A Semana da Energia 2024, organizada pela Organização Latino-Americana de Energia (OLADE) em Assunção no Paraguai, serviu para promover a colaboração e inovação entre os 27 países-membros em temas essenciais como energias renováveis, igualdade de gênero e transição justa.
Assunção, Paraguai, 8 de novembro de 2024 (IICA) – Os biocombustíveis são a ferramenta mais rápida e eficiente para descarbonizar o transporte terrestre na América Latina, asseguraram especialistas do âmbito público, privado e acadêmico e da sociedade civil, reunidos no evento mais importante do setor energético regional, que contou com a destacada participação do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
A Semana da Energia 2024, organizada pela Organização Latino-Americana de Energia (OLADE) em Assunção no Paraguai, serviu para promover a colaboração e inovação entre os 27 países-membros em temas essenciais como energias renováveis, igualdade de gênero e transição justa.
Nesse contexto ficou evidente o papel central que terão os biocombustíveis na transição energética da região, pelo seu enorme potencial na produção de biomassa.
“Já há mais de 60 países que utilizam misturas de bioetanol com gasolinas e biodiesel com diesel de petróleo. Além de descarbonizar o transporte, os biocombustíveis geram valor agregado na ruralidade e criam numerosos empregos”, disse Agustín Torroba, especialista em biocombustíveis e energia renovável do IICA e Secretário Executivo da Coalização Pan-Americana de Biocombustíveis (CPBIO), que participou da conferência “Biocombustíveis: A interação público-privada e as novas tecnologias”.
“Estamos agregando a estes biocombustíveis os combustíveis de aviação sustentável (SAF, em inglês) que serão críticos para descarbonizar a aviação. As Américas podem se converter na principal região produtora e exportadora de SAF, graças à grande disponibilidade de matérias primas sustentáveis com a que conta”, declarou Torroba.
Soberania energética
A OLADE é um organismo de cooperação, coordenação e assessoria técnica, público intergovernamental, formado em 1973 com o objetivo fundamental de fomentar a integração, conservação, o aproveitamento racional, a comercialização e a defensa dos recursos energéticos da região.
A Semana da Energia da OLADE foi organizada em conjunto com o Ministério de Obras Públicas e Comunicações de Paraguai, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Mundial e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF). O encontro constitui uma importante instância de intercâmbio e colaboração que permite consolidar um diagnóstico e uma agenda para as transições energéticas da América Latina e do Caribe.
Carolina Rojas, Presidente da Federação Biocombustíveis da Colômbia, explicou que “os biocombustíveis são essenciais para descarbonizar o transporte na América Latina e fortalecem a soberania energética. Na Colômbia, o biodiesel e bioetanol contribuem para 84% da redução das emissões de carbono no transporte. A região avança em biocombustíveis avançados como o SAF, com o potencial de se converter em um hub graças à sua experiência e abundantes matérias primas”.
“Estamos dando uma mensagem clara e contundente ao público: os biocombustíveis líquidos continuarão relevantes na região da América Latina como a melhor alternativa para o desenvolvimento agroindustrial e social, enquanto procuramos fornecer uma melhor qualidade de ar para nossos filhos”, assegurou Juan Sebastian Diaz, Vice-Diretor do Conselho de Grãos dos Estados Unidos.
Carolina Bauman, gerente de planta na empresa pública paraguaia Petropar, explicou que essa empresa é responsável por 20% da produção total de etanol de cana de açúcar do país.
“Ao apostar pelo etanol como uma alternativa mais limpa, a empresa contribui com a descarbonização e a redução de emissões, promovendo uma transição para uma rede energética sustentável. Com essas iniciativas, a Petropar se posiciona como um referente de responsabilidade social e ambiental no país”, explicou Bauman.
Pela sua parte, Francisco Jauregui, Vice-Presidente da Câmara Paraguaia de Biocombustíveis e Energias Renováveis (BIOCAP), destacou a importância da sinergia entre os setores público e privado para potencializar o biodiesel, já que, porém o Paraguai seja um mercado pequeno, é bastante sólido. O empresário destacou a importância de que o Estado tenha aumentado as porcentagens de mistura de biocombustíveis e assegurou que o desafio que resta para o Paraguai é tentar crescer junto com a região, aproveitando o caminho trilhado.
Finalmente Heloísa Borges Esteves, Diretora de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do Brasil, comentou o caso da “Lei do Combustível do Futuro” no seu país, como resultado de um acordo sobre o papel dos biocombustíveis.
“É um sinal claro de que os biocombustíveis avançados são um dos principais pilares da transição energética do Brasil. Mesmo assim, precisamos melhorar a comunicação, já que hoje em dia um carro que funciona a base de álcool é muito mais sustentável que um carro elétrico na Europa ou nos Estados Unidos. Em termos do custo-benefício, os biocombustíveis são a melhor alternativa para descarbonizar o setor de transporte da América Latina”, concluiu Borges Esteves.
A Coalizão Pan-Americana de Biocombustíveis Líquidos (CPBIO) está conformada pelos principais grêmios empresariais e industriais das Américas dedicados à produção e ao processamento de açúcar, álcool, milho, sorgo, soja, óleo vegetal e grãos, entre outros produtos do setor agropecuário. A missão da instituição é descarbonizar a economia por meio da promoção e do consumo sustentável dessas energias limpas em todo o hemisfério. A criação do grupo ocorreu em 2023 durante a Cúpula Pan-Americana de Biocombustíveis Líquidos, organizada em São José pelo IICA, que exerce a Secretaria Técnica da coalizão.
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