Na Sede Central do IICA, em São José, o Diretor Geral do Instituto, Manuel Otero, e outros funcionários do organismo hemisférico especializado em desenvolvimento agropecuário e rural indicaram que os países caribenhos enfrentam os múltiplos desafios provenientes da produção nessa região com o pleno compromisso e apoio do Instituto para utilizar as melhores ferramentas científicas e tecnológicas que permitem reduzir a insegurança alimentar e combater e mitigar a crise climática.
São José, 19 de julho de 2023 (IICA) — Os ministros da agricultura do Caribe mantiveram uma reunião de trabalho na terça-feira com o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, buscando aumentar a atividade e a produção agropecuária na região, reduzir a forte dependência de alimentos importados e enfrentar a mudança do clima.
Na Sede Central do IICA, em São José, Otero e outros funcionários do organismo hemisférico especializado em desenvolvimento agropecuário e rural indicaram que os países caribenhos enfrentam os múltiplos desafios provenientes da produção nessa região com o pleno compromisso e apoio do Instituto para utilizar as melhores ferramentas científicas e tecnológicas que permitem reduzir a insegurança alimentar e combater e mitigar a crise climática.
A melhoria da produtividade dos pequenos agricultores, a resiliência diante dos eventos climáticos extremos, o uso e a promoção de novas tecnologias e a busca de investimentos são alguns dos resultados dos projetos de cooperação técnica que o IICA tem em andamento em uma região extremamente vulnerável, indicaram nas exposições.
Os altos funcionários de governo, por sua vez, reconheceram o trabalho do IICA e seus resultados, em uma reunião na qual participaram os ministros da agricultura de Antígua e Barbuda, Everly Greene; Barbados, Indar Weir; Granada, Adrian Thomas; Guiana, Zulfikar Mustapha; Haiti, Charlot Bredy; Jamaica, Floyd Green; Saint Kitts e Nevis, Samal Mojah Duggins; Santa Lúcia, Alfred Prospere; São Vicente e Granadinas, Saboto Caesar;Trinidad e Tobago, Avinash Singh e Secretário Permanente do Ministério da Agricultura das Bahamas, David Cates.
Joaquín Arias, Coordenador do Observatório de Políticas Públicas para os Sistemas Agroalimentares (OPSAa) do IICA, e Curt Delice, Coordenador de Assuntos Especiais da Região Caribe e Representante do Instituto no Suriname, realizaram extensas e detalhadas exposições sobre as oportunidades e desafios da região e dos resultados que os projetos do IICA obtiveram em 2022.
Dos 34 Estados membros do IICA, 14 são da região Caribe, e o IICA tem escritórios em cada um deles.
Delice apontou que as nações do Caribe são, por um lado, muito suscetíveis aos choques externos, pela abertura de suas economias, e também extremamente vulneráveis a catástrofes naturais, que têm sido mais frequentes e mais severas devido à mudança do clima.
“Reconhecemos que não é possível trabalhar de maneira isolada, apenas por meio de acordos de cooperação técnica”, acrescentou, e fez um reexame dos encontros que foram facilitados pelo IICA com organismos financeiros internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Mundial e o Banco de Desenvolvimento do Caribe, com o objetivo de fortalecer a atividade agropecuária e promover a resiliência.
O IICA implementou programas que favoreceram o empoderamento das mulheres e a equidade de gênero, bem como para promover o desembarque da agricultura digital no Caribe, de modo de aumentar a eficiência da produção.
Entre os diversos encontros que o IICA apoiou para incentivar os investimentos no setor e o comércio agropecuário estiveram o Foro e Exposição realizado em 2022 em Georgetown, Guiana, onde as empresas promoveram os seus produtos e as transações superaram um milhão de dólares.
Delice enumerou os projetos implementados pelo IICA em temas como etiquetagem, sanidade e inocuidade dos alimentos, medidas fitossanitárias e combate a pragas e doenças, bem como o surto de peste suína que foi detectado em países do Caribe em 2021.
“Por meio do Programa Solos Vivos nas Américas — acrescentou — temos promovido intervenções para restaurar a saúde dos solos, a fim de resguardar a sua segurança alimentar e nutricional. Também temos implementado programas para fortalecer a resiliência dos ecossistemas marinhos e costeiros, o melhor aproveitamento da água e o plantio de pastos melhorados”.
Um dos temas centrais é o fortalecimento de capacidades, e nesse sentido foi divulgado que 4.247 agricultores, jovens e agroprocessadores receberam treinamento em diversos programas vinculados à agricultura e à promoção de negócios agropecuários.
O IICA também desenvolve programas para favorecer a incorporação de tecnologias digitais e sinergias entre o setor agrícola e o turismo, atividade econômica principal na maioria dos países do Caribe, promovendo a agricultura por meio do agroturismo.
Resiliência do setor agropecuário
A agricultura do Caribe representa 5,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em uma região onde as exportações totais do setor, em 2022, foram de 4.260 milhões de dólares e as importações, de 10.100 milhões, revelou Joaquín Arias.
De todo modo, explicou que, em meio a crises superpostas, com quedas do PIB global e regional, os sistemas agroalimentares em geral se mostraram muito resilientes, e diversos países do Caribe evidenciaram o ponto forte de suas cadeias agrícolas frente à crise.
Também ressaltou que há grandes oportunidades de, por meio da colaboração científica, do desenvolvimento tecnológico e de práticas de fortalecimento de capacidades, gerar uma promoção do setor agrícola ao desenvolvimento da economia na região.
Arias disse que o Caribe tem boas perspectivas por meio do fomento ao comércio e ressaltou os níveis relativos de investimentos na agricultura da região. “Sempre dizemos que há pouco investimento em agricultura, mas aqui o panorama é diferente. Enquanto na América Latina gasta-se hoje em agricultura 1,5% daquilo que é produzido, essa proporção sobe para 2,5% no Caribe. Ou seja, é muito mais elevada”.
O cenário, de todo modo, apresenta desafios. “Devemos reconhecer que a pandemia tem empurrado muitas pessoas para a pobreza e a fome. A média de pessoas na América Latina é de 7,7%, enquanto no Caribe, é mais que o dobro: 16%”, afirmou.
De acordo com os dados do OPSAa, plataforma digital lançada pelo IICA em 2022 para ajudar os países a enfrentar um período de incerteza e instabilidade, 51% das pessoas não têm acesso a dietas saudáveis no Caribe, o que é mais do que o dobro em relação aos números da América Latina.
“A fome — advertiu — não necessariamente se resolve pelos sistemas agroalimentares: a fome é um problema de pobreza. Portanto, o desempenho do setor agroalimentar é importante como fornecedor de alimentos e gerador de empregos e receitas, mas não é condição suficiente para resolver os problemas da região”.
Os países do Caribe têm uma grande oportunidade, ao apostar na diversificação da produção agropecuária.
“Existe uma oportunidade de diversificar, de transformar mais a produção, e onde há uma melhor perspectiva é pela bioeconomia, no que são produtos de alto valor da biotecnologia, de ingredientes naturais, biofertilizantes, biocombustíveis ou biocosméticos. Se levarmos em consideração a altíssima biodiversidade da região e a disponibilidade de biomassa, as oportunidades de negócios em campo são grandes”, afirmou Arias.
Finalmente, o especialista do IICA mencionou a necessidade de aumentar o comércio intrarregional e ressaltou que a América Latina destina apenas 7,1% das exportações alimentares ao Caribe, o que oferece uma grande margem para o crescimento, se forem aproveitados os acordos comerciais que já existem e os custos do comércio forem reduzidos.
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