Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agricultura Mudança climática

A agenda climática deve ser uma agenda de desenvolvimento, disseram especialistas convocados pelo IICA que conclamaram o setor agrícola das Américas a aproveitar a COP30 no Brasil para mostrar a sua profunda transformação

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Durante o encontro de alto nível chamado “A caminho da COP30 no Brasil: Desafios para o posicionamento de uma agricultura sustentável e resiliente nas Américas”, os especialistas reunidos na sede central do IICA discutiram as perspectivas oferecidas para o setor agropecuário da região pela próxima Conferência, que será realizada na cidade brasileira de Belém do Pará.

São José, 27 de maio de 2025 (IICA) — A COP 30, que será realizada em novembro no Brasil e atrairá a atenção do mundo, será uma oportunidade única para que o setor agrícola das Américas mostre o caminho de transformações que vem protagonizando, disseram especialistas em um encontro convocado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
 
Os especialistas também concordaram sobre a importância de que a COP retorne à América Latina e ao Caribe, destacaram o papel do IICA como instituição ponte para que os governos e o setor privado da região tenham uma mensagem unificada quanto ao papel da agricultura e alertaram que a agenda climática deve ser uma agenda de desenvolvimento, que gere benefícios para a sociedade.
 
Izabella Teixeira, ex-Ministra de Meio Ambiente do Brasil, e Tania Zanella, Presidente do Instituto Pensar Agropecuário (IPA), foram as apresentadoras principais da sessão do Conselho Assessor para a Transformação dos Sistemas Agroalimentares (CATSA) do IICA, integrado por personalidades que realizaram grandes contribuições para o setor agroalimentar tanto no âmbito público como no privado e acadêmico.
 
“A caminho da COP30 no Brasil: Desafios para o posicionamento de uma agricultura sustentável e resiliente nas Américas”, foi o título do encontro de alto nível no qual foram discutidas as perspectivas oferecidas para o setor na próxima Conferência, que será realizada na cidade brasileira de Belém do Pará.
 
O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, abriu a sessão com o Diretor de Cooperação Técnica, Muhammad Ibrahim.
 
De maneira conjunta com o CATSA, reuniu-se em sessão o Comitê de Comunicação do IICA, integrado por editores, jornalistas seniores e diretores de comunicação de organizações do setor privado de diversos países das Américas e que tem como objetivo influenciar positivamente no reconhecimento público das cadeias agropecuárias.
 
Retorno à América Latina e ao Caribe
 
Os participantes do debate — realizado de maneira presencial na sede central do IICA, bem como virtualmente — ressaltaram a importância de a COP, o maior foro de discussão ambiental do mundo, estar retornando ao continente americano depois de onze anos.
 
Nesse sentido, concordaram que alguns dos objetivos do setor devem ser melhorar o acesso dos produtores agropecuários ao financiamento climático e buscar caminhos para que sejam reconhecidos por suas práticas regenerativas, que contribuem para a restauração dos ecossistemas e da biodiversidade.
 
“O IICA está avançando para a COP30 e se propõe a posicionar o setor agrícola como parte da solução aos desafios mais urgentes enfrentados pelo planeta”, disse Muhammad Ibrahim na apresentação do encontro.
 
Izabella Teixeira, que encabeçou a Delegação do Brasil na COP de 2015, quando foi adotado o Acordo de Paris, observou que é central que o setor agrícola das Américas elabore uma nova narrativa para dialogar com o mundo, a qual deve refletir a sua extraordinária capacidade produtiva e enorme biodiversidade de seus ecossistemas.
 
“A narrativa deve colocar em primeiro plano não apenas os recursos naturais, mas que a região também tem soluções. Esse é um ponto estratégico”, disse Teixeira.

Izabella Teixeira, ex-Ministra de Meio Ambiente do Brasil.

“A COP do Brasil discutirá ações concretas de implementação do Acordo de Paris a partir de uma agenda que será fixada pelos países em Bonn, em junho próximo. Os efeitos da mudança do clima já estão aqui. A nossa região é muito vulnerável, e o desafio é dispor de novos modelos de financiamento para acelerar a mitigação. Precisamos trabalhar em conjunto e entender que a nossa região pode ser líder”, acrescentou.
 
Tania Zanella, do Instituto Pensar Agropecuária, criado pelo setor produtivo do Brasil para defender seus interesses, ressaltou que os esforços que estão sendo empenhados não podem ser subestimados: “É hora de mostrar com provas e evidências o que o setor está fazendo em termos de sustentabilidade”.
 
Zanella mencionou o papel das cooperativas na transição justa e sustentável. Ressaltou que no Brasil, 25% das emissões de gases de efeito estufa vêm do setor agropecuário, que sofre de uma alta vulnerabilidade aos fenômenos climáticos.
 
“Precisamos mostrar o que está sendo feito, e a COP30 será uma grande oportunidade. As cooperativas foram centrais na transformação do Brasil de importador em exportador de alimentos. No país existem 1179 cooperativas agropecuárias com mais de um milhão de membros”, disse.
 
Zanella também falou das barreiras para o financiamento climático no campo, considerou que os mecanismos internacionais são pouco acessíveis para os pequenos produtores e ponderou sobre o papel do IICA, que proporciona oportunidades de conexão com fundos internacionais.
 
“A COP30 será uma oportunidade única para redesenhar o fluxo de financiamento climático no Brasil. Deve ser colocada ênfase nos títulos verdes e no pagamento por serviços ambientais. O produtor é o principal agente promotor da conservação, mas precisa de estímulos”, concluiu.
 
Otero, por sua vez, destacou que é fundamental que o setor agrícola da região tenha uma estratégia agressiva de comunicação para mostrar a sua verdadeira face. “Cumprimos um papel fundamental na busca por um desenvolvimento sustentável para o nosso planeta. O nosso continente tem muitos modelos de produção e o nosso ponto forte está na heterogeneidade”, enfatizou.
 
O Diretor Geral do IICA informou que o organismo estará presente na COP30 de Belém com um pavilhão — como aconteceu nas COP anteriores, no Egito, Emirados Árabes Unidos e Azerbaijão — juntamente com o setor privado e os ministérios da agricultura das Américas.
 
“Vamos a Belém para mostrar que as transformações que estão ocorrendo no setor agrícola das Américas são muito significativas. Há um processo de mudança que não pode ser detido. Precisamos ficar mais juntos do que nunca”, afirmou.
 
“A União Europeia — acrescentou — prega o negacionismo sobre as transformações que estão ocorrendo no setor agrícola das Américas. Mas a realidade é que a transição está em andamento, é um processo irreversível e a oportunidade para mostrar isso é a COP30”.
 
Estiveram na Sala Estados Unidos da sede central do IICA, entre outros: Jorge Werthein e Eugenio Díaz-Bonilla, assessores especiais do Diretor Geral; Renata Miranda, consultora do IICA em Inovação e Desenvolvimento Sustentável na Agricultura, com foco na COP30; Rodrigo Lima, Diretor da consultora AGROICONE; e Walter Baethgen, Pesquisador Sênior da Escola de Clima da Universidade de Columbia.

O Diretor de Cooperação Técnica do IICA, Muhammad Ibrahim; o Diretor Geral do Instituto, Manuel Otero; e Izabella Teixeira, na abertura do evento.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int

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