No encontro, realizado de maneira virtual, enfatizou-se que o continente americano é um ator fundamental da segurança alimentar e da sustentabilidade ambiental mundial.
São José, 16 de abril de 2024 (IICA) — O setor agropecuário das Américas deve exibir e visibilizar para o mundo o seu papel como fonte de soluções à mudança do clima, graças à sua capacidade de sequestrar carbono no solo e ao mesmo tempo fortalecer a divulgação de suas contribuições decisivas para a paz social, a segurança alimentar e nutricional e o desenvolvimento dos sistemas nacionais de ciência, tecnologia e inovação.
Esses foram alguns dos consensos dos integrantes do Comitê Assessor de Comunicação de Agricultura e Segurança Alimentar do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), integrado por líderes de opinião com uma trajetória de grandes contribuições para o setor agroalimentar e especialistas em comunicação pública e institucional.
O corpo teve sua primeira reunião de 2024 chefiada pelo Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, e sua Assessora Especial para o G20 e as COP 29 e 30, a ex-Ministra de Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira.
No encontro, realizado de maneira virtual, enfatizou-se que o continente americano não é apenas um ator fundamental da segurança alimentar e da sustentabilidade ambiental mundial. Ele também tem muito a contribuir em termos de segurança energética, graças ao potencial das bioenergias proporcionado por suas zonas rurais, e isso deve ocupar um lugar de destaque em qualquer estratégia de comunicação destinada a fortalecer o papel o setor agropecuário e favorecer o enraizamento no campo.
Os participantes destacaram o papel fundamental da agricultura nas estratégias dos países para aumentar seus compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa e assim contribuir para a mitigação da mudança do clima, devido à importância econômica e social do setor e à riqueza de recursos naturais da região.
Foi a primeira reunião com o novo formato do Comitê, que agrega a participação do setor privado à tarefa de reforçar uma imagem que destaque a relevância da agricultura e da ruralidade e potencialize a mensagem do IICA sobre a importância estratégica da atividade agropecuária e da vida na ruralidade.
O corpo foi lançado em 2020, no momento mais intenso da pandemia de Covid-19, com a motivação de hierarquizar o trabalho das cadeias agropecuárias e influenciar positivamente no seu reconhecimento público.
Superado esse período, o Diretor Geral do IICA considerou relevante orientar a tarefa do Comitê para a promoção e a divulgação, especialmente entre públicos não especializados, das experiências bem-sucedidas e dos diversos esforços dos países das Américas para a construção de uma agricultura sustentável, produtiva e inclusiva, com forte inter-relação com a ciência, a tecnologia e a inovação, requisitos indispensáveis para combater a mudança do clima, contribuir com o desenvolvimento sustentável, levar prosperidade à ruralidade e lutar de forma eficaz contra a pobreza.
O Comitê foi constituído inicialmente por 10 membros de sete países, mas recentemente foi ampliado e hoje tem mais de 20 integrantes que representam uma grande diversidade de países e papéis na comunicação.
Seus integrantes são: Héctor Huego, Editor do suplemento Rural, jornal Clarín (Argentina); Cristian Mira, Editor do suplemento agropecuário, La Nación (Argentina); Julio Cargnino, Presidente do Canal Rural (Brasil); Mauro Zafalon, colunista especializado da Folha de S. Paulo (Brasil); Patricia Vildósola, Editora do suplemento agropecuário, jornal El Mercurio (Chile); Juan Carlos Domínguez, colunista de El Tiempo de Bogotá (Colômbia) e especialista em comunicação institucional; Juan Samuelle, Editor de El Observador (Uruguai); Cecilia Martiren, Gerente de Relações Institucionais e RSE de Biogénesis Bagó (Argentina); Claudia Palacios, Apresentadora e Editora do Jornal CM& Canal 1 (Colômbia); Douglas Marín, Correspondente da Agência EFE (Costa Rica); Ederson Granetto, Chefe do Agro+ TV, (Brasil); Gabino Rebagliatti, Diretor de Assuntos Comunitários, Bioceres (Argentina); Gabriel Estrela, Jornalista do Agro+ TV (Brasil); Gustavo Ripoll, Gerente Corporativo de Comunicações, Relações Institucionais e Sustentabilidade, Grupo Insud (Argentina); Hugo Castellano, Consultor de Comunicação (México); Julian Rogers, Consultor de Comunicação (Região Caribe); Laura Cristóbal, Diretora Geral da EFE Agro (Espanha); Mauricio Bártoli, Diretor do TN Campo/Clarín (Argentina); Mónica Velázquez, Diretora de Comunicações da CropLife América Latina (Colômbia); Silvia Naishtat, Editora do Clarín (Argentina); Teresa Montoro, Diretora e Apresentadora do Hora América, RTVE (Espanha); Navendra Soaj, Editora Chefe do Guyana Chronicle; e Daniela Blanco, Editora da Infobae (Argentina).
