Em um seminário virtual organizado pelo IICA e a Secretaria Executiva do Conselho Agropecuário Centro-Americano, foi analisado o Balanço Global apresentado na COP28, em Dubai, um relatório que mostra o estado da situação das ações nacionais de mitigação e adaptação climáticas.
São José, 30 de maio de 2024 (IICA). O progresso da ação climática global, os hiatos existentes e os desafios restantes para acelerar as medidas de adaptação e mitigação vinculadas ao setor agropecuário foram analisados por especialistas em um evento virtual convocado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e a Secretaria Executiva do Conselho Agropecuário Centro-Americano (CAC).
O seminário web Relatório Global e sua Importância para a Agricultura, voltado para negociadores e colaboradores técnicos da agricultura antes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC), foi um dos passos iniciais do acompanhamento técnico oferecido pelo Instituto a seus Estados membros para a sua participação da COP29, ou Conferência das Partes dessa convenção, que será realizada de 11 a 22 de novembro em Baku, Azerbaijão.
No encontro foi abordado o chamado Balanço Global, relatório apresentado pela primeira vez na COP28, realizada no final de 2023, em Dubai, Emirados Árabes Unidos, na qual o IICA, seus países membros e parceiros do setor privado instalaram o pavilhão Casa da Agricultura Sustentável das Américas.
O relatório, que deve ser feito a cada cinco anos, é uma revisão crítica que ajuda os países a entenderem em que ponto estão em termos de seus compromissos climáticos estabelecidos no Acordo de Paris e o que mais precisam fazer para alcançar as metas estabelecidas, especialmente a de manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 °C.
Ele tem como finalidade proporcionar uma avaliação abrangente e transparente do estado atual da mitigação da mudança do clima, a adaptação e os fluxos financeiros relacionados.
Participaram do evento virtual: Muhammad Ibrahim, Diretor de Cooperação Técnica do IICA; Martial Bernoux, Especialista Sênior de Recursos Naturais do Escritório de Mudança do Clima, Biodiversidade e Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO); Walter Oyhantçabal, Assessor em Mudança do Clima e Pecuária do IICA; e Kathya Fajardo, Especialista do Instituto em Mudança do Clima.
“O Balanço Global é a oportunidade de fazer uma análise exaustiva sobre a situação atual e conhecer o estado do nosso planeta para encaminhar as ações que estão sendo implementadas. Fazer um balanço dos resultados da ação climática é muito importante para identificar os hiatos e trabalhar juntos, acordando ações viáveis e eficazes”, mencionou Ibrahim.
Ele explicou que a identificação de intervenções de adaptação e redução de emissões continua sendo pertinente, “não só para que o setor agropecuário esteja mais bem refletido nas Contribuições Determinadas Nacionalmente (CDN) para o Acordo de Paris, mas também para dar relevância e senso de oportunidade para melhorar a compreensão dos eventos climatológicos extremos”, como as secas e inundações que determinam o desempenho e o alcance do setor agropecuário regional nas regiões das Américas.
No webinar ficou destacado que, ao avaliar em que ponto o mundo se encontra, no que diz respeito ao cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris, e utilizar suas contribuições, o Balanço Global ajuda os responsáveis políticos e as partes interessadas a reforçarem suas políticas e compromissos climáticos no próximo ciclo de CDN, que devem ser apresentados em 2027, pavimentando o caminho para uma ação mais acelerada.
As CDN são os compromissos que cada país estabelece de forma autônoma para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e se adaptar aos efeitos da mudança do clima, esperando-se que tenham objetivos cada vez mais ambiciosos.
“O mais importante é acelerar as ações em todos os níveis. Considero que não estamos nos movendo rápido o suficiente, estamos enfrentando certos atrasos em alguns processos e precisamos acelerar um pouco para passar dos projetos-piloto à implementação em grande escala, se quisermos alcançar as metas (do Acordo de Paris)”, indicou Bernoux, que se encarregou de explicar em detalhes o Balanço Global.
“Conhecemos e estamos preparados para implementar a maior parte das estratégias para promover a adaptação e a resiliência dos sistemas agroalimentares, mas não as estamos aplicando em larga escala devido a obstáculos, como financiamentos e investimentos, métricas, ferramentas e políticas melhoradas”, complementou.
Nesse sentido, Oyhantçabal mostrou a sua preocupação sobre a evolução limitada do financiamento para a ação climática na agricultura, de modo que os países em desenvolvimento possam aumentar sua ambição e refletir isso em suas CDN, tanto em adaptação como em mitigação.
“Vejo com preocupação que a evolução do financiamento para a agricultura mostra, segundo os estudos da FAO, uma perda de terreno em comparação com outros setores, e que aparentemente não está recebendo a atenção que merece. Obviamente a adaptação e a mitigação precisam de meios de implementação, ou seja, de transferência de tecnologia, capacitação e financiamento, sem o que é muito difícil que os países em desenvolvimento possam aumentar a sua ambição no setor agricultura nas suas CDN”, concluiu o especialista.
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