Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agricultura

A EMBRAPA, a Agência Brasileira de Cooperação e o IICA dão um passo fundamental para aprofundar a cooperação das Américas e da África em prol da segurança alimentar e a sustentabilidade da produção agrícola

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Especialistas e funcionários de alto nível asseguraram que a África e as Américas, particularmente o Brasil, estão destinados a realizar um papel crucial para a segurança alimentar global, enfrentando desafios e oportunidades comuns que favorecem uma sólida cooperação internacional. Essa conclusão foi destacada durante o Diálogo África-Brasil sobre Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Agropecuária.

Brasília, 19 de março de 2025 – A África e as Américas, particularmente o Brasil, estão destinados a realizar um papel crucial para a segurança alimentar global e têm desafios e oportunidades comuns que favorecem o estabelecimento de uma sólida cooperação internacional.

Foi o que asseguraram especialistas e funcionários de alto nível que participaram do Diálogo África-Brasil sobre Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Agropecuária, organizado em conjunto pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

A realização deste evento, na sede da EMBRAPA em Brasília, evidenciou o compromisso do Governo brasileiro e do IICA com a colaboração recíproca com a África, tendente a aprofundar a transformação da agricultura e enfrentar as causas de insegurança alimentar, a desnutrição e a degradação ambiental.

O cientista Rattan Lal, considerado a maior autoridade mundial em ciências do solo e Embaixador de Boa Vontade do IICA, foi apresentador de referência do encontro e considerou que é possível repetir na África o que chamou de “milagre do Cerrado” brasileiro, bioma que foi o eixo da revolução agrícola do país da América do Sul, que se converteu nas últimas décadas em um dos principais produtores mundiais de alimentos.

Durante a abertura do encontro participaram Sílvia Massruhá, Presidente da EMBRAPA; Ismahane Elouafi, Diretora Geral Executiva do Conselho de Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR, em inglês); Luis Rua, Secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil; Maria Luiza Lopes da Silva,  Subdiretora da Agência Brasileira de Cooperação ABC); Aggrey Agumya, Diretor Executivo do Fórum para a Pesquisa Agrícola na África (FARA); Jean Jacques Muhinda, Diretor Regional da Aliança para uma Revolução Verde na África (AGRA) e o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.

O Diretor de Cooperação Técnica do IICA, Muhammad Ibrahim, também participou do encontro.

“Alianças como esta nos fortalecem. Este é um evento que simboliza o espírito de cooperação e aprendizagem que nos orienta.  Estamos falando de um espaço de ciência e inovação para promover a agricultura sustentável, porque estamos convencidos de que a cooperação internacional é essencial para o intercâmbio de experiências e conhecimentos”, disse Massruhá em nome da EMBRAPA, empresa pública que tem sido vital para a transformação do agro brasileiro que hoje é modelo no mundo, para uma maior produtividade e sustentabilidade.

Massruhá destacou a colaboração do IICA no Brasil e enfatizou que o país construiu uma agricultura tropical que transformou desafios em oportunidades: “A EMBRAPA está presente em todo o território brasileiro, cobrindo todos os biomas e focalizando os temas estratégicos para o desenvolvimento do setor, desde a agricultura familiar até a industrial. O Brasil é a prova de que apostar pela ciência e a tecnologia sempre é o melhor.  Queremos compartilhar nossos aprendizados e continuar aprendendo da África”.

O professor Lal, laureado do World Food Prize em 2020 e colaureado do Prêmio Nobel da Paz, considerou que a África pode se converter na cesta de alimentos do mundo se desenvolver seu potencial, já que tem a terra para alimentar 9 bilhões de pessoas , e nesse sentido utilizou o exemplo positivo do Brasil.

“Eu vim pela primeira vez ao Brasil em 1975. O Cerrado era um deserto e deste então foi realizada uma revolução que o converteu em uma das maiores zonas produtoras de alimentos do mundo.  Algumas partes da Savana da África têm muitas características parecidas e pode fazer a mesma transformação”, assegurou Lal.

O cientista falou sobre a necessidade de que exista vontade pública para investir no desenvolvimento da agricultura o que hoje se gasta na África na importação de alimentos, para fechar a brecha de produtividade.

Lal se perguntou por que a Revolução Verde não chegou até a África e disse que uma das razões é que o custo dos fertilizantes e outros insumos agrícolas é inacessível para os pequenos produtores do continente, que fornecem entre 70 e 80% dos alimentos consumidos pela população.

O especialista finalizou com uma detalhada explicação de um plano de ação que, com os investimentos necessários, pode levar a África a repetir a experiência brