A região enfrenta uma crise alimentar sem precedentes: a proporção de pessoas em situação de insegurança alimentar severa ou moderada aumentou na América Central, superando a média da América Latina e do Caribe, e ultrapassa 10% da população em alguns países.
São José, 18 de março de 2024 (IICA). Nesses países, a volatilidade dos preços internacionais de alimentos e fertilizantes, seu impacto nos mercados nacionais da América Central e no aumento dos níveis de insegurança alimentar, devido às múltiplas crises do contexto mundial, tornam imperativa a existência de políticas inovadoras para fortalecer a resiliência dos sistemas agroalimentares e que contribuam para a segurança alimentar e nutricional da região.
Quanto a isso concordaram mais de 20 especialistas que participaram do workshop “Segurança alimentar e agricultura: Uma análise da transmissão de preços de alimentos e fertilizantes na América Central”, organizado pelo Banco Mundial e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em um esforço conjunto por abordar e buscar soluções para os desafios críticos da segurança alimentar e da resiliência agrícola na América Central.
Reunidos na sede central do IICA, em São José, Costa Rica, participaram, entre outros, o Vice-Ministro de Agricultura da Guatemala, Nick Kenner Estrada; a Vice-Ministra de Desenvolvimento Econômico de Honduras, Cinthya Arteaga; o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero; diretores encarregados pela elaboração e implementação de políticas da Costa Rica, El Salvador e Panamá; o Líder de Programas do Banco Mundial (BM), David Tréguer; e representantes de instituições regionais, como o Sistema de Integração Centro-Americana (SICA), a Secretaria Executiva do Conselho Agropecuário Centro-Americano (SECAC) e o Banco Centro-Americano de Integração Econômica (BCIE).
Durante o evento foi enfatizado que a região teve um retrocesso significativo de 15 anos nos níveis de pobreza e de fome. Foi exposto que na América Latina e no Caribe 82 milhões de pessoas vivem em pobreza extrema, enquanto 43,2 milhões passam fome (16% da população), em um contexto em que a inflação anual de alimentos tem superado 6% na região. Além disso, a inflação de preços dos alimentos tem superado a inflação geral, segundo o índice de preços ao consumidor.
No encontro foram compartilhadas perspectivas e se propôs o compromisso de trabalhar de forma conjunta em prol de soluções sustentáveis e equitativas que permitam diminuir esses números, para o que a colaboração regional e internacional é fundamental.
“A recente inflação de preços de alimentos tem afetado profundamente os produtores e consumidores, especialmente nas comunidades rurais, onde as flutuações de preços agrícolas e de fertilizantes têm alterado as margens de lucro. É vital analisar as respostas governamentais perante as flutuações de preços de alimentos e sua efetividade; precisamos defender políticas inovadoras que fortaleçam a resiliência de nossos sistemas agroalimentares e contribuam para a segurança alimentar e nutricional”, mencionou o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.
Além disso, durante o evento se ressaltou que a inflação dos preços internos dos alimentos na América Central não é promovida pelos movimentos dos preços nos mercados internacionais e que a crise da segurança alimentar na região parece obedecer mais a considerações internas: um desafio chave para a sub-região será restabelecer a eficiência de seus mercados internos e criar políticas eficientes e mecanismos resilientes a longo prazo.
“Nos últimos anos, todos os países América Central têm experimentado um agravamento dos indicadores de segurança alimentar, e a urgência da crise demanda respostas imediatas, mas também é crucial adotar medidas a longo prazo que fortaleçam a resiliência da região. No Banco Mundial estamos comprometidos a colaborar na reorientação de políticas públicas que promovam a competitividade, a eficiência e a resiliência dos mercados internos, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável e inclusivo da região”, disse o Líder de Programas do Banco Mundial, David Tréguer.
Os participantes do workshop ressaltaram a tenacidade dos agricultores da região e do setor agroalimentar, bem como a importância de continuar apoiando a agricultura como eixo central para o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar e a estabilidade econômica dos países da região.
Também, foram compiladas ações e recomendações de políticas das nações centro-americanas representadas, para pensar em uma agenda de pesquisa para bens públicos que permitam mudar a realidade atual da insegurança alimentar.
“No curto prazo, o que pensamos do plano setorial do Ministério de Agricultura são cinco objetivos: aumentar a produtividade, a disponibilidade, o acesso físico e econômico a alimentos, facilitar o acesso à infraestrutura produtiva e à inovação tecnológica, promover cadeias de valor inclusivas, promover a gestão sustentável dos recursos naturais e facilitar os serviços especializados para a questão de alimentos inócuos”, explicou o Vice-Ministro da Agricultura da Guatemala, Nick Kenner Estrada.
“Internamente temos muito o que fazer e corrigir, há programas de assistência e de extensão que estão sendo articulados, a forma como apoiamos a produção e que essa produção seja comercializada de modo eficiente, sem que haja distorções que se reflitam nos preços finais para o consumidor, todo o enfoque de MEPEs, conexão com políticas industriais, focar na potencialização interna”, concluiu a Vice-Ministra de Desenvolvimento Econômico de Honduras, Cinthya Arteaga.
O workshop “Segurança alimentar e agricultura: Uma análise da transmissão de preços de alimentos e fertilizantes na América Central”, faz parte dos esforços conjuntos entre o Banco Mundial e o IICA para transformar os sistemas alimentares, garantir um futuro alimentar seguro e nutritivo para todos e abordar as causas fundamentais da insegurança alimentar na América Central.
Mais informação:
Joaquín Arias, Coordenador do Observatório de Políticas Públicas para os Sistemas Agroalimentares (OPSAa) do IICA.
joaquin.arias@iica.int