Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agricultura Agricultura familiar

Gessyane Ribeiro, uma jovem engenheira que promove a força das mulheres no campo brasileiro, é reconhecida pelo IICA como Líder da Ruralidade das Américas

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Gessyane é coordenadora técnica do projeto Energia das Mulheres da Terra, que reúne 42 organizações de agricultoras e incentiva a agricultura familiar, promovendo práticas agroecológicas sustentáveis e a inovação agrícola.

São José, 24 de setembro de 2025 (IICA) — No município de Inhumas, do estado de Goiás, no Centro-Oeste do Brasil, a vida de Gessyane Ribeiro está intimamente ligada à agricultura familiar. Filha de camponeses e, hoje, engenheira agrônoma e agricultora, Gessyane se tornou uma voz jovem influente na defesa de um campo produtivo, sustentável, inovador e profundamente humano.

Por sua trajetória, marcada pelo compromisso com as comunidades rurais e em especial com a liderança das mulheres, o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) homenageou Ribeiro como uma das Líderes da Ruralidade das Américas.

A jovem brasileira receberá o prêmio “Alma da Ruralidade”, parte de uma iniciativa do organismo para dar visibilidade ao que deixam marcam e fazem a diferença no campo do continente americano, uma tarefa fundamental para a segurança alimentar e nutricional e para a sustentabilidade ambiental do planeta.

Uma vida nascida no campo

“Sou Gessyane Ribeiro, originária de Goiás, e atualmente trabalho em projetos relacionados com a agricultura familiar e a agroecologia em minha região, promovendo práticas sustentáveis e inovação agrícola”, apresenta-se com simplicidade. Suas palavras mostram uma vida que combina a raiz camponesa com a formação universitária e o olhar no futuro.

Ribeiro conta, com orgulho, que sempre viveu no campo e esteve relacionada à terra. “Nasci e cresci em uma zona rural, com uma forte conexão com as atividades agrícolas e a agricultura familiar. A minha família é composta pelos meus pais, que também trabalhavam na agricultura, e tenho uma forte relação com meu entorno familiar e comunitário”, destaca.

Esse laço a levou desde cedo a escolher a carreira de Engenharia Agronômica. “Decidi estudar agronomia porque sempre me interessei pelo campo e por melhorar as práticas agrícolas. Estudei na universidade e, atualmente, aplico esse conhecimento na elaboração de projetos que promovem a agroecologia, a sustentabilidade e a inovação na agricultura familiar, ajudando pequenos produtores a desenvolver suas atividades de forma mais eficiente e sustentável”.

Sua vida é, como ela mesma a define, a de uma mulher de dois mundos: o conhecimento prático herdado de gerações e as ferramentas técnicas adquiridas na universidade. “Viver entre esses dois mundos — explica — permite-me integrar os conhecimentos tradicionais, adquiridos pela experiência no campo, com as técnicas modernas e científicas que aprendi na educação formal”.

Trata-se, enfatiza Gessyane, de uma combinação que “enriquece as práticas agrícolas, torna o desenvolvimento mais sustentável e mantém viva a cultura local, ao mesmo tempo que incorpora a inovação tecnológica”.

De fato, um dos projetos para o futuro de Ribeiro está relacionado à promoção dos frutos típicos da ecorregião brasileira do Cerrado, produtos como o pequi (a fruta mais tradicional do estado de Goiás, elemento fundamental de um prato muito típico que também leva arroz e frango caipira), castanha, maracujá ou cagaita, também característica da savana tropical brasileira.

Atualmente todos esses ingredientes estão recuperando muito protagonismo na gastronomia do país. E para Gessyane é um círculo fechado: de uma infância fascinada pelos pratos que sua tia preparava com esses frutos, à possibilidade de promover bons negócios para os produtores da região graças a esse boom.

Com seus conhecimentos, Gessyane ajuda pequenos produtores a realizar suas atividades de forma mais eficiente e sustentável

Liderança feminina e agricultura familiar

Gessyane é coordenadora técnica do projeto Energia das Mulheres da Terra, que reúne 42 organizações de agricultoras e promove tecnologias sociais adaptadas às comunidades rurais. “Trabalho fomentando a agricultura familiar, promovendo práticas agroecológicas, valorizando os conhecimentos tradicionais e buscando alternativas sustentáveis — ressalta a engenheira —. Meu objetivo é fortalecer as comunidades rurais, melhorar a produtividade e garantir a segurança alimentar”, acrescenta.

