Em muitas regiões — indica o documento — desde janeiro e fevereiro, começaram a ser registradas chuvas significativas, e a disponibilidade de água no solo e nas diferentes bacias e reservatórios naturais foi sendo regularizada, depois da seca.
Buenos Aires, 11 de março de 2024 (IICA) — Depois da seca extrema que afetou o centro e o sul da América do Sul, com severos impactos econômicos e sociais no Chile, Bolívia, Paraguai, Uruguai, sul do Brasil e Argentina, esse cenário tem se invertido durante o verão e hoje se prevê que o fenômeno El Niño persistirá durante o outono, com diversos impactos nas temperaturas e nas chuvas.
Assim é indicado em um relatório sobre as perspectivas climáticas para o Cone Sul durante o outono e o inverno de 2024 elaborado por especialistas de diversos países a pedido do Conselho Agropecuário do Sul (CAS), foro ministerial de consulta e coordenação de ações regionais integrado pelos ministros da agricultura da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. Sua Secretaria Executiva é exercida pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Os ministros solicitaram esse relatório pela alta frequência de eventos meteorológicos extremos e catastróficos que estão ocorrendo nos países do CAS, devido à aceleração da mudança do clima. Esse cenário vem afetando os rendimentos da produção agropecuária e a qualidade de vida dos habitantes das zonas rurais.
O estudo, impulsionado pelo Programa Cooperativo para o Desenvolvimento Tecnológico Agroalimentar e Agroindustrial do Cone Sul (PROCISUR), foi elaborado por referências agroclimatológicas de diversas instituições públicas de pesquisa agropecuária: o INTA, da Argentina; a EMBRAPA, do Brasil; o INIA, do Chile; o MAG, do Paraguai; e o INIA, do Uruguai.
Em muitas regiões — indica o documento — desde janeiro e fevereiro, começaram a ser registradas chuvas significativas, e a disponibilidade de água no solo e nas diferentes bacias e reservatórios naturais foi sendo regularizada, depois da seca.
De qualquer maneira, o panorama não foi o mesmo em todas as zonas. Nos últimos três meses houve mais chuvas no sul da América do Sul, embora persistiram focos com diversos níveis de seca em áreas do Chile e da Argentina que fazem fronteira com a Cordilheira dos Andes, o norte da região de Cuyo, áreas do Gran Chaco e o Mato Grosso, no Brasil.
As informações com bases científicas de maior relevância internacional indicam que ainda estamos transitando por condições de distribuição atmosférica coincidentes com uma condição de El Niño, com uma probabilidade superior a 70% de que El Niño persista durante o outono do hemisfério sul.
Nesse cenário, ocorreriam chuvas acima do normal na Grande Bacia do Prata, que abrange o norte e o centro-leste da Argentina, Uruguai, Paraguai e sul do Brasil.
“Caso essas perspectivas se concretizem — diz o documento —, espera-se um bom desempenho de pastagens cultivadas e cultivos de verão mais tardios. No âmbito do campo natural, caso se concretizem as boas precipitações e temperaturas acima ou dentro do normal, pode ser esperado um bom crescimento de outono”.
Para as demais regiões, as perspectivas são diferentes.
-No Altiplano (norte da Cordilheira no Chile, leste da Bolívia e sul do Peru) os prognósticos sazonais indicam precipitações abaixo do normal para o trimestre de março, abril e maio.
– No Chile, o fenômeno El Niño ainda está ativo, embora em franco declínio, o que leva a esperar temperaturas máximas superiores ao normal desde a Região de Arica até Los Lagos, na zona sul. Espera-se uma tendência de precipitações abaixo do normal, o que de fato já está ocorrendo, uma vez que tanto janeiro como fevereiro se caracterizaram por altas temperaturas e pouca ou mesmo nenhuma precipitação.
– Nas regiões Norte e Nordeste do Brasil persistem os registros de precipitação abaixo do normal e secas, características do evento El Niño, mas menos intensas.
-No Gran Chaco, inclusive no Pantanal brasileiro, a ocorrência de chuvas normais ou mesmo acima do normal é mais provável no leste, e a probabilidade diminui em direção ao oeste. Isso aumenta a disponibilidade de água em todos os agroecossistemas, algo muito importante para aumentar as possibilidades de captação de água de chuva tanto em reservatórios naturais como em açudes e represas.
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