Berlim, 23 de janeiro de 2024 (IICA) – O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) pode desempenhar neste ano um papel importante no G20 para fazer ouvir a voz dos países latino-americanos e as necessidades de seus milhões de agricultores familiares – ponderou Paulo Teixeira, Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil, país que em 2024 exerce a presidência do grupo de países com as 20 maiores economias do mundo.
O G20 é considerado um dos principais foros de cooperação econômica internacional e inclui em seus debates as questões mais relevantes da agenda global, como segurança alimentar e agricultura.
“O IICA tem ampla experiência em agricultura familiar. E a maioria dos países latino-americanos e caribenhos, inclusive os que possuem uma produção industrial importante, contam com uma agricultura familiar muito forte”, observou Teixeira.
O ministro brasileiro fez essas declarações em Berlim, onde participou com seus colegas latino-americanos do Fórum Global sobre Agricultura e Alimentação, organizado pelo Governo da Alemanha.
Esse evento convocou autoridades, membros de organismos internacionais e peritos de todo o mundo para discutir o fortalecimento dos sistemas agroalimentares e a coordenação de esforços no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Do Fórum Global sobre Agricultura e Alimentação também participou o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, que coincidiu em que a presença da voz da agricultura familiar será um fato de grande transcendência na agenda do G20, caixa de ressonância dos mais importantes debates mundiais.
“Além de produzir alimentos para a cesta básica, os agricultores familiares são guardiões da biodiversidade e geram serviços ecossistêmicos. Ninguém como eles sabe como cuidar dos recursos. A agricultura familiar envolve 60 milhões de pessoas na região e representa 64% do emprego agrícola no continente”, disse Otero, que reafirmou o compromisso do IICA de contribuir para o êxito da presidência do Brasil no G20.
Como organismo de desenvolvimento agrícola e bem-estar rural do continente americano, o IICA tem o fortalecimento da agricultura familiar como uma das prioridades de seu trabalho de cooperação técnica. Por isso está perto dos países para impulsionar nos territórios rurais a competitividade agrícola, a sustentabilidade dos ecossistemas, a mitigação e adaptação à mudança do clima e o freio ao despovoamento e à migração.
Necessidade de integração
“O combate à mudança do clima requer uma forte integração e o intercâmbio de soluções e experiências. Tudo isto afeta os agricultores familiares, e o IICA tem uma forte relação com eles em todo o continente, por meio de seus projetos de cooperação técnica, de modo que sem dúvida nos ajudará no debate sobre os desafios que enfrentamos”, acrescentou Teixeira.
Como presidente do G20, o Brasil tem neste ano uma agenda importante de eventos técnicos e conferências ministeriais que culminarão com a Cúpula do Rio de Janeiro em novembro, a qual reunirá os chefes de Estado e de Governo das principais economias do mundo para discutir os temas-chave da agenda global.
Neste sentido, o Brasil anunciou que o combate à fome, à pobreza e à desigualdade serão prioridades da agenda do G20 nas três dimensões do desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental.
A agricultura familiar, com mais de 600 milhões de unidades produtivas e uma produção perto de 80% dos alimentos do mundo, tem um papel insubstituível. Na América Latina e no Caribe é o sustentáculo da segurança alimentar e nutricional, além de ser um setor estratégico para a produção de energias alternativas.
Para reforçar esse último papel, o Governo brasileiro anunciou que atualizará o Selo Biocombustível Social, que garante que a metade das compras deste produto procedem da agricultura familiar.
“A participação do IICA no G20 é muito importante, porque contribui para a experiência latino-americana”, disse Teixeira. “Vimos isso no Fórum Global sobre Agricultura e Alimentação de Berlim – acrescentou – onde estiveram presentes muitos países da região, incluídos todos os do Mercosul: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. O IICA transmitiu a mensagem dos que não estiveram presentes. Portanto o IICA, é a voz dos muitos países latino-americanos que têm uma experiência maravilhosa em agricultura familiar e que o Instituto é capaz de reunir.”
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