Na 27ª Conferência Anual do Consórcio Internacional de Pesquisa em Bioeconomia Aplicada (ICABR), são discutidos assuntos relevantes para o futuro do desenvolvimento sustentável das Américas.
Buenos Aires, 5 de junho de 2023 (IICA). Mais de 150 pesquisadores e cientistas especializados em bioeconomia de todo o mundo deram início, em Buenos Aires, a um importante encontro acadêmico internacional, no qual são discutidas questões centrais para o futuro do desenvolvimento sustentável das Américas.
Trata-se da 27ª Conferência Anual do Consórcio Internacional de Pesquisa em Bioeconomia Aplicada (ICABR), coorganizada pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca (SAGyP) e o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MinCyT) da Argentina, o ICABR e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Participaram da abertura do evento, que acontece no auditório e em outros salões do MinCyT durante quatro jornadas de trabalho: o Secretário de Agricultura e o Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da Argentina, Juan José Bahillo e Daniel Filmus, respectivamente; o Presidente do ICABR, Justus Wesseler; e o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.
“A bioeconomia tem um papel estratégico para a Argentina e para a região. É um novo paradigma com o qual devemos responder ao grande desafio que representa produzir mais, impactando menos o ambiente”, indicou Bahillo.
O secretário colocou em primeiro plano o papel do IICA para promover a cooperação internacional e enfatizou que, hoje, o mundo não demanda apenas mais alimentos, mas também melhores processos produtivos: “Não podemos ter apenas objetivos produtivistas; devemos contemplar os três planos da sustentabilidade, que são o econômico, o social e o ambiental. Para tal, devemos acelerar o debate científico e, para isso, serve essa conferência”.
Filmus, por seu lado, participou da abertura por vídeo, pois está na Índia, em um encontro de ministros do G20, no qual, segundo disse, a bioeconomia foi um dos temas com maior presença. “Há muitos interesses em jogo, e há olhares diferentes sobre a bioeconomia, mas nós, os países em desenvolvimento, estamos fazendo um grande esforço porque entendemos que é um caminho inevitável. É muito auspicioso que esse encontro acadêmico aconteça em Buenos Aires”, afirmou.
O Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da Argentina considerou que a agenda de cooperação com o IICA é central para os programas de seu ministério.
Por sua vez, Justus Wesseler destacou que a questão institucional desempenha um papel central para abrir o caminho para um maior desenvolvimento da bioeconomia na América Latina e no Caribe, assim como no restante do mundo.
“Devemos organizar e criar as condições para uma transformação sustentável dos modos de produção, sendo fundamental identificar os pontos fortes e fracos”, disse Wesseler, acadêmico da Universidade de Wageningen, dos Países Baixos, e especialista em biotecnologia e contribuição das cadeias de valor à sustentabilidade.
Manuel Otero reconheceu a iniciativa do governo argentino de organizar essa importante conferência pela primeira vez na América Latina e no Caribe, o que demonstra o seu compromisso com uma transição para uma maior sustentabilidade dos modos de produção e consumo.
“Se a América Latina e o Caribe querem ser protagonistas da bioeconomia mundial, devem participar ativamente em todos os foros internacionais, onde devemos divulgar a nossa realidade. Estou convencido de que essa parte do mundo é avalista da segurança alimentar e ambiental do planeta. Isso não quer dizer que estamos fazendo todas as coisas bem, mas que somos atores relevantes e que essa tendência se intensificará, pois temos os recursos naturais, os recursos humanos e a tecnologia para ser líderes”, ressaltou.
Tradicional e moderna
A palestra de Eduardo Trigo leva o título de “Para uma agenda de pesquisa para a construção da bioeconomia como visão para o desenvolvimento sustentável”, a qual foi acompanhada com grande interesse por acadêmicos das Américas, da Europa e da África, que lotaram o auditório do MinCyT.
Trigo, que tem uma longa experiência não só no campo acadêmico, mas também em organismos técnicos nacionais e internacionais, destacou que a bioeconomia, na realidade, tem acompanhado a humanidade praticamente desde o seu início.
“Desde o início dos tempos, a bioeconomia esteve conosco. Não importa como a definimos. Esteve presente em cada sociedade, em seu tempo, ajustada à época. Em cada momento, os conhecimentos para usar o biológico foram aproveitados”, explicou.
“Com a agricultura, a fermentação e os biocombustíveis — prosseguiu — estávamos fazendo bioeconomia sem saber. Portanto, a bioeconomia é algo muito tradicional, mas também muito moderno. No final do século passado, apareceu a biotecnologia como um espaço de inovação que nos permitiu começar a transformar os processos biológicos com um propósito definido e começar a integrá-la aos ciclos econômicos de maneira mais eficiente”.
O especialista considerou que, hoje, vive-se uma terceira etapa, tendo a bioeconomia como visão de desenvolvimento: “Atualmente ela se transformou em uma alternativa à economia fóssil, frente aos desafios da mudança do clima. Estamos muito longe do cumprimento dos ODS, de modo que a bioeconomia aparece como uma resposta a esse momento de crise”.
Finalmente, Trigo mencionou as tarefas pendentes que a América Latina e o Caribe têm para um melhor aproveitamento dessa oportunidade. “Temos — destacou — oito dos 15 países megabiodiversos do mundo, e ninguém mais discute que a diversidade é um recurso estratégico. Devemos avançar nas formas de aproveitá-la, por exemplo, com a criação de mercados de serviços ecossistêmicos”.
Também ressaltou que outra chave é integrar a agricultura familiar: “A América Latina e o Caribe têm 21 milhões de unidades produtivas em agricultura, e dois terços delas são familiares. É um número muito alto para que a bioeconomia possa progredir sem uma proposta coerente sobre como integrar esse setor”.
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