“Fechando as brechas de financiamento para acelerar a implementação de sistemas agroalimentares climaticamente inteligentes”, foi o título de um painel em que foram exploradas estratégias para reorientar e escalar fluxos financeiros.
Baku, Azerbaijão, 15 de novembro de 2024 (IICA) – Os agricultores precisam de financiamento e maiores incentivos econômicos para aprofundar as boas práticas e ser mais resilientes, foi a advertência dada na Casa da Agricultura Sustentável das Américas, o pavilhão que representa a voz do setor na COP 29.
Pela terceira vez consecutiva, depois de experiências na COP 27 do Egito e a COP 28 dos Emirados Árabes Unidos, o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), junto aos seus sócios do setor privado e público, está presente no âmbito global mais importante de discussão sobre a abordagem da crise climática.
O pavilhão é sede para os mais importantes atores da produção agroalimentar do continente.
“Fechando as brechas de financiamento para acelerar a implementação de sistemas agroalimentares climaticamente inteligentes”, foi o título de um painel em que foram exploradas estratégias para reorientar e escalar fluxos financeiros.
Houve debate sobre mecanismos como a ampliação de capacidades para bancos multilaterais de desenvolvimento, a otimização de orçamentos públicos e a disponibilidade do capital privado para pequenos produtores e comunidades vulneráveis.
A discussão também se concentrou na necessidade de alinhar a transformação dos sistemas agroalimentares nacionais e os compromissos climáticos para facilitar o financiamento sustentável dos objetivos do Acordo de Paris. Entre os participantes estavam líderes de instituições financeiras e ministros de Agricultura.
“A ideia é melhorar a ambição climática e potencializar a ação. Geramos a discussão sobre como superar as barreiras e como potencializar o papel dos organismos multilaterais de financiamento e dos governos, de forma que os orçamentos públicos favoreçam a transformação dos sistemas agroalimentares”, disse Manuel Otero, Diretor Geral do IICA, que abriu a conversa.
“Os agricultores estão preparados e comprometidos para ser protagonistas de uma nova era. Mas isso vai custar caro. Precisamos de dinheiro para nos adaptar à realidade que o clima impõe. Os agricultores precisam de nova renda, por exemplo, dos mercados de carbono”, adicionou.
Os agricultores e o Acordo de Paris
Franz Tattenbach, Ministro de Meio-Ambiente e Energia da Costa Rica, enfatizou também que o verdadeiro desafio é gerar incentivos para que os agricultores se comprometam ainda mais com os objetivos definidos pelos governos do mundo por meio do Acordo de Paris.
“Nosso foco tem que ser a adaptação à mudança climática. E os agricultores na Costa Rica têm se comportado muito, porque evitaram a desflorestação no nosso país. De nenhuma forma podemos acusá-los de fazer as coisas mal. Hoje existe muito interesse na Costa Rica em continuar reduzindo as emissões de gases de efeito estufa. Porém o desafio são os incentivos. Não vejo que os preços atuais que existem nos mercados voluntários de carbono sejam um fator determinante nos modos de produção”, sinalizou.
Gonzalo Becoña, especialista em temas ambientais do Instituto Nacional de Pesquisa Agropecuária (INIA) do Uruguai, sinalizou que um problema é que a maior parte do financiamento climático disponível no mundo é para a mitigação em vez da adaptação.
“Nos nossos países o maior problema é a adaptação. Precisamos ser resilientes para continuar produzindo e hoje é muito difícil ter acesso a fundos. Por isso no Uruguai começamos nos últimos anos a desenvolver novos instrumentos para captar fundos”, contou.
Becoña sinalizou que é essencial que os países do Sul global desenvolvam sistemas de informação para apresentar contas dos resultados dos projetos climáticos financiados internacionalmente. “Se queremos financiamento precisamos estar preparados institucionalmente e com acordos no interior do país”, advertiu.
Veronica Ruiz, Chefe do Departamento de Formação de Projetos do Banco Centro-Americano de Integração Econômica (BCIE), expressou o compromisso dessa instituição financeira com a ação climática.
“Promovemos projetos sustentáveis, que construam resiliência e reduzam as emissões”, informou. “Em muitos países ainda faltam sistemas para medir o verdadeiro impacto dos programas de conservação de bosques e de gerenciamento de resíduos. Por isso desenvolvemos bolsas especiais para fortalecer as capacidades do setor agrícola, como estamos comprometidos com a produção agrícola e com a resiliência climática”.
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