Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Com a presença de ministros da Guiana, Honduras e Uruguai, IICA apresenta documento sobre sistemas alimentares que rejeita a qualificação de “malsucedidos” e enfatiza pontos fortes produtivos e a necessidade de análises equilibradas para ajudar na elabora

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Con la presencia de los ministros de Agricultura de Guyana, Honduras y Uruguay, el Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura (IICA) presentó el documento “Acerca de los sistemas alimentarios ´fallidos´ y otras narrativas” con un llamado a reconocer las fortalezas productivas de un sector que ha incrementado de forma exponencial su capacidad de proveer alimentos a la humanidad a precios cada vez más asequibles en equilibrio con la naturaleza.

Primera

 

São José, 22 de abril de 2024 (IICA) — Com a presença dos ministros de agricultura da Guiana, Honduras e Uruguai, o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) apresentou o documento “Sobre os sistemas alimentares ‘malsucedidos’ e outras narrativas” com um apelo a reconhecer os pontos fortes produtivos de um setor que aumentou de forma exponencial a sua capacidade de fornecer alimentos à humanidade a preços cada vez mais acessíveis e em equilíbrio com a natureza.

O trabalho tem como coautores os pesquisadores Eduardo Trigo, Eugenio Díaz-Bonilla e Rosario Campos e detalha momentos de destaque na história dos sistemas alimentares mundiais, enfatizando a sua fenomenal expansão nas últimas décadas, quando a população mundial aumentou para quase 8 bilhões de pessoas atualmente, de cerca de 3 bilhões em 1960, e, nesse período, a produção aumentou em uma proporção ainda maior, uma vez que hoje existe 30% mais calorias disponíveis e quase 35% a mais de proteínas per capita.

De acordo com o estudo, essa expansão foi alcançada por um aumento no uso das terras agrícolas mundiais de menos de 9% entre 1960 e 2021 e dos preços dos alimentos que, em termos reais, estão 14% abaixo dos níveis das décadas de 1960 e 1970.

Apesar disso, os níveis de fome, ainda persistentemente altos, as dificuldades no acesso a dietas saudáveis, o aumento da obesidade, as elevadas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e as duras condições de vida de muitas das pessoas que operam em diversas etapas da produção e da industrialização têm dado origem a uma narrativa que sustenta que “os sistemas alimentares são malsucedidos”.

Na apresentação, Díaz-Bonilla, Assessor do IICA e Pesquisador Visitante Sênior do programa IICA/IFPRI, e Trigo, economista agrícola e referência mundial em temas de desenvolvimento agropecuário, ressaltaram que as análises relacionadas ao funcionamento dos sistemas alimentares devem ser abordadas de forma equilibrada, colocando em primeiro plano não apenas os seus pontos fracos, mas também os seus pontos fortes, de modo a obter diagnósticos adequados para elaborar políticas que corrijam aspectos negativos, potenciem os benefícios existentes e envolvam uma maior quantidade de atores em uma transformação positiva que contribua para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o Acordo de Paris.

“O documento visa aprofundar a realidade dos sistemas alimentares para compreender melhor a lógica de seu funcionamento. Muito se avançou desde a década de 1960, quando se prognosticava a escassez generalizada de alimentos até a atualidade, em que, não obstante a população mundial e das Américas ter se multiplicado mais de 2,5-2,6 vezes, a oferta de calorias e de proteínas per capita em âmbito mundial está atualmente entre 30-34% superior a seis décadas e, nas Américas, ainda mais”, disse o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.

“Por essas e outras razões, não acreditamos que os sistemas alimentares estejam falidos ou sejam malsucedidos, nem que subtraiam valor, por terem mais custos do que benefícios, como argumentam algumas narrativas, embora obviamente sejam necessárias melhorias em uma série de dimensões”, afirmou.

O Ministro da Agricultura da Guiana, Zulfikar Mustapha, expressou que o documento “permite ressaltar aspectos que contribuirão para que tenhamos as melhores estratégias e projetos para melhorar os sistemas alimentares”, em momentos em que o país caribenho busca, juntamente com seus parceiros da Comunidade do Caribe (Caricom), reduzir drasticamente as importações de alimentos, promovendo a produção, assim como diminuir o alto custo das dietas saudáveis, modernizando o seu setor agroalimentar.

