Rede de 20 agtechs ou empresas de base tecnológica focadas no setor agropecuário das Américas instaurada pelo IICA em 2022 gera recomendações para consolidar o ecossistema dessa indústria na região.
São José, 25 de agosto de 2023 (IICA). Promover o trabalho em rede e propiciar espaços regionais de diálogo e colaboração estreita entre agtechs, decisores políticos, entidades de financiamento públicas e privadas, produtores e instituições de pesquisa e desenvolvimento (P&D) é essencial para fortalecer a geração de tecnologias digitais e sua aplicação no setor agropecuário das Américas.
Essa é uma das ações prioritárias identificadas por representantes de 20 agtechs, ou empresas de base tecnológica focadas no setor agropecuário, líderes no continente e que buscam promover o desenvolvimento desse tipo de empresas e o aproveitamento de suas propostas tecnológicas. Atualmente, as agtechs oferecem muitas das soluções digitais disponíveis no hemisfério, e seus desenvolvimentos começam a mostrar benefícios produtivos, ambientais e sociais.
As conclusões surgiram na reunião da Rede de Agtechs das Américas, composta pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) como resultado da Semana da Agricultura Digital, evento anual realizado desde 2022.
A rede tem como objetivo consolidar o ecossistema de agtechs regional, bem como fomentar e acelerar a transformação digital no setor agrícola. Fazem parte dela as agtechs que participaram das edições 2022 e 2023 da Semana da Agricultura Digital.
Participaram do encontro da rede as empresas: Ucrop.it, Agroconsultas, Gbot, Appi.AR, AgriRed, Wiagro e DeepAgro (Argentina); Tarvos e AgroDataSat (Brasil); Bloomspal, Visualiti, Incluirtec e AgrodataAI (Colômbia); Green Xpo (Costa Rica); Neltume (Chile); AgTechApps (Guatemala); TheFarmBox (México); Zafrales e Indata (Uruguai); e Siagrica (Venezuela) — com a incorporação de convidados especiais.
Os representantes das agtechs concordaram que é vital que reconheçam o papel central que assumiram nos novos sistemas de inovação e desenvolvimento tecnológico, na formação de habilidades digitais e na facilitação do uso em campo das tecnologias que oferecem.
“Devemos reconhecer o papel protagonista que as agtechs têm hoje, liderando a revolução digital da agricultura, ao traduzir o conhecimento acadêmico e científico em soluções realistas, práticas e adaptadas aos desafios únicos de cada região, acelerando assim a adoção tecnológica entre produtores e beneficiários”, afirmou Oriana Gómez, da empresa Visualiti, da Colômbia.
Também expressaram que, para o seu desenvolvimento e funcionamento, são cruciais programas que incluam incubação e aceleração de empreendimentos, financiamento em etapas antecipadas e incentivos fiscais para os desenvolvedores das soluções e para os que as utilizam, bem como a organização e o acesso a eventos onde possam promover suas opções tecnológicas em prol do setor agrícola e gerar vínculos com agricultores e decisores políticos, entre outros atores.
Reconheceram que é importante dispor de espaços para discutir e priorizar os problemas (a serem resolvidos com tecnologias) de produtores, governos ou outros atores e esquemas de validação das tecnologias por institutos técnicos nacionais e internacionais.
“Devemos ter uma aproximação com governos, para que entendam o que são as agtechs e como, em conjunto, podemos colaborar para o aumento de produtividade do setor agrícola e sua digitalização no futuro imediato”, acrescentou Erick Cuellar, da AgtechApps, da Guatemala.
Fazendas modelo e inclusão de jovens
Dentro das outras ações que listaram para promover o desenvolvimento e o uso de agtechs digitais, os representantes da rede comentaram a urgência de dispor de casos piloto de digitalização em diferentes cadeias agrícolas para sensibilizar sobre o potencial das novas tecnologias, promover o codesenvolvimento e facilitar seu uso e dimensionamento. Nessa mesma linha, foi proposta a criação de fazendas modelo como instrumentos de visibilização, teste e validação das tecnologias.
“É importante que se trabalhe de forma coordenada entre as instituições vinculadas ao setor agrícola e as de negócio para validar e promover as agtechs”, disse Mauricio Pintado, da empresa Zafrales, do Uruguai.
Concluíram que é necessário gerar iniciativas para divulgar as novas tecnologias entre jovens, por exemplo, mediante escolas rurais e técnicas, oferecendo capacitações para seu emprego e incentivando a sua participação e enraizamento no campo.
O estabelecimento da Rede de Agtechs das Américas e seu pleno funcionamento, bem como seus espaços de diálogo e eventos, como a Semana da Agricultura Digital, fazem parte das ações que implementadas pelo programa hemisférico de digitalização criado pelo IICA em seu Plano de Médio Prazo 2022-2026 e refletem a relevância do tema e o compromisso do organismo especializado em setor agrícola e ruralidade por abordá-lo.
“As agtechs, como fornecedoras de muitas das tecnologias, conhecem muito bem as barreiras para um uso mais amplo. A rede que compomos é um espaço ideal para analisar e propor estratégias e ações que promovam o uso das tecnologias em países das Américas, bem como para fortalecer o ecossistema de agtechs da região”, disse Federico Bert, responsável pelo Programa de Digitalização Agroalimentar do IICA.
As tecnologias digitais são uma ferramenta concreta e promissora para melhorar os sistemas agroalimentares. Embora contemos com uma crescente quantidade de tecnologias digitais, o grande desafio é que elas sejam mais usadas, em especial na agricultura de pequeno porte”, concluiu.
Mais informação:
Federico Bert, responsável pelo Programa de Digitalização Agroalimentar do IICA.
federico.bert@iica.int