Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agricultura

Bolívia fortalece a resiliência das áreas úmidas do altiplano andino com o programa

Tiempo de lectura: 3 mins.

A iniciativa fomenta práticas sustentáveis para preservar ecossistemas vulneráveis e melhorar a resiliência de comunidades do altiplano andino e da pecuária de camelídeos ante a mudança climática.

Primera
<em>Apresentação de “Histórias de mudança mais significativas”.</em>

 

La Paz, 4 de outubro, 2024 (IICA).  O Programa “Bofedal é Vida” está marcando uma diferença significativa na conservação e no gerenciamento sustentável dos bofedais na Bolívia.  Esses ecossistemas são cruciais para o meio-ambiente e a economia das comunidades alto-andinas, pela sua estreita relação com a atividade de camelídeos, mas estão sob ameaça pelos efeitos da mudança climática.

O Programa “Bofedal é Vida” é executado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) na Bolívia e financiado pela União Europeia por meio do Programa Euroclima, que é implementado pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID).

“Bofedal é vida” é implementado em oito municípios: Achacachi, Batallas e Pucarani em La Paz; Pampa Aullagas, Santiago de Andamarca e Belén de Andamarca em Oruro; e San Pablo de Lípez e San Antonio de Esmoruco em Potosí. “Bofedal é vida” concentrou seus esforços na caracterização desses ecossistemas, avaliando aspectos de produção, sociais e de mercado relacionados com o gado camelídeo, o que permitiu projetar e implementar planos de gerenciamento climático inteligentes adaptados para cada comunidade.

Federico Ganduglia, Representante do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) na Bolívia, destacou na apresentação dos resultados do programa, a importância do trabalho em conjunto e o impacto nas comunidades: “Foram geradas mudanças na vida de muitas pessoas, é um antes e um depois.  Os bofedais são importantíssimos do ponto de vista sociocultural, socioeconômico, ambiental e geopolítico.  São sistemas altamente vulneráveis ante a crise climática que nos afeta com cada vez mais força.  Para a agenda de cooperação do IICA na Bolívia, esses projetos também representam uma mudança e um compromisso com sua sustentabilidade.  Estamos desenvolvendo uma série de ações que nos permitirão consolidar e escalar as iniciativas que estamos avançando, aproveitando todo este trabalho e aprendizagem adquiridos desde a implementação destes projetos”.

“Este projeto está tendo um profundo impacto em todos nós; tem sido uma resposta às necessidades das regiões vulneráveis e um exemplo de como a cooperação e o compromisso podem transformar realidades.  Sabemos que não é um caminho fácil, que nos enfrentamos à migração, condições climáticas extremas, falta de informação sobre esses ecossistemas únicos, mas cada desafio tem sido uma oportunidade para mostrar que podemos conseguir muitas coisas quando trabalhamos juntos, e é o fruto desse esforço poder alcançar essas conquistas que nos apresentaram hoje”, sinalizou Saraí Suárez, responsável dos Projetos de Transição Ecológica da AECID na Bolívia, durante o evento.

 

Implementação e práticas sustentáveis

Os produtores e as produtoras têm realizado um papel fundamental na implementação do programa, destacando a combinação de conhecimentos ancestrais e técnico-científicos.  “Estou agradecida com todas as práticas que tivemos; é muito importante, e agora vamos praticar e ensinar aos nossos filhos essa lição que é inestimável”, comentou Delia Berna, produtora da comunidade de Quetena Chico.

O programa promove uma série de práticas sustentáveis que estão transformando a forma em que os bofedais são gerenciados.  Enquanto ao gerenciamento de água, foram implementados sistemas lay flat para a condução e irrigação eficiente nas parcelas, com a finalidade de melhorar o gerenciamento hídrico nas zonas de bofedais.

Neste caso a recuperação de pastos, com a instalação de parcelas demonstrativas, os produtores e as produtoras podem melhorar o valor forrageiro, essencial para a alimentação das lhamas, alpacas e outros animais.  Além disso, foram aplicadas técnicas como o repuxo e as meias-luas para a colheita de água e a regeneração de pastos em áreas degradadas.

 

Segunda
<em>Apresentação de resultados do programa “Bofedal é Vida”.</em>

Para melhorar a sanidade e nutrição do gado camelídeo, se estão utilizando práticas acessíveis e de baixo custo, como o tratamento de palhas e a elaboração de blocos nutricionais, essenciais durante os meses de inverno, quando a disponibilidade da grama é limitada.