Comunicar o futuro
Os três principais temas da reunião foram: a agricultura na agenda da Presidência 2024 do G20 a cargo do Brasil; as demandas ao setor agropecuário das Conferência das Partes (COP) das Nações Unidas sobre Mudança do Clima; e a necessidade de reforçar o posicionamento do setor agrícola, que vem destacando nas COP suas contribuições para a mitigação e seu caráter estratégico, porque sem segurança alimentar e nutricional não há desenvolvimento sustentável possível.
Izabella Teixeira, que foi negociadora-chefe do Brasil na COP 21, onde o histórico Acordo de Paris foi adotado, pelo qual o mundo assumiu compromissos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, ponderou sobre o papel do IICA nos foros internacionais, uma vez que contribui para a perspectiva regional quanto ao papel da agricultura na questão climática e na segurança alimentar e energética.
“Devemos encontrar novas histórias que nos falem sobre o futuro da agricultura, não sobre o passado”, disse Teixeira, que considerou que o debate público sobre a questão climática não deve ser conduzido exclusivamente por ambientalistas, mas também por atores que tenham uma perspectiva social e econômica do problema.
Revelou também que, no âmbito da presidência que o Brasil exerce este ano no G20, foro que reúne as maiores economias do mundo, o país sul-americano apresentará para debate um documento relevante sobre a agricultura sustentável e seu papel na cadeia produtiva.
“A agricultura — disse — é um setor fundamental para construir uma visão estratégica comum da América Latina em relação à questão climática. Devemos posicionar a região como um ator fundamental da segurança energética, lado a lado com as energias limpas que vêm do agro, como o biogás. Temos mais oportunidades do que obstáculos, mas precisamos de acordos políticos e entender que não estamos competindo entre nós”.
Otero ressaltou que a nova configuração do Comitê Assessor de Comunicação do IICA se propõe a aumentar a representação dos países, para que haja uma expressão continental e proporcionar uma maior participação do setor privado na busca por uma articulação com o setor público, favorecendo a construção de uma nova narrativa.
“Não se trata de dizer quem tem razão, mas de aportarmos soluções concretas para um planeta que está em crise e no qual a agricultura tem muito a fazer, pensando em como melhorar a qualidade de vida do nosso povo. Buscamos promover uma imagem renovada do setor agrícola em nosso continente, como avalistas da segurança alimentar e da sustentabilidade ambiental do planeta. Somos o supermercado e os pulmões do mundo. Temos muitas responsabilidades, e eu diria que devemos melhorar a autoestima da nossa região. Precisamos valorizar mais o nosso agro”, acrescentou Otero.
O Diretor Geral do IICA ressaltou a necessidade de fortalecer a estratégia de comunicação na COP29, que será realizada este ano no Azerbaijão, e na COP30, que acontecerá no Brasil em 2025 e será uma grande oportunidade para que o setor agrícola da região mostre o seu papel como solução à mudança do clima.
“Temos a capacidade de contar algo que é muito sólido e devemos fazer isso com substância e força. Hoje temos um discurso muito fragmentado, por isso outros setores falam por nós o que se passa com a agricultura. Reagimos quando dizem que somos os vilões do filme. Mas nos faz falta construir e desenvolver novos argumentos, para passar da defensiva à ofensiva”, concluiu.
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