Brasília, 5 de novembro de 2025 (IICA) — Comunicadores do setor agropecuário debateram com ministros de agricultura das Américas como combater percepções distorcidas e ultrapassadas sobre a atividade agropecuária, para que se compreenda plenamente o seu papel essencial para a segurança alimentar, o cuidado com o ambiente, o desenvolvimento econômico e social e a divulgação de novas tecnologias.
Tratou-se de um capítulo dedicado à comunicação da Conferência de Ministros da Agricultura das Américas 2025, que ocorreu durante três dias em Brasília, com a organização do Governo brasileiro e do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Os ministros, reunidos sob o lema “Uma nova narrativa para a agricultura e os sistemas agroalimentares das Américas”, consideraram fundamental abordar esse tema em um contexto global em que a desinformação e a polarização estão tão difundidas. Mostra-se necessário, concordaram, incentivar a colaboração entre os diversos atores do setor agrícola para explicar à população urbana que, embora ainda exista, atualmente a proporção de pessoas que padecem de fome e desnutrição no mundo é atualmente muito mais baixa do que em qualquer outro momento da história da humanidade, graças à maior produtividade do setor agropecuário.
“Para elaborar uma nova narrativa, não precisamos inventar nada, pois está sendo construído um novo paradigma da agricultura nas Américas. Depois de 8.000 ou 9.000 anos de uso do arado, fazendo com que todo o carbono que estava nos solos hoje esteja no ar, o Brasil e a Argentina têm deixado de fazer a aração dos solos.A semeadura direta começou há cerca de 30 anos, como um sistema para cuidar do ambiente, e tem se tornado quase totalmente dominante. Hoje os profissionais do setor agropecuário na América do Sul repudiam o revolvimento do solo, na elaboração de um sistema que também inclui um menor uso de máquinas e combustíveis”, disse o engenheiro agrônomo e jornalista argentino Héctor Huergo, destacado comunicador dos fenômenos produtivos, econômicos e sociais que florescem na ruralidade e Embaixador da Boa Vontade do IICA.
Huergo disse que se sente “um comunicador militante” da agricultura proposta pelas Américas e considerou que as boas práticas produtivas do hemisfério não só têm resolvido a pegada ambiental da produção de alimentos, fibras e bioenergias, mas também que, com essas últimas, estão sendo resolvidos problemas de outros setores, como o transporte, devido ao crescente desenvolvimento dos biocombustíveis.
Ederson Granetto, chefe de redação do Agro+, canal de TV brasileiro 100% dedicado a informações do setor agropecuário, elogiou o trabalho que o IICA vem realizando para mudar a visão difundida da agricultura como algo antiquado e prejudicial.
“Esse prisma cria inquietação na sociedade. Devemos construir uma nova visão na qual fique claro que o setor agropecuário não é o vilão. Muitas pessoas no Brasil relacionam o agro com o desmatamento e o aquecimento global, mas os que vivem nas cidades devem entender que os campos naturais ajudam a fixar carbono no solo”, afirmou.
Granetto apontou que a lei brasileira estabelece limites estritos ao uso da terra para proteger a vegetação nativa, de acordo com o bioma. “Na Amazônia, o dono de um campo só pode produzir em 20% de sua propriedade. E em alguns lugares do Cerrado, o limite de mudança de uso da terra é de 35%. Poucos sabem disso. Não creio que outro país que seja um grande produtor de alimentos tenha mais da metade de seu território coberto por florestas, como o Brasil”, afirmou.
Cassiano Ribeiro, prestigiado colunista e editor executivo da Globo Rural, hub de conteúdos do conglomerado de mídia Globo, o mais importante do Brasil, também foca nas informações equivocadas de boa parte da sociedade sobre a contribuição e o impacto da atividade produtiva.
Ribeiro opinou que o setor agropecuário deve investir mais em comunicação, não somente no aspecto financeiro, mas também quanto ao tempo. “Os atores do setor agropecuário — afirmou — devem estar mais dispostos a se comunicar. As pessoas precisam de mais informações, e hoje o mundo digital permite um acesso muito simples. É necessário que saibam que o setor agropecuário não é só economia. Além dos números de produção ou de exportação, no campo há agricultores e agricultoras que realizam o árduo trabalho de plantar e colher e que muitas vezes possuem histórias fascinantes”.
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