O Brasil tem potencial para expandir as terras irrigadas em até 61 milhões de hectares – o equivalente a 10 vezes o tamanho atual. A conclusão é do estudo “Análise Territorial para o Desenvolvimento da Agricultura Irrigada”…
O Brasil tem potencial para expandir as terras irrigadas em até 61 milhões de hectares – o equivalente a 10 vezes o tamanho atual. A conclusão é do estudo “Análise Territorial para o Desenvolvimento da Agricultura Irrigada”, elaborado pelo Ministério da Integração Nacional (MI) em parceria com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
De acordo com a assessoria de imprensa do MI, o estudo considerou as áreas já irrigadas e aquelas com potencial para expansão por meio da combinação de variáveis como aptidão agrícola, disponibilidade hídrica, preservação ambiental e infraestrutura existente. Também levou em conta as características socioeconômicas do meio rural no país, obtidas de fontes oficiais nacionais e organizadas nos mais de 50 mapas temáticos que compuseram o estudo.
Segundo o estudo, o Brasil tem grande potencial para expandir sua área irrigada especialmente na região Centro-Oeste. Porém, o que ditará o ritmo da expansão é a demanda interna e externa pela produção de alimentos e matérias-primas, que poderão dar ao país a oportunidade de consolidar e ampliar a importância como fornecedor de alimentos para o mundo. Conforme dados do estudo, da área irrigada atualmente, 37% (2,2Mha) não contam com a possibilidade de expansão pelo esgotamento da água disponível em suas bacias. Outros 44% (2,7Mha) da irrigação estão em regiões em que há importante possibilidade de expansão, mas fora de áreas de prioridade de intervenção pública. As áreas em que há possibilidade de expansão e justificam intervenção pública mais expressiva, visando o desenvolvimento sustentável regional, representam 19% da área irrigada (1,1Mha) e contêm 36% da capacidade adicional de área irrigável (27Mha).
Plano de irrigação
No último ano, o Ministério da Agricultura (Mapa) anunciou o Plano para Expansão, Aprimoramento e Desenvolvimento Sustentável da Agricultura Irrigada no Brasil. O projeto visa a aumentar a área irrigada do país de 6,1 milhões para 11,2 milhões de hectares, uma expansão de 5 milhões de hectares em 10 anos. As informações foram divulgadas pela Associação dos Irrigantes do Estado de Goiás (Irrigo) no dia 25 de julho.
O Plano tem como objetivo usar a água de forma racional, minimizar perdas agrícolas por causa de problemas climáticos, aumentar a produtividade de 3,4 para 4 toneladas por hectare e gerar até 7,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Do ponto de vista ambiental, o projeto busca diminuir a pressão sobre a abertura de novas áreas de produção e incentivar investimentos em tecnologias que tornem a produção mais sustentável.
O Plano de Irrigação foi dividido em duas as etapas. A primeira prevê que até 2019 a área irrigada no país seja ampliada em 1,5 milhão de hectares; a implantação de três centros de referência em agricultura irrigada; capacitação de 20 mil produtores e técnicos; implementação do Cadastro Nacional de Irrigantes; e a implantação de 50 unidades demonstrativas. Segundo a engenheira agrícola Maria Emília Borges, da Coordenação de Agricultura Irrigada e Gestão Sustentável da Água, em 2016 foram capacitados cerca de 1.400 produtores e técnicos, por meio da Capacitação IrrigaWeb, uma parceria do Mapa com a Embrapa Produtos e Mercado.
Pivô Central
O Brasil está entre os dez países com maior área irrigada no planeta. Um estudo feito pela Embrapa e pela Agência Nacional de Águas (ANA) mostrou que entre 2006 e 2014 houve um aumento de 43% no uso de pivôs no Brasil. Segundo o relatório, existem cerca de 20 mil pivôs centrais irrigando uma área de 1,275 milhão de hectares em todo o país e, para que seja possível ampliar esse número, é fundamental que haja a organização dos irrigantes. O relatório também destaca que a ANA, responsável pela outorga de direito de uso de recursos hídricos em corpos d’água de domínio da União (tais como rios, que percorrem mais de uma unidade da federação), possuía, em 2014, cerca de 4.350 outorgas válidas para irrigação, totalizando 620 mil hectares.
Dentre esses, o pivô central é o sistema mais outorgado, com 30,1% do total. Em 2014, a ANA possuía 14,6% da área nacional de pivôs centrais outorgada, sendo as demais áreas localizadas em corpos de domínio dos estados e do Distrito Federal ou ainda não regularizadas ou em processo de análise pela Agência. Como existe uma constante demanda pelo o uso de outorgas para irrigação, é de extrema importância a realização de levantamentos atualizados que permitam identificar a localização geográfica e a área irrigada por cada pivô central. Com o cadastramento dos irrigantes de todo País, órgãos públicos e entidades privadas poderão definir estratégias envolvendo o uso de agricultura irrigada e políticas para gerenciamento do uso das águas nas respectivas bacias hidrográficas e políticas de gestão do uso da água nas diferentes regiões do Brasil.
Fonte das informações: Successful Farming Brasil
Artigo original: http://sfagro.uol.com.br/brasil-pode-aumentar-area-irrigada-em-5-milhoes-de-hectares-ate-2026/