“Vivemos tempos muito extremos. Somos uma das regiões mais vulneráveis do mundo a desastres e a eventos climáticos, e nesse contexto precisamos ter produtos seguros e compensar os agricultores por mitigar esses problemas. O documento contribui para pensar a agricultura do futuro, as tendências. Não temos mais a opção de continuar a fazer sempre o mesmo, ou teremos uma insegurança alimentar ainda maior. A Guiana aplaude os esforços do IICA para colocar em perspectiva a agricultura das Américas, enfrentando problemas como demandas de consumidores, estratégias produtivas, nutrição e segurança alimentar”, disse.

Por sua vez, o Ministro de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Fernando Mattos, também Presidente da Junta Interamericana de Agricultura (JIA) — órgão máximo de governo do IICA e integrado por 34 ministros —, ponderou que “o enfoque do documento é o correto”, destacando as capacidades produtivas dos sistemas alimentares nas Américas e sua força para “produzir cada vez mais utilizando menos recursos naturais”.

“Os fracassos muitas vezes vêm do funcionamento dos mercados e do comércio, pois não haverá estabilidade política, democrática e social se não tivermos uma maior liberalização do comércio”, indicou, lamentando “os crescentes entraves ao comércio, cada vez maiores no terreno ambiental e não baseados em ciência”.

Laura Suazo, Secretária de Agricultura e Pecuária de Honduras, agradeceu ao IICA “por trazer esses temas tão importantes para a formulação e a elaboração de políticas públicas” e indicou que “o nosso trabalho como tomadores de decisão é assegurar a produção para que haja incentivos e criar meios para fortalecer a vida rural e os meios de vida, ou estaremos perpetuando sistemas sociais com maus padrões de consumo. O chamado é urgente. Em Honduras, estamos trabalhando com êxito no combate à desnutrição e à insegurança alimentar. Convido o IICA a criar mais estratégias e soluções para produzir mais, revisando o consumo e a distribuição”.

A moderação do evento foi realizada pela jornalista e escritora colombiana Claudia Palacios.

América Latina e Caribe, uma potência produtiva

O trabalho destaca que, diante isso, é necessário se perguntar se essa é a melhor maneira de envolver os atores, particularmente os agricultores, nos esforços destinados a resolver os problemas e aumentar os benefícios atuais, de modo a avançar no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e das metas do Acordo de Paris.

“Uma análise baseada em dados mostra que os sistemas alimentares precisam de ajustes, mas os aspectos positivos devem ser fortalecidos, não interrompidos, especialmente no caso das Américas, continente crucial para a segurança alimentar mundial. A América Latina e o Caribe têm superado o crescimento global nas últimas cinco a seis décadas, e aumentou a sua participação na produção agropecuária e alimentar total mundial de 10%, nos anos sessenta, para cerca de 13%, atualmente. Desde a década de 2000, converteu-se também na principal região mundial exportadora líquida de alimentos”, indica o trabalho do IICA.

E acrescenta: “A região também é fundamental no aspecto ambiental, uma vez que possui seis dos dez países mais ricos em biodiversidade e abriga boa parte dos recursos naturais do planeta. Por conseguinte, desempenha um papel central como sumidouro de carbono no ciclo planetário da água e do oxigênio, na preservação da biodiversidade e na mitigação e adaptação à mudança do clima”.

Assim, de acordo com o estudo de Díaz-Bonilla e Trigo, qualquer aumento da produção agropecuária na região deverá provir de uma maior produtividade baseada na ciência e na tecnologia, que não apenas possa reduzir as atuais emissões de GEE, mas também expandir a capacidade da agricultura como sumidouro de carbono.

Dessa maneira, prosseguem os autores, “a agricultura é o único setor que pode ajudar simultaneamente com a mitigação, a adaptação e a resiliência, o que a torna parte considerável da solução para a mudança do clima, como já demonstrado pelos países da América Latina e do Caribe, pioneiros na adoção generalizada da agricultura sem lavra e da pecuária sustentável”.

Por isso, conclui o trabalho, “sugerimos uma narrativa e um enfoque mais equilibrados, que não coloquem em primeiro plano apenas as debilidades, mas que também destaquem os pontos fortes atuais. Dessa maneira, haverá maior probabilidade de se contar com um diagnóstico adequado para elaborar políticas que corrijam os aspectos negativos, potencializem os benefícios existentes e envolvam a maior quantidade possível de atores em uma transformação positiva que contribua para o cumprimento dos ODS e do Acordo de Paris”.

Link para download: https://repositorio.iica.int/handle/11324/22073

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int

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