Finalmente, a partir do projeto de propostas de valor para carne e fibra de lhama, cinco comunidades assinaram uma nota de interesse para entregar três toneladas de fibra para uma empresa boliviana.

Pela sua parte, Angélica Ponce, Diretora Executiva da Autoridade Plurinacional da Mãe Terra (APMT), dependente do Ministério de Meio-Ambiente e Água (MMAyA) assegurou que: “Já tínhamos conhecimento dessas práticas há muitos anos, desde nossos avós, mas tínhamos esquecido.  Esses projetos são importantes para nos adaptar e mitigar a mudança climática. Os bofedais são sistemas de vida, não só de alimentação, porque cooperam com o meio-ambiente e reduzem as emissões de carbono”.

 

Impacto nas comunidades do altiplano andino

Até a data, “Bofedal é Vida” formou mais de 1,400 produtores e produtoras no gerenciamento sustentável de solos, pastos, água e gado camelídeo, com uma significativa participação de mulheres, que representam aproximadamente 42% dos beneficiários.  Este foco inclusivo está fortalecendo o empoderamento e a resiliência das comunidades locais ante os desafios da mudança climática, contribuindo para a sustentabilidade econômica e social das regiões do altiplano andino.

Prudencio Flores, da comunidade Litoral, uma das pessoas mais idosas com as que trabalhei, destacou a documentação técnica fornecida para cada comunidade: “É importante deixar isso para nossos filhos. Antes a transmissão de conhecimentos era verbal, agora é profissional.  Estão deixando textos e nossos filhos não vão esquecer como conservar os prados e nossos bofedais”.

Ao respeito, o prefeito de Belén de Andamarca, Óscar Anagua, destacou o trabalho conjunto e as conquistas atingidas: “Estou agradecido pelo gerenciamento dos bofedais, porque sentimos que é uma das fontes principais para nosso departamento e para o Estado Plurinacional da Bolívia, se preocupar pelos camelídeos, que são base fundamental da nossa economia no altiplano boliviano.  Terminamos uma etapa, mas esperamos que isto continue pelas nossas famílias produtoras”.

Tercera

 

Compromisso com o futuro

O trabalho do projeto “Bofedal é Vida” mostra um compromisso com a conservação e o gerenciamento sustentável dos bofedais, essenciais para enfrentar os desafios da mudança climática.  Ao empoderar as comunidades andinas e promover práticas sustentáveis, o projeto não só protege um ecossistema vital, mas também assegura um futuro mais resiliente e próspero para as próximas gerações.

O Projeto “Bofedal é Vida”:

  • Alcance geográfico: 14 comunidades em oito municípios de La Paz, Oruro e Potosí.
  • Foram monitorados e caracterizados 18 bofedais, nove em Potosí, quatro em Oruro e cinco em La Paz.  A superfície dos bofedais mencionados é de 2.872 ha.
  • Foram desenvolvidos planos de gerenciamento climático inteligente para os oito municípios e em base a eles, se priorizaram com produtores e produtoras as práticas que devem ser aplicadas em cada bofedal.  Em total se aplicaram pilotos em quatro práticas de gerenciamento de água, pasto e solos, e três sobre sanidade e alimentação de gado camelídeo.
  • Se desenvolveram oito propostas de valor com produtores e produtoras para carne e fibra de lhama. 
  • Produtores e produtoras que participaram das sessões de formação: 1476.
  • Técnicos e profissionais locais e nacionais que participaram nos treinamentos de formação: 239.

Sobre o Euroclima

Euroclima é um programa financiado pela União Europeia e pelo Governo Federal da Alemanha, por meio do Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ), bem como pelos governos da França e da Espanha por meio do Ministério de Assuntos Exteriores, União Europeia e Cooperação. 

O Programa tem como missão reduzir o impacto da mudança climática e seus efeitos em 33 países da América Latina e do Caribe, promovendo a mitigação, a adaptação, a resiliência, o investimento climático e a biodiversidade.  Para isso é implementado segundo o “Espírito do Team Europe” sob o trabalho sinérgico de sete agências: a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), o Grupo AFD: Agencia Francesa de Desenvolvimento (AFD)/Expertise France (EF), a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a Fundação Internacional e para Iberoamérica de Administração e Políticas Públicas (FIIAPP), Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, o Programa da ONU para o Meio-Ambiente (PNUMA) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Mais informações:

federico.ganduglia@iica.int

iica@iica.int

 

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