a inovação na agricultura”, ressaltou Gore.
O IICA, no painel de inovação
O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, participará na quarta-feira, dia 10, como palestrante — com a Secretária de Agricultura e Pecuária de Honduras, Laura Suazo, entre outros oradores — em um dos painéis da Cúpula AIM for Climate. O título da palestra será Inovação para a integração e o posicionamento da agricultura nas Contribuições Determinadas Nacionalmente (NDC) — lições da África, Ásia e América Latina.
Juntamente com expositores da África e da Ásia, Suazo e Otero falarão sobre os desafios enfrentados na América Latina e no Caribe quando são propostas ou implementadas as ações na agricultura incluídas nas Contribuições Determinadas Nacionalmente (NDC), apresentadas pelos governos no âmbito do Acordo de Paris sobre a Mudança do Clima.
“Na Cúpula da AIM for Climate, estamos vendo que há um enorme interesse em acelerar a inovação e a chegada de uma agricultura intensiva em conhecimentos. O setor público e o setor privado estão trabalhando juntos cada vez mais, com a participação de organismos internacionais, da academia e da sociedade civil, e o nosso compromisso, no IICA, é aprofundar essa colaboração”, disse Otero.
“Temas como as melhores genéticas, a otimização do uso de fertilizantes, uma melhor gestão dos resíduos e a redução das emissões de gases de efeito estufa estão no topo das preocupações de uma agricultura em que se busca produzir cada vez mais utilizando menos recursos”, afirmou o Diretor Geral do IICA.
Em sua agenda em Washington, Otero também manteve reuniões com o Nobel de Economia de 2019 e Embaixador de Boa Vontade do IICA, Michael Kremer, e com altos executivos de companhias de presença global e sustentará encontros com a Ministra Almheiri; a Ministra da Agricultura e Alimentação do Canadá, Marie-Claude Bibeau; e o Presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn.
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