Os biocombustíveis líquidos oferecem uma alternativa imediata e sustentável aos combustíveis fósseis, pois permitem avanços significativos para a descarbonização do transporte sem requerer grandes mudanças técnicas nos veículos atuais.
São José, 10 de dezembro de 2024 (IICA) – Com um crescimento de 50% na produção global na última década, os biocombustíveis líquidos continuam se firmando como uma ferramenta-chave para a transição energética – revela um novo documento publicado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Trata-se da edição 2023-2024 do Atlas dos biocombustíveis líquidos, relatório completo produzido pelo IICA a partir dos principais dados do setor, que demonstram que dois países das Américas – Estados Unidos e Brasil – são os principais produtores do mundo, respondendo por 42% e 24% do total, respectivamente. Os autores do trabalho são Agustín Torroba e Anabel Chiara.
Os biocombustíveis líquidos oferecem uma alternativa imediata e sustentável aos combustíveis fósseis, pois permitem avanços significativos para a descarbonização do transporte sem requerer grandes mudanças técnicas nos veículos atuais. Têm, portanto, um enorme potencial para mitigar a crise ambiental e oferecem uma grande oportunidade às Américas, devido à ampla disponibilidade de biomassa existente no continente.
A nova edição do Atlas centra-se em biocombustíveis como bioetanol, biodiesel e combustíveis sustentáveis de aviação, a partir de fontes bibliográficas complementadas com dados estatísticos sobre matérias-primas, tendências de produção e políticas regulatórias. Analisa variáveis como o uso de milho, cana-de-açúcar e óleos vegetais na produção, bem como a implementação de mandatos de mistura obrigatória e padrões de baixo carbono (LCFS), impulsionados pelo Brasil e pelos Estados Unidos.
Os dados demonstram que, entre 2013 e 2023, a produção global de biocombustíveis cresceu 50% e o consumo 48%, e que os Estados Unidos e o Brasil se consolidaram como os principais produtores.
O Brasil é também um dos países de maior expansão, tendo sua produção crescido 16% no último ano e 41% na última década, tendência que caminha para se consolidar com a promulgação, em outubro de 2024, da Lei de Combustíveis do Futuro nesse país.
O bioetanol representa 65% da produção mundial, seguido pelo biodiesel (35%). Ademais, 57 países adotaram mandatos para o bioetanol e 45 para o biodiesel, com o Brasil e a Índia na vanguarda.
Sobre a evolução do último ano, em 2023 a produção e o consumo de biocombustíveis aumentaram 9% em comparação com 2022.
Depois dos Estados Unidos e do Brasil, os principais produtores são Indonésia, China e Índia, seguidos por Argentina e Canadá, os dois países das Américas que figuram entre os principais produtores. Os Estados Unidos e o Brasil são também os principais consumidores. Os tradicionais mandatos de misturas de biocombustíveis continuam impulsionando sua produção e consumo no mundo – afirma o trabalho.
O IICA lidera e exerce a Secretaria Técnica da Coalizão Pan-Americana de Biocombustíveis Líquidos (CPBIO), criada em 2023 e integrada pelas principais associações empresariais e industriais das Américas dedicadas à produção e ao processamento de açúcar, álcool, milho, sorgo, soja, óleo vegetal e grãos, entre outros produtos do setor agropecuário. A missão da entidade é descarbonizar a economia mediante a promoção e o consumo sustentáveis dessas energias limpas em todo o hemisfério.
Matérias-primas
“Os biocombustíveis líquidos continuam se firmando como parte de uma transição mais limpa no âmbito de um paradigma de mobilidade baseado na combustão interna”, disse Agustín Torroba, Especialista em Biocombustíveis do IICA e Secretário Executivo da CPBIO.
“Existem outros paradigmas de mobilidade sustentável em desenvolvimento, como a eletromobilidade e a propulsão a hidrogênio, mas os biocombustíveis têm a vantagem de serem, não só ambientalmente mais sustentáveis que os combustíveis fósseis, mas também de os veículos poderem utilizá-los imediatamente sem necessidade de mudanças técnicas importantes”, acrescentou.
Em 2023, o milho e a cana-de-açúcar foram as matérias-primas mais utilizadas na produção final de bioetanol, com a participação de 62% e 27%, respectivamente. Nos Estados Unidos, na China, no Canadá, na Argentina e em vários países da UE, o milho é utilizado massivamente, e no Brasil seu uso se está ampliando consideravelmente. Com relação à cana-de-açúcar, os países em destaque são Brasil, Colômbia, Índia, Paraguai e Argentina.
Nos últimos 20 anos a produção e o consumo de biodiesel, um biocombustível gerado sobretudo mediante a transesterificação de óleos de palma, soja e colza com álcool, apresentou uma taxa de crescimento superior à do bioetanol, embora partindo de uma base muito menor.
Em 2023, as matérias-primas mais utilizadas na produção de biodiesel foram os óleos vegetais, entre os quais se destacam os de palma (26%), soja (23%) e canola ou colza (11%). Além disso, os óleos e as gorduras animais usados representam um terço das matérias-primas mais utilizadas.
Por outro lado, a produção do biodiesel a partir de óleo vegetal hidrotratado, comumente conhecido como HVO, aumentou 538% em uma década para substituir o diesel, e já representa 25% do total de biodiesel produzido.
O trabalho do IICA também informa sobre o surgimento de biocombustíveis líquidos para a navegação, que ainda é muito incipiente, bem como para a aviação. O combustível sustentável de aviação (SAF), cujo primeiro consumo regular foi registrado em 2007, apresentou em 2023 um crescimento de 100% na produção em relação a 2022. As projeções para 2024 são de um consumo de 1.875 mil m³ de SAF, aumento de 7.400% nos últimos cinco anos. Ademais, vários Estados começaram a aplicar políticas públicas para promover seu uso.
O Atlas dos biocombustíveis líquidos 2023-2024 está disponível em https://repositorio.iica.int/handle/11324/23050
Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int