Experiência é apoiada pela Plataforma Hemisférica de Bioinsumos, da qual o IICA faz parte.
São José, 24 de maio de 2024 (IICA) — Com grande sucesso, agricultores da região de Maule, no Chile, utilizam bioinsumos gerados a partir da mistura de cepas de microrganismos endófitos nativos do gênero Trichoderma para melhorar sua produção e paralelamente obter benefícios para a saúde e aumentar sua contribuição para a sustentabilidade ambiental.
Seu trabalho, bem como seus muitos anos de experimentação e testes, é uma das iniciativas divulgadas mediante a Plataforma Hemisférica de Bioinsumos, cuja Secretaria Executiva é gerida pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Os endófitos são definidos como microrganismos que passam a maior parte do seu ciclo de vida, ou todo ele, colonizando o interior de uma planta hospedeira, sem causar dano evidente. Esses microrganismos são capazes de conferir características benéficas às plantas, uma vez que desempenham múltiplas funções em seu benefício, como controlar insetos-pragas, antagonizar patógenos de plantas e promover o crescimento vegetal, entre outros.
“Conseguimos ser mais amigáveis com o meio ambiente e isso nos ajudou a assegurar a saúde dos nossos floricultores, pois esses produtos não contêm químicos e temos obtido flores de corte e ornamentais de primeira qualidade”, explicou Isabel Ávila Vergara, Chefe Técnica da unidade PRODESAL, da comuna de Maule, no Chile, e especialista em floricultura.
Essa experiência surge dos esforços em pesquisa, desenvolvimento e promoção de bioinsumos empenhados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Agropecuárias (INIA) do Chile, por meio do Centro Nacional de Bioinsumos, o qual, sob um estrito processo de desenvolvimento tecnológico, criou um bioinsumo para complementar as ações de gestão integrada do cultivo para milhares de produtores da agricultura familiar.
Assim, cultivadores de hortaliças, cereais, flores e árvores frutíferas de menor porte têm sido beneficiados graças ao desenvolvimento dessa tecnologia de origem biológica.
Os produtores estão conscientes de que é necessária uma mudança de paradigma que torne possível uma agricultura que não seja apenas produtiva, mas também sustentável e ambientalmente amigável. Daí surgiu o interesse desses produtores chilenos por começar a trabalhar com os bioinsumos, que o tempo confirmou ter sido uma aposta correta; assim o expressou Leila Ruiz, floricultora do setor Fundo San Juan, comuna de Maule. “Estou tentando implementar os produtos biológicos em todos os meus cultivos, e a verdade é que tive resultados muito bons relacionados a fungos e pragas e tive uma excelente floração”.
“No INIA reconhecemos o potencial transformador dos bioinsumos na agricultura chilena”, afirmou Lorena Barra, Diretora do Centro Nacional de Bioinsumos do Chile. “Estamos comprometidos em apoiar iniciativas de pesquisa e desenvolvimento que promovam a inovação nesse campo e proporcionem a nossos produtores agrícolas as ferramentas necessárias para melhorar sua produtividade de maneira sustentável”, complementou a pesquisadora.
“É crucial destacar que o correto desenvolvimento tecnológico dos bioinsumos desempenha um papel fundamental na garantia da sua qualidade e efetividade biológica. Um rigoroso processo de pesquisa e uma validação científica sólida são indispensáveis para assegurar que esses produtos cumpram os mais altos padrões em termos de segurança, eficácia e impacto ambiental. Nesse sentido, o apoio das instituições de pesquisa como o INIA é primordial para promover o desenvolvimento, a adoção e o bom uso de tecnologias”, disse Harold Gamboa, especialista em Inovação e Bioeconomia do IICA.
O êxito dos agricultores na região de Maule — comuna que por muitos anos fez um uso intenso de agroquímicos —, ao utilizar bioinsumos ressalta a importância de continuar explorando e desenvolvendo tecnologias de base biológica nos sistemas agroalimentares da América Latina e do Caribe (ALC). No entanto, para continuar a avançar nessa senda, é crucial não só confiar nos êxitos locais, mas também aproveitar a cooperação internacional e as experiências geradas por outros países e instituições de pesquisa da região.
A criação e implementação de um espaço internacional de colaboração, como a Plataforma Hemisférica de Bioinsumos, é um exemplo de destaque de como é possível fomentar a cooperação e o intercâmbio de conhecimentos para fortalecer o desenvolvimento científico e tecnológico dos bioinsumos na ALC.
De acordo com Gamboa, essa plataforma reúne pesquisadores e profissionais com ampla experiência, representantes de instituições nacionais, empresas e outros atores de mais de 11 países da região para oferecer ferramentas de referência e promover o bom uso das tecnologias de base biológica.
Por meio dessa colaboração, podem ser identificadas s melhores práticas, compartilhar lições aprendidas e acelerar o progresso nesse campo crucial para a agricultura sustentável das Américas.
A plataforma tem como objetivo promover e fomentar a adoção e o uso dos bioinsumos nas Américas, a fim de alcançar uma agricultura sustentável e produtiva que contribua de maneira positiva com o equilíbrio ambiental, a preservação da biodiversidade, a garantia da saúde humana e a obtenção de alimentos seguros e de qualidade.
Além disso, visa fomentar os desenvolvimentos científico-tecnológicos, o fortalecimento e a construção de estruturas normativas e regulatórias e a gestão do conhecimento, bem como instrumentos de investimento para os bioinsumos na ALC.
Mais informações
Harold Gamboa
Especialista do Programa de Inovação e Bioeconomia
Secretaria Executiva, Plataforma Hemisférica de Bioinsumos
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