Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agricultura familiar

IICA celebra a riqueza dos Sabores da Caatinga

Tiempo de lectura: 3 mins.

Evento da série de encontros gastronômicos do Instituto, que valoriza a cozinha e biodiversidade dos biomas, homenageou Ana Rita Suassuna

Gabriel Delgado e Maria Rita Suassuan

 

Brasília, 22 de novembro de 2023 (IICA) – A Caatinga foi o bioma homenageado na terceira edição dos encontros gastronômicos para valorizar os biomas brasileiros promovido pela Representação Brasil do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

No dia 22 de novembro, o coordenador da Região Sul e representante do IICA no Brasil, Gabriel Delgado, recebeu cerca de 50 convidados, parceiros do IICA, para uma reflexão conjunta sobre as oportunidades e ameaças deste bioma e para celebrar os Sabores da Caatinga.

O objetivo destes encontros é despertar o interesse de gestores públicos e outros tomadores de decisão sobre a necessidades de investir em políticas públicas e parcerias que valorizem as cozinhas regionais brasileiras, abrindo mercado e beneficiando agricultores familiares por meio das cooperativas locais.  Em 2021, o bioma homenageado foi a Amazônia e no ano passado, o Cerrado.

A Caatinga ocupa 11% do território nacional. Com clima semiárido, possui vegetação com poucas folhas e adaptadas para os períodos de secas, um exemplo de grande incidência é a palma forrageira, utilizada em diversos pratos culinários da região. Assim como as demais cozinhas regionais do Brasil, a culinária sertaneja da Caatinga tem influência indígena e portuguesa. O mandacaru, o umbu, a algaroba, o caju, o jenipapo e o licuri são alguns dos ingredientes que compõem pratos tradicionais do bioma.

Queijo Qualho - Sablores do Cerrado

“É extremamente importante esta iniciativa do IICA para falarmos sobre um bioma tão importante, diverso e significativo para nós brasileiros compromissados com o desenvolvimento do País, e onde vivem cerca de 30 milhões de brasileiros, com fauna e floras riquíssimas, alto nível de endemismo e uma importância social tremenda  e com vínculo fortíssimo entre as pessoas que habitam nessas regiões com seus territórios com enorme populações quilombolas e indígenas e que contribuem para conservação desse remanescente florestal”, disse João da Mata, do Desenvolvimentos Agrário e Agricultura Familiar (MDA). Ele destacou a urgência de conservar a Caatinga, um bioma que já teve mais de 50% alterado ou degradado.

“Não pode tirar o Brasil do Mapa da Fome sem pensar os biomas. Por isso, quero agradecer a parceria com o IICA na construção de políticas que preservam o meio ambiente e ajudam a produzir alimento saudável, o que contribui para a proteção da vida e do meio ambiente”, complementou Alexandre Conceição, assessor do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira. “Falar da Caatinga é falar da dignidade e um povo que constrói a sua luta”, emendou.  

Embaixadora - SAb0res da Caatinga

Além de grande biodiversidade, a Caatinga ocupa todo o estado do Ceará e parte dos territórios de Alagoas, Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

“Estamos muito comprometidos em mostrar a riqueza dos biomas brasileiros. Todos os anos mostramos a riqueza de um bioma e ainda temos outros biomas para mostrar”, anunciou Gabriel Delgado. “Os sistemas agroalimentares são a solução e não o problema das questões climáticas, mas temos que trabalhar muito para fortalecê-los e conceituar os benefícios da natureza, aumentar a produtividade, sem deixar de cuidar da natureza e das questões sociais, que são muito importantes”, completou.

Homenagem – Autora da obra Gastronomia Sertaneja – Receitas que Contam Histórias” (2010), sobre a cultura alimentar do semiárido do Alto Pajeú pernambucano, Ana Rita Suassuna recebeu uma homenagem do IICA por sua contribuição à valorização e divulgação da cultura gastronômica sertaneja. Natural de Taperoá (PB), Ana Rita é prima do escritor Ariano Suassuna. Embelezara a riqueza da região com a escrita é um traço de família, pois Ana Rita, que é formada em Letras pela Universidade do Recife, com especialização em Educação pela Universidade Católica de Pernambuco, também é co-autora do livro “Sabores Brasileiros” (2011) e participa do evento Paladar – Cozinha do Brasil, com palestras sobre a comida de raiz do sertão.