Sua liderança se mostrou fundamental, por exemplo, para a introdução de soluções inovadoras, como biodigestores sertanejos (dispositivos inovadores que transformam resíduos orgânicos e esterco animal em biogás para cozinhar e biofertilizante nutritivo para o solo), cisternas para captação de água da chuva, tanques de peixes agroecológicos, sensores de umidade do solo e bombas solares.

Entre todos os promotores do projeto, conta Ribeiro, “buscamos introduzir tecnologias sustentáveis, inovações que ajudam a economizar recursos, produzir alimentos mais saudáveis, preservar o meio ambiente e fomentar a inclusão de produtores locais no cenário técnico-científico”.

“A minha meta principal — destaca a engenheira agrônoma — é o desenvolvimento local”, ver a “a comunidade produzindo seus próprios alimentos” e elevando sua qualidade de vida. “Para mim — especificou Ribeiro —, a agricultura familiar, o desenvolvimento local e a qualidade de vida formam um vínculo”. E acrescenta que “a agricultura familiar não é apenas um negócio”, mas também o tecido das comunidades, um elo com “a tradição e os conhecimentos tradicionais” que ajuda a “produzir alimentos de qualidade, alimentos saudáveis”.

Energia renovável para transformar comunidades

Entre os dispositivos favoritos de Gessyane se destacam as bombas solares, que utilizam essa energia para extrair água de poços, rios ou reservatórios. Em comunidades onde o acesso à eletricidade é limitado e a água é vital para a produção, essa inovação faz a diferença.

As bombas solares, diz Gessyane, são fundamentais para abastecer a comunidades rurais de água e reduzir a dependência na energia convencional. É uma tecnologia que “assegura o acesso à água para as famílias e os cultivos, contribuindo para a sustentabilidade e a autonomia dessas comunidades”.

Gessyane se tornou uma voz jovem influente na defesa de um campo produtivo, sustentável, inovador e profundamente humano.

A paisagem e a vida em Goiás

A conexão com a terra é inseparável de sua vida cotidiana. “A região na qual vivo tem uma paisagem diversificada, com rios, cultivos e muitas áreas de vegetação. A vida no campo é tranquila, rodeada pela natureza, com uma produção diversificada de alimentos, e sua beleza natural é fascinante”.

Esse amor pela vida rural também define a sua escolha pessoal. “Estou muito feliz de ser uma mulher do campo: amo a tranquilidade, a conexão com a natureza, a oportunidade de trabalhar com o que amo e de fazer a diferença em minha comunidade”.

Gessyane sente falta de algo da cidade? Apenas “da facilidade de acesso a tecnologias e serviços”. O campo, por sua vez, “tem uma beleza e uma paz sem comparação”.

Como outros jovens líderes rurais da América Latina, Gessyane é consciente de que o futuro do campo depende em grande parte de sua capacidade de atrair as novas gerações. E tem uma mensagem clara para os que hesitam entre ficar ou migrar para as cidades: “Definitivamente, recomendo que os jovens considerem a vida no campo. Embora apresente desafios, oferece uma conexão real com a natureza, a oportunidade de trabalhar com o que amam e contribuir para uma produção de alimentos mais saudável e sustentável. É uma vida repleta de aprendizado, resiliência e satisfação”.

A história de Ribeiro faz parte de uma geração de jovens que estão reinventando a ruralidade na América Latina. Desde a agroecologia e a inovação tecnológica, passando pela defesa da agricultura familiar e o empoderamento feminino, sua liderança é um testemunho de como o campo não apenas resiste, mas se transforma e se projeta para o futuro.

Em Goiás, entre os rios e as comunidades agrícolas, Gessyane continua plantando muito mais do que alimentos: planta esperança, autonomia e dignidade para as mulheres rurais do Brasil.

A liderança de Gessyane se mostrou fundamental, por exemplo, para a introdução de soluções inovadoras, como biodigestores sertanejos (dispositivos que transformam resíduos orgânicos e esterco animal em biogás e biofertilizante nutritivo para o solo), cisternas para captação de água da chuva, tanques de peixes agroecológicos, sensores de umidade do solo e bombas solares.

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