No foro, mostrou-se que no mundo há uma prevalência crescente de insegurança alimentar moderada ou severa em várias regiões, e que a proporção de pessoas subalimentadas aumentou, alcançando 735 milhões de pessoas em 2022, com a Ásia e a África sendo as mais afetadas.
Brasília, 21 de junho de 2024 — Na Terceira Reunião do Grupo de Trabalho de Agricultura do G20, realizada este mês em Brasília, o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e o Insper Agro Global organizaram uma sessão plenária na qual representantes do setor privado e delegados de 19 países debateram sobre como o comércio internacional de alimentos é fundamental para a segurança alimentar e nutricional no mundo.
A sessão, moderada por Joaquín Arias, Coordenador do Observatório de Políticas Públicas para os Sistemas Agroalimentares (OPSAa) do IICA, incluiu a apresentação “Comércio Internacional e Segurança Alimentar Global”, apresentada por Marcos Jank, professor sênior de agronegócio do INSPER, uma das principais escolas de negócios do Brasil. A apresentação foi realizada em conjunto entre o INSPER e o IICA.
Ela também contou com a participação de Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS — maior empresa de processamento de carne do mundo —, que apresentou as recomendações de políticas provenientes do B20, força de trabalho sobre Sistemas Alimentares Sustentáveis e Agricultura.
No foro, mostrou-se que no mundo há uma prevalência crescente de insegurança alimentar moderada ou severa em várias regiões, e que a proporção de pessoas subalimentadas aumentou, alcançando 735 milhões de pessoas em 2022, com a Ásia e a África sendo as mais afetadas.
Além disso, aproximadamente 3 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a dietas saudáveis.
Os choques econômicos, as instabilidades políticas e os extremos climáticos foram identificados como os principais propulsores da insegurança alimentar, chegando-se à conclusão de que as baixas receitas, a inflação alimentar e os altos custos também limitam o acesso a alimentos e a dietas saudáveis, afetando desproporcionalmente as populações de baixa renda.
“Em 2023, sessenta países estavam em situação de insegurança alimentar, afetados por condições de instabilidade política, econômica e ambiental”, indicou Jank.
Jank enfatizou a capacidade exportadora da América Latina, ressaltando o papel da região como a maior exportadora líquida, inclusive acima da América do Norte, graças à possibilidade de fazer duas colheitas anuais, sua ampla adoção de semeadura direta e integrações agropecuárias que produzem muito mais commodities por hectare do que a Europa.
A sessão do Grupo de Trabalho sobre Agricultura do G20 contou com a participação de representantes de países desenvolvidos e em desenvolvimento, bem como de delegados de organizações internacionais.
Funções fundamentais do comércio internacional
Perante essa situação, os participantes do painel expressaram que o comércio internacional desempenha um papel crucial na melhoria da segurança alimentar global, conectando os sistemas agroalimentares, redistribuindo a produção de alimentos e neutralizando os impactos negativos dos choques econômicos, climáticos e de doenças.
Além disso, ele promove a diversificação dietética, estabiliza os preços e melhora as normas de segurança e a saúde alimentar.
No entanto, foi observada uma dependência crescente das importações de alimentos em várias regiões, destacando a necessidade de políticas comerciais eficientes para garantir a disponibilidade e a acessibilidade de alimentos nutritivos.
A apresentação incluiu dados do observatório OPSAa, uma das iniciativas do IICA implementada pelo Diretor Geral, Manuel Otero, segundo os quais, entre 2020 e 2022, os países com déficit líquido no comércio de alimentos alcançaram níveis de até US$5.000 per capita, enquanto aqueles com superávit líquido no comércio alimentar chegaram a ter excedentes de até US$10.000 por pessoa, evidenciando o papel fundamental do comércio internacional para promover o movimento dos alimentos de regiões excedentárias para regiões deficitárias.
O Insper e o IICA, com contribuições do B20 e do T20, apresentaram recomendações de políticas públicas ao Grupo de Trabalho sobre Agricultura do G20 para promover o comércio e aumentar a segurança alimentar global, as quais incluíram fortalecer o papel central da Organização Mundial do Comércio (OMC), concluir as negociações agrícolas e desenvolver um sistema global de rotulagem de alimentos.
Também destacaram a importância da digitalização, da convergência regulatória e do apoio aos acordos comerciais preferenciais para melhorar a integração dos mercados e a sustentabilidade ambiental.
“É importante que as políticas reconheçam três níveis de ação: acordos multilaterais e regionais, políticas comerciais nacionais e políticas macroeconômicas e setoriais. Isso permite gerar as condições necessárias e suficientes para que o comércio internacional cumpra o seu papel estratégico no desenvolvimento e na segurança alimentar”, expressou Joaquín Arias, do IICA.
Ele acrescentou que, assim, pode-se complementar e alcançar a coerência entre as políticas oriundas dos acordos multilaterais e regionais e políticas que reduzam barreiras comerciais, promovam padrões ambientais sustentáveis e aproveitem os acordos firmados.
“Também é essencial implementar políticas fiscais e monetárias adequadas, bem como otimizar o uso dos recursos nacionais”, disse Arias.
As recomendações de políticas provenientes dessa sessão se apresentam ao Grupo de Trabalho de Agricultura do G20 como insumos para as próximas reuniões de ministros da agricultura e chefes de estado do G20, que acontecerão em setembro e novembro deste ano.
Link para documentos da reunião
Para acessar a agenda e as apresentações dos palestrantes, visite os seguintes links:
3ª Reunião do Grupo de Trabalho de Agricultura do G20, Brasília
Observatório de Políticas Públicas para os Sistemas Agroalimentares (OPSAa)
Mais informações:
Comunicação institucional
comunicacion.institucional@iica.int
Insper Agro Global:
OPSAa