“A cozinha ancestral do semiárido é a base de toda a alimentação de praticamente Nordeste”, Atualmente com 90 anos, Maria Rita começou cedo a registrar o que havia na música e na poesia popular dos  cordelistas e repentistas, mas estendeu seus registros à culinária sertajena.   “A riqueza que temos com relação a essa cultura é demais. Eu e sinto uma embaixadora do sertão”, disse, ao agradecer a homenagem.

Ceviche de CAju - Sabores da Caatinga

Outra escritora de peso, a também embaixador do México no Brasil, Laura Esquivel, autora do sucesso internacional adaptado para o cinema “Como Água para Chocolate” (1989), falou sobre a importância cultural e nutricional da palma forrageira, conhecida no México como Nopal.

“No México existem 93 espécies de nopal da quais 72 são endêmicas e, embora o nopal esteja em todos os continentes, sua maior presença está no continente americano. São plantas que resistem a altas temperaturas e a ausência de chuvas fazem com elas criem raízes secundarias que crescem no contato com a superfície do solo, o que facilita a absorção de água e nutrientes. O nopal é um alimento funcional que captura e armazena água e, por isso, salvou milhões de pessoas”, ressaltou a embaixadora.  

Cardápio – Comandado pela chef Mona da Hora, de Feira de Santana (BA), o cardápio oferecido aos cerca de 50 convidados incluiu pastéis de baião de dois, ragu de bode, escondidinho de jerimum com carne seca, guisado de carne de sol com banana da terra, farofa de umbu com licuri, doces de caju, jaca e lucuri, entre muitas outras delícias que foram degustadas.

Mona da Hora conseguiu mostrar todo o requinte da culinária da Caatinga feitos com criações e produtos da agricultura e extrativismo local, produzidos por agricultores familiares da Bahia e comercializados por cooperativas locais.

Mona da Hora e Maria Rita - Sabores da Caatinga

“Estar na presença de Ana Rita Suassuna é emocionante para qualquer cozinheiro que valoriza suas raízes”, disse visivelmente emocionada. “Este evento de celebração mostra que somos fortes e potentes e este encontro tem uma nuance de valorização da cultura alimentar do Brasil.

Para Mona, é importante que os brasileiros compreendam o valor da gastronomia local que não perde em nada para a cozinha europeia. “A manteiga de garrafa é como se fosse um azeite trufado, o qualho é nosso queijo brie e a mandioca, a rainha do Brasil”, disse Mona, que é também professora e pesquisadora. “O baião de dois, uma comida da seca do Ceará, ultrapassou fronteiras e hoje é servido em restaurantes no exterior”, completou Maria Rita.   

Mugubzá com Castanha de Caju- Sabores da Caatinga

Para Alécio Mascarenhas, da Compre de uma Cooperativa, os encontros do IICA divulgam a produção regional do pequeno agricultor e reforçam a mensagem de que é preciso investir em políticas públicas que ajudem promover a produção e, sobretudo, o comércio dos produtos regionais da agricultura familiar.  “Os produtos regionais são duplamente invisibilizados, primeiro porque as pessoas não sabem onde comprar e segundo porque as marcas não são conhecidas, enquanto as marcas internacionais são conhecidas de todos”, disse. Segundo ele, por isso, ele criou o hub de cooperativas para levar os produtos onde estão os consumidores. “Com isso, conseguimos impactar a vida de mais de 90 mil agricultores familiares”, contou.  

Produtos - Sabores da Caatinga

 

Álbum no Flickr: https://www.flickr.com/photos/199204571@N06/albums/72177720312902856

 

Mais Informações

Coordenação de Comunicação IICA Brasil

claudia.dianni@iica.int

(61) 99138 4898

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