Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

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Na Costa Rica, BID, CAF, CEPAL, IICA, FAO, OCDE e outros organismos debatem “globalização sem governança”, debilidade multilateral e nova geração de políticas para acelerar o desenvolvimento agropecuário da América Latina e do Caribe

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Em um seminário de trabalho de dois dias de duração, os representantes dos organismos internacionais avançaram na discussão e formulação de estratégias que promovam a eficiência produtiva, a equidade social e a resiliência, mediante enfoques baseados em evidências, consensos e adaptação às novas realidades geopolíticas e tecnológicas.

São José, 10 de dezembro de 2024 (IICA) — Os principais organismos internacionais presentes na América Latina e no Caribe se reuniram na sede central do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e alertaram que é necessária uma nova de geração de políticas públicas que acelerem o desenvolvimento agropecuário da América Latina e do Caribe, no atual contexto da complexidade crescente do cenário global.

Em um seminário de trabalho de dois dias de duração, os representantes dos organismos internacionais avançaram na discussão e formulação de estratégias que promovam a eficiência produtiva, a equidade social e a resiliência, mediante enfoques baseados em evidências, consensos e adaptação às novas realidades geopolíticas e tecnológicas.

Foram abordados assuntos como a “globalização sem governança”, as novas exigências do comércio internacional, a debilidade do multilateralismo e sua relação com todas as dimensões do setor agropecuário, considerado essencial para o desenvolvimento regional e fortemente relacionado à ciência, tecnologia, inovação, políticas industriais e logística, tendo um papel essencial no peso e posicionamento global da América Latina e do Caribe.

Nesse sentido, os participantes concordaram que a cooperação internacional deve cumprir o papel de catalisador das transformações com uma visão integrada, embora considerando as diferentes condições nacionais, com um enfoque baseado na ciência e enfatize a questão do financiamento, levando em consideração as restrições fiscais das nações da região.

Juntamente com o IICA, participam o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Mundial, o CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe, a CEPAL, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Instituto de Pesquisa sobre Políticas Alimentares (IFPRI), a Parceria Biodiversity-CIAT, o Grupo Consultivo para a Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR) e a FAO.

Também estiveram presentes, tanto na sede central do IICA como por videoconferência, funcionários responsáveis pela elaboração e implementação de políticas públicas nas Américas, bem como representantes da academia e do setor privado.

“Devemos ser proativos e não ficar atrás dos acontecimentos. Precisamos ser propositivos e, também, pragmáticos, pois são momentos difíceis e devemos ajudar os países. Mas não teremos uma receita para resolver tudo, pois essa transição é uma jornada”, disse o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, no encerramento, felicitando os participantes pelos dias de discussões e debates.

O Subdiretor Geral, Lloyd Day, observou: “Teremos que alimentar 10 bilhões de pessoas daqui a 30 anos, 2 bilhões a mais do que hoje, segundo as principais projeções. Ao mesmo tempo, devemos ter menos impacto no ambiente. Podemos fazer isso, mas precisamos de mais pesquisa, ciência, inovação e, também, mais financiamento”.

Por sua vez, Joaquín Arias, Coordenador do Observatório de Políticas Públicas para os Sistemas Agroalimentares (OPSAa) do IICA e organizador responsável pelo encontro, elogiou os participantes e observou que, com o espaço de diálogo e intercâmbio, “fortalece-se uma rede de trabalho no âmbito da América Latina que esperamos continuar alimentando”.

O futuro da agricultura

Durante o evento foi realizado um Foro sobre Geopolítica e Comércio Internacional Agroalimentar em que participaram Guillermo Valles, Embaixador do Uruguai no Brasil e ex-Vice-Chanceler de seu país; Máximo Torero, Economista Chefe da FAO e ex-Diretor do Banco Mundial representando o Peru; e Osvaldo Rosales, ex-Diretor de Comércio e Integração da CEPAL e especialista em relações econômicas internacionais.

Osvaldo Rosales, ex-Diretor de Comércio e Integração da CEPAL e Especialista em Relações Econômicas Internacionais, com Martín Piñeiro, Diretor do Comitê de Assuntos Agrários do CARI e Diretor Geral Emérito do IICA.

O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, fez o discurso de abertura; enquanto Martín Piñeiro, Diretor do Comitê de Assuntos Agrários do Conselho Argentino de Relação Internacionais (CARI) e Diretor Geral Emérito de IICA, foi o moderador.

No painel, os especialistas compartilharam suas perspectivas sobre como as transformações globais e o enfraquecimento do multilateralismo estão impactando o comércio agroalimentar e o desenvolvimento regional.

Indicaram que, em um contexto de condições novas e mais difíceis para o comércio agroalimentar, entender as características e dimensões das transformações que estão surgindo é imprescindível para definir as estratégias de inserção internacional dos países da região e, especialmente, dos países exportadores líquidos de alimentos.

Concordaram que a região deverá aumentar a diversificação de produtos e destinos para aproveitar as novas condições comerciais e que deverá promover novas políticas públicas para acompanhar e aproveitar as novas oportunidades produtivas.

As novas condições do comércio internacional agroalimentar — observaram — também impactarão a adoção tecnológica, a produtividade e a estrutura agrária.

Rosales se referiu à redução do dinamismo do comércio internacional que vem sendo observada desde 2015. “A economia mundial cresce menos, e já não é certo que o comércio internacional cresça mais do que o PIB”, afirmou.

Também explicou como a presidência de Donald Trump nos Estados Unidos pode impactar os sistemas agroalimentares e as consequências da esperada desregulamentação ambiental, energética e financeira.

Guillermo Valles disse que nos últimos 60 anos tem havido um crescimento da população mundial e um paralelo crescimento do abastecimento de alimentos e de proteínas per capita, graças à maior produtividade e ao papel fundamental do comércio.

“Temos um crescimento do comércio mundial de alimentos acelerado nos últimos 30 anos. Isso se deve à redução dos custos do transporte, mas, sobretudo, a uma conduta de cooperação internacional. Hoje continua o abastecimento continua a se internacionalizar, tanto de produtos vegetais como animais, e para o futuro vejo cinco desafios: a fragmentação do sistema comercial, os problemas de logística, o acesso a mercados, a concorrência das exportações e o apoio doméstico”, afirmou.

Otero, por sua vez, predisse que as transformações acelerarão e falou sobre quatro dimensões que poderiam impactar a atividade: as formas de produzir, a estrutura agrária, a inserção da agricultura na economia e na sociedade e a integração do sistema ao comércio internacional.

“A nossa região — afirmou — precisa entender que devemos nos antecipar às mudanças e elaborar as estratégias, as políticas e os modelos de governança adequados. É fundamental entender para onde vamos, embora conscientes de que sempre é arriscado fazer isso. Devemos fortalecer a liderança da região como sustentáculo da segurança alimentar global, sabendo que não se trata apenas de aumentar as exportações, mas de fortalecer o nosso papel na mitigação e adaptação à mudança do clima e na conservação da natureza”.

Torero, por sua vez, disse que “as coisas estão ficando cada vez mais e mais complexas. Vemos um mundo de incerteza e risco. Embora a América Latina e o Caribe tenham acelerado a sua integração no comércio internacional nas últimas décadas, a proporção começou a cair em 2023, o que é preocupante. Isso é reflexo de choques mundiais, como a pandemia de Covid-19”.

O economista peruano observou que há espaço para melhorar o comércio intrarregional, mas isso demandará a fixação de padrões fitossanitários comuns e uma melhoria na infraestrutura.

“Devemos melhorar a agregação de valor in situ. Normalmente exportamos commodities, e devemos visar a agregação de valor. Para isso, a tecnologia desempenhará um papel fundamental”, concluiu.

Guillermo Valles, Embaixador do Uruguai no Brasil e ex-Vice-Chanceler de seu país, destacou no Foro sobre Geopolítica e Comércio Internacional Agroalimentar, que há cinco grandes desafios para o futuro: a fragmentação do sistema comercial, os problemas de logística, o acesso a mercados, a concorrência das exportações e o apoio doméstico.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int

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