A apresentação, feita na Representação do IICA no Brasil, reuniu na capital do país referências do setor público e privado do âmbito agropecuário e ambiental.
Brasília, 14 de maio de 2024 (IICA) — A bioeconomia tem grande potencial para contribuir para a conservação da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, com inclusão social e enfrentando a crise climática, mostrou um estudo científico apresentado no Brasil em um painel em que participaram altas autoridades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
O título do documento é “Bioeconomia e sociobiodiversidade amazônica: um potencial eixo de integração dos países da Panamazônia”, tendo sido produzido pelo IPAM, organização parceira do IICA que há quase 30 anos trabalha pelo desenvolvimento sustentável e inclusivo na maior floresta tropical do mundo, peça fundamental no combate global contra a mudança do clima.
A apresentação, feita na Representação do IICA no Brasil, reuniu na capital do país referências do setor público e privado do âmbito agropecuário e ambiental.
Participaram do painel de abertura a Presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Silvia Massruhá; a Diretora Adjunta do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Patrícia Pinho; e o Representante do IICA no Brasil, Gabriel Delgado.
Em seguida ocorreu um debate entre especialistas sobre as oportunidades e desafios que a bioeconomia apresenta para o desenvolvimento sustentável da região amazônica. Nele, intercambiaram suas experiências de trabalho Hugo Chavarría, Gerente de Inovação e Bioeconomia do IICA; Edith Paredes, Diretora Administrativa da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA); Ana Castro Euler, Diretora de Negócios da EMBRAPA; Carina Mendonça Pimenta, Secretária Nacional de Bioeconomia do Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil; Luz Marina Almeida, do Comitê Executivo do Plano Estatal de Bioeconomia do Governo do Estado do Pará; e André Aquino, Diretor de Fomento Florestal (DFF) do Serviço Florestal Brasileiro.
A titular da EMBRAPA, instituição pública de excelência que tem sido protagonista do extraordinário crescimento da agricultura brasileira, enfatizou a relevância do estudo não só para o Brasil, mas para os demais países sul-americanos que compartilham a bacia amazônica.
Massruhá observou que são três os pilares em que o trabalho da EMBRAPA na Amazônia se baseia: a conservação do ecossistema, a promoção da bioeconomia com base florestal e a restauração de áreas degradadas.
Afirmou que a preocupação mais importante é como a bioeconomia pode ajudar o desenvolvimento sustentável das comunidades perante o desafio imposto pela mudança do clima. “Trabalhamos não só para contribuir com a mitigação, mas também com a adaptação, uma vez que o impacto da mudança do clima está cada vez mais presente, como vemos hoje de maneira dramática com a devastação causada pelas inundações no estado do Rio Grande do Sul. Na Amazônia, promovemos práticas sustentáveis e apostamos fortemente na bioeconomia”, apontou.
Bioeconomia adaptada ao contexto
Os detalhes do estudo foram contados por Patrícia Pinho e a pesquisadora do IPAM, Olivia Zerbini, que informaram que é preciso estabelecer uma bioeconomia tropical adaptada ao contexto da Amazônia e que enfrente as desigualdades e os altos níveis de pobreza. Assim, a bioeconomia é uma ferramenta que pode contribuir para combater o desmatamento, fortalecer as práticas milenares das comunidades amazônicas, a diversificação dos métodos de produção e a uma partilha mais equitativa dos benefícios.
“A Amazônia — disse Pinho — tem 40% de sua atual superfície florestal em estado de degradação, o que significa que não consegue cumprir a sua valiosa e histórica contribuição em termos de regulação climática e hídrica. Isso reforça o potencial da bioeconomia para contribuir com a construção de uma Amazônia protegida, em que povos indígenas e as comunidades tradicionais possam ter seus modos de vida assegurados em um cenário de crise climática”.
“A bioeconomia pode ser o motor para uma mudança de paradigma que promove a resiliência econômica e social. É uma janela de oportunidades para a região e para as pessoas, que em grande parte vivem em condição de pobreza”, advertiu.
Por sua vez, Gabriel Delgado mencionou o compromisso do IICA com projetos que visam fortalecer a bioeconomia na Amazônia, que considerou vitais não só para a região, mas para o mundo, em função da importância desse ecossistema para a estabilidade climática do planeta.
“Conhecemos — disse — a importância dos compromissos assumidos pelos países que participaram da Cúpula Amazônica de Belém do Pará em agosto de 2023. A bioeconomia, por ser inovadora, inclusiva e sustentável, é uma ferramenta fundamental para a transição econômica, produtiva e social que a emergência climática impõe, em um contexto no qual a conservação da biodiversidade é cada vez mais central na agenda global”.
Por fim, Hugo Chavarría contou aos participantes sobre o trabalho que o IICA vem realizando em suporte aos países para a geração de condições propícias para um maior desenvolvimento da bioeconomia e considerou que, além das características particulares da Amazônia, há lições aprendidas na região que são úteis.
“Trabalhamos com os países — afirmou — na capacitação e na construção de estratégias, políticas e investimentos para a bioeconomia e suas cadeias de valor. Todos temos elaborações diferentes sobre o conceito de bioeconomia, mas os desafios que enfrentamos são compartilhados. É por isso que devemos trabalhar em parceria e sinergia”.
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