Melhorar a produtividade, incorporar a juventude e aumentar a resiliência do setor perante a crise climática foram aspectos indicados pelos ministros da agricultura do Caribe durante a reunião organizada na sede central do IICA.
São José, 18 de julho de 2023 (IICA) — Os ministros da agricultura do Caribe, reunidos na terça-feira na Costa Rica, indicaram a importância de aumentar a resiliência do setor junto à crise climática, melhorar a produtividade para reduzir a dependência das importações de alimentos e incorporar novas tecnologias para atrair mais jovens à atividade agropecuária, entre outras necessidades comuns para as quais precisam de apoio.
Isso ocorreu em uma reunião na sede central do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em São José da Costa Rica, convocada pelo organismo hemisférico para elaborar seu roteiro relacionado à região, que precisa urgentemente reduzir seus níveis de insegurança alimentar e dispor de mais ferramentas para enfrentar a crise climática.
No encontro, que foi encabeçado pelo Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, os ministros ofereceram um forte de voto de confiança ao trabalho do organismo e indicaram o valor dos projetos de cooperação técnica em andamento no Caribe para fortalecer os pequenos agricultores, incorporar novas tecnologias e buscar a resiliência do setor agrário, entre outros objetivos.
O IICA tem 34 Estados membros nas Américas, e 14 deles pertencem à Região Caribe. Otero colocou em primeiro plano a importância de o IICA ter escritórios em todos eles.
Participaram da reunião, em modo presencial e virtual, os ministros de agricultura de: Antígua e Barbuda, Everly Greene; Barbados, Indar Weir; Granada, Adrian Thomas; Guiana, Zulfikar Mustapha; Haiti, Charlot Bredy; Jamaica, Floyd Green; Saint Kitts e Nevis, Samal Mojah Duggins; Santa Lúcia, Alfred Prospere; São Vicente e Granadinas, Saboto Caesar; e Trinidad e Tobago, Avinash Singh.
Reduzir importações
O ministro da Guiana, Zulfikar Mustapha, ressaltou que os países da Comunidade do Caribe (CARICOM) têm o objetivo de reduzir em 25% suas importações de alimentos — das quais historicamente dependem — até 2025.
“Quero reconhecer — afirmou — o grande apoio que recebemos do IICA em diversos projetos, como na melhoria na produção de arroz, o combate a pestes e doenças e estratégias contra a mudança do clima”.
“A experiência da pandemia de Covid-19 nos fez levar muito a sério a questão da segurança alimentar. Hoje queremos aproveitar os abundantes recursos do oceano, por exemplo, para ter água para a agricultura. É algo custoso, mas podemos fazê-lo”, disse Everly Greene, de Antígua e Barbuda, que afirmou que a cooperação do IICA gerou resultados “não só no campo, mas na mente das pessoas”.
Indar Weir, de Barbados, citou a importância do trabalho do IICA no país para incorporar as mulheres e jovens ao setor agrário. “Em geral, associa-se a agricultura com longos dias de trabalho e escassas recompensas, mas agora as pessoas percebem que as coisas são diferentes, e isso se deve ao apoio recebido”, afirmou.
O Ministro Adrian Thomas disse que, em Granada, a população consome carne em grande quantidade, que o país importa. “A fatura de importação alimentar é alarmante; queremos ser autossuficientes com o frango e outras carnes que consumimos”, declarou, e afirmou que a necessidade de tornar a atividade agropecuária mais eficiente é hoje uma questão prioritária em Granada.
Também o ministro de Saint Kitts e Nevis, Samal Mojah Duggins, afirmou que reduzir a dependência das importações de alimentos é uma necessidade central. “Temos muito a fazer — disse — em termos de capacitação. O nosso problema é cultural, e essa é uma área em que IICA tem nos ajudado. Podemos fazer mais para que nossas colheitas tenham valor agregado. Com vontade política, tudo é possível”.
O Ministro Floyd Green, da Jamaica, ressaltou o enfoque contínuo que o IICA tem na situação da agricultura e da segurança alimentar no Caribe. “Em nosso país, a maioria é de pequenos produtores. Mais de 80% trabalham em menos de dois hectares, e são os mais vulneráveis à mudança do clima. Um dos nossos problemas é a água, e temos dificuldades para expandir a irrigação”, disse.
Cooperação para a segurança alimentar
Saboto Caesar enfatizou que o IICA sempre esteve disponível para ajudar São Vicente e Granadinas, e disse que o desejo do país é avançar em segurança alimentar e nutricional. “Há um plano para isso, com o foco para 2025 com os estados do Caribe Oriental. Em São Vicente e Granadinas estamos promovendo a produção e explorando a área de agroprocessamento”, disse Caesar, que destacou a relevante colaboração do IICA com a CELAC, da qual São Vicente e Granadinas exerce a presidência pro tempore.
O Ministro Charlot Bredy, do Haiti, um dos países mais vulneráveis do hemisfério ocidental, considerou que o desenvolvimento de uma estratégia solidária de cooperação é muito importante para enfrentar o problema da segurança alimentar. “O IICA facilita, como ponte, a cooperação entre países, o que é central para os mais atrasados”, afirmou.
“Os desafios que enfrentamos no setor agrícola são muitos: a mudança do clima, a pandemia de Covid-19, a guerra na Ucrânia. Tudo pressiona os custos das importações agrícolas”, disse Alfred Prospere, Ministro de Santa Lúcia, que considerou que um dos problemas centrais estar no fato de os agricultores estarem envelhecendo, sendo imprescindível aprofundar estratégias para atrair os jovens.
Ao mesmo tema se referiu Avinash Singh, de Trinidad e Tobago, que disse que as ameaças à segurança alimentar serão aprofundadas se as novas gerações não se envolverem na produção de alimentos. Também falou da questão tecnológica: “A digitalização da agricultura nos faz falta na coleta dos dados e informações que os agricultores usam para a tomada de decisões”.
O encerramento da intensa reunião foi feito por Manuel Otero, que se comprometeu a incorporar todas as necessidades apresentadas pelos ministros no roteiro do IICA em relação à região. O Diretor Geral agradeceu a confiança depositada e disse que o Instituto está pronto para apoiar os esforços visando reduzir os níveis de segurança alimentar, enfrentar a crise climática e propiciar uma mudança cultural. “Fazemos nossos — concluiu — os objetivos que estão nos propondo”.
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