Esta proposta procura equilibrar e otimizar de forma sustentável a saúde das pessoas, dos animais e dos ecossistemas.
São José, 21 de setembro, 2023 (IICA). Especialistas em saúde pública, animal, vegetal e do ambiente dos setores público e privado das Américas, bem como da indústria agropecuária, academia e órgãos de cooperação internacional, compartilharam experiencias de sucesso na aplicação prática do enfoque Uma Saúde, com o objetivo de promover a sua crescente e efetiva operacionalização nos países da região.
As iniciativas pragmáticas sobre Uma Saúde, que é um enfoque unificador e integrado que procura equilibrar e otimizar de forma sustentável a saúde das pessoas, os animais e os ecossistemas, foram apresentadas durante um evento de alto nível organizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), com o apoio do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, em inglês)
No encontro, chamado Uma Saúde nas Américas: A importância da colaboração interinstitucional no hemisfério e suas comunidades rurais, representantes de 11 entidades mostraram experiências de sucesso em quatro regiões do continente americano (Norte, Central, Sul e o Caribe), em Argentina, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, Guatemala, México e Peru.
“Com isso queremos ver a forma de incorporar o enfoque de Uma Saúde de forma holística, colaborativa, consistente e coerente, e como uma estratégia para potencializar as sinergias nos sistemas agroalimentares entre os atores, em prol de melhorar a saúde, produção, sustentabilidade e qualidade dos alimentos; considerando as comunidades rurais das Américas como os beneficiários finais deste esforço em conjunto”, explicou o gerente do Programa de Sanidade Agropecuária, Inocuidade e Qualidade dos Alimentos (SAIA) do IICA, José Urdaz.
Intersetorialidade e conhecimento: a chave para enfrentar a zoonose
A Presidente do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (SENASA) da Argentina, Diana Guillén, apresentou a experiência desse país na erradicação da febre aftosa, doença que há duas décadas afetou vários países da região com sérias implicações econômicas e sanitárias, e cuja abordagem requiriu uma clara relação entre setores.
A Oficial Veterinária Adjunta da Agência Canadense de Inspeção de Alimentos (CFIA, em inglês), Cathy Furness, compartilhou que nessa nação criaram uma rede de especialistas em saúde animal, vegetal e inocuidade dos alimentos, para concentrar conhecimentos e potencializar a colaboração intersetorial nos desafios de saúde agropecuária e inocuidade agroalimentar, como parte dos esforços que estão executando para incorporar o enfoque Uma Saúde.
Da Colômbia, a representante da Federação Nacional de Avicultores (FENAVI), Marcela Rodríguez, divulgou a experiência do estabelecimento da mesa intergremial para a mitigação da resistência antimicrobiana (RAM).
A RAM ocorre quando, por mudanças genéticas, os microrganismos (bactérias, fungos e vírus) desenvolvem resistência aos remédios que antes eram efetivos para eliminá-los, como antibióticos, fungicidas e antivirais.
A professora e pesquisadora associada da Universidade de La Salle da Colômbia, Natalia Cediel, também mencionou o caso de sucesso de um exercício pedagógico em que o empoderamento das mulheres rurais por meio de recursos, formação e bem-estar social tem um impacto real nos temas relacionados com Uma Saúde.
No encontro foi apresentado o exemplo da Costa Rica com respeito ao gerenciamento de riscos, animais em casos de desastres e a geração de um manual de boas práticas agrícolas na produção do abacaxi, em cuja elaboração participaram os ministérios de Meio-Ambiente, Agricultura e Saúde.
Além disso, se aprofundou sobre a experiência da Guatemala com o Projeto Ambiente, Mudança Climática e Uma Saúde, que permitiu formar capacidades territoriais em mais de 150 pessoas em 14 municípios, para atender problemas sanitários, com planos para sua abordagem e garantir a saúde pública.
Sobre os Estados Unidos, a veterinária de saúde pública da National Pork Board, Heather Fowler, apresentou as ações que estão realizando com respeito à Peste Suína Africana, e o gerenciamento com animais doentes com diversas estratégias que envolvem aspectos de inocuidade, saúde pública, comunitária, ambiental, de bem-estar animal e dos trabalhadores das fazendas.
O Diretor do Programa de Saúde Pública Veterinária da Universidade Estatal do Ohio, Armando Hoet, contou sobre o que eles vêm fazendo para Uma Saúde em RAM em conjunto com o IICA no nível hemisférico: o projeto, revisão e implementação de planos de vigilância em diferentes países da ALC, que envolve diferentes atores e associações com os ministérios de Saúde e Agricultura, representantes do setor privado e inclusive a indústria farmacêutica.
Roberto Navarro, do Serviço Nacional de Sanidade, Inocuidade e Qualidade Agroalimentar (SENASICA) do México, apresentou o trabalho realizado por esse país no controle da encefalite equina venezuelana e com respeito à gripe aviária, que os permitiu gerar tecnologia e conhecimentos para o controle dessas e outras doenças com maior integração entre setores e transparência das partes.
Um olhar regional
Jaime Romero, especialista em SAIA do IICA, compartilhou a experiência que liderou no Peru para a atenção da neurocisticercoses (uma infecção parasitária), e no nível da região Andina com a Covid-19, em um processo de identificação de inconvenientes e determinação das prioridades dos setores de Agricultura, Meio-Ambiente e Saúde.
Também, o Diretor Executivo da Agência de Saúde Agrícola e Segurança Alimentar do Caribe (CAHFSA, em inglês), Gavin Peters, apresentou o projeto Uma Saúde, Um Caribe, Um Amor, com o que formaram mais de 20 especialistas em 15 países da região para que sejam promotores do enfoque Uma Saúde.
O coordenador de epidemiologia da Organização Pan-Americana de Saúde (OPS/OMS), Manuel Sánchez, compartilhou pelo seu lado a experiência de sucesso de uma consulta intersetorial sobre gripe aviária regional que congregou a membros do setor de saúde pública, veterinários, especialistas de laboratórios de agências internacionais e centros colaboradores da OPS e OMS; bem como uma pesquisa sobre a leishmaniose cutânea (doença infecciosa que afeta a pele e as mucosas).
“Todas estas experiências servirão como modelos e diretrizes para identificar os fatores determinantes do sucesso e os desafios existentes para potencializar o enfoque Uma Saúde nas Américas”, comentou o gerente do programa de SAIA do IICA, José Urdaz.
Mais informação:
José Urdaz, gerente do Programa de Sanidade Agropecuária, Inocuidade e Qualidade dos Agroalimentos (SAIA) do IICA.
jose.urdaz@iica.int