Trata-se de uma decisão destinada a reforçar o papel das nações do CAS para dar suporte à segurança alimentar mundial, no combate à crise ambiental e no cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris.
Buenos Aires, 8 de março de 2024 (IICA) — Ministros e altas autoridades da área de Agricultura dos países que integram o Conselho Agropecuário do Sul (CAS) concordaram em trabalhar coordenadamente — e em conjunto com o setor privado — para fortalecer a pesquisa sobre as emissões e o sequestro de gases de efeito estufa (GEE) que o setor agrícola realiza na região.
Trata-se de uma decisão destinada a reforçar o papel das nações do CAS para dar suporte à segurança alimentar mundial, no combate à crise ambiental e no cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris.
O consenso foi alcançado em uma reunião na Argentina na qual participaram o Secretário de Bioeconomia do país, Fernando Vilella; o Ministro da Agricultura do Chile, Esteban Valenzuela; o Ministro de Agricultura e Pecuária do Paraguai, Carlos Giménez; o Ministro de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Fernando Mattos; e o Vice-Ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Cleber Oliveira Soares.
Foi o primeiro encontro do CAS em 2024, foro ministerial de consulta e coordenação de ações regionais, integrado pelos ministros e secretários de agricultura dos países mencionados e da Bolívia, cuja secretaria técnica é exercida pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), por Gabriel Delgado, Representante no Brasil e Coordenador da Região Sul.
A reunião se desenvolveu no âmbito da Expoagro, mostra anual de agropecuária a céu aberto que acontece na cidade de San Nicolás, na qual produtores e empresas da Argentina e de países vizinhos mostram os seus mais recentes desenvolvimentos para a produção sustentável de alimentos, energias e fibras com base na ciência, na tecnologia e na inovação.
A decisão dos países do CAS de avançar de maneira conjunta na pesquisa das emissões e absorções de GEE parte do entendimento de que o impacto da atividade agropecuária sobre a mudança do clima deve ser medido de maneira que reflete as particularidades produtivas de cada país e região, considerando as diferenças em práticas e inovações agrícolas, sistemas de gestão de gado e condições climáticas. Assim foi indicado na resolução firmada por ministros e autoridades.
“Estamos tomando a iniciativa para demonstrar a sustentabilidade de nossos sistemas produtivos, frente a certos critérios que, de outras partes do mundo, querem nos impor sem embasamento científico. Estamos em um mundo complexo, e estou convencido de que nossos países são parte da solução aos desafios globais. Devemos demonstrar isso com pesquisas científicas próprias e também com a construção de um discurso comum”, indicou Vilella.
“Há cada vez mais questões que complicam o comércio internacional e, desde a pandemia de Covid-19, a tendência ao protecionismo se acentuou em muitos países. Por isso devemos trabalhar juntos para enfrentar essa agenda de condicionamentos comerciais. A região deve se posicionar gerando informações próprias, com base científica, abordando os temas de sustentabilidade em sua integralidade. Não podemos permitir que nos coloquem no banco dos réus pela questão ambiental, e devemos passar à ofensiva”, disse, por sua vez, Mattos. O Ministro do Uruguai, que preside a Junta Interamericana de Agricultura (JIA), a qual é integrada por seus pares do continente americano e constitui o organismo de governo máximo do IICA, ressaltou que a agricultura é a única atividade produtiva que tem a possibilidade de sequestrar carbono e, assim, pode contribuir para a mitigação da mudança do clima.
O Ministro Valenzuela indicou que a decisão está em sintonia com o que foi proposto na Primeira Conferência Ministerial de Sistemas Alimentares Baixos em Emissões, realizada no ano passado no Chile e na qual 24 países de cinco continentes se comprometeram com o objetivo de posicionar a agricultura como um setor relevante para oferecer soluções inovadoras à crise climática.
Na resolução, instruiu-se o Grupo de Trabalho de Políticas Públicas em Mudança do Clima, que funciona como instância regional de apoio técnico no âmbito do CAS, a elaborar e apresentar uma proposta para melhorar as estimativas de emissões e absorções de GEE do setor agrícola durante o primeiro semestre deste ano. Também foi solicitado apoio técnico do IICA para avançar.
Os ministros do CAS também se reuniram na Expoagro com diretores do Grupo de Países Produtores do Sul (GPS), a Associação Argentina de Produtores em Semeadura Direta (AAPRESID), os Consórcios Regionais de Experimentação Agrícola (CRIA) e outras entidades de produtores do setor privado, os quais concordaram sobre a necessidade de avançar em conjunto com o setor público, no âmbito regional, na harmonização dos sistemas de medição das emissões e no sequestro de GEE no setor agrícola.
Autoridades da Associação Pan-Americana de Engenheiros Agrônomos (APIA) também participaram, que mostraram sua disposição para colaborar no aperfeiçoamento dos sistemas de quantificação do impacto ambiental da produção.
Vilella, novo Presidente do CAS
Durante a reunião em San Nicolás, Vilella assumiu como novo Presidente pro tempore do CAS e destacou o trabalho que seu antecessor no cargo, o Ministro Mattos, realizou para posicionar o foro regional e apresentar uma visão comum nos principais foros internacionais. Vilella enfatizou que os países que integram o CAS têm um enorme potencial para continuar sendo fornecedores de alimentos para o mundo, e fazê-lo por meio de sistemas produtivos amigáveis com o ambiente, possuidores de uma baixa pegada de carbono.
Além disso, os ministros do CAS apoiaram a candidatura do argentino Luis Barcos ao cargo de Diretor Geral da Organização Mundial de Sanidade Animal (OMSA). Esse organismo sediado em Paris, como líder da governança sanitária mundial, coordena a resposta às emergências zoossanitárias e a prevenção e o controle de doenças animais.
Congresso Internacional sobre Saúde Animal no Paraguai
O Ministro do Paraguai, Carlos Giménez, forneceu detalhes para os seus colegas do CAS sobre o Congresso Internacional sobre Saúde Animal, que acontecerá nos dias 10 e 11 de abril em Assunção, no âmbito do centenário da OMSA. O evento reunirá especialistas e delegados de 57 países e reforçará o papel do Paraguai como referência em produção animal.
Na reunião também foram discutidas as negociações do Acordo Mercosul-União Europeia (UE), as novidades sobre a implementação do Regulamento 1115 da UE sobre Produtos Livres de Desmatamento e as resoluções da recente Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Abu Dhabi. Estiveram presentes as autoridades do Comitê de Sanidade Vegetal do Cone Sul (COSAVE) e da Comissão Veterinária Permanente do Cone Sul (CVP), que apresentaram as novidades desses organismos regionais de controle fitossanitário e sanidade animal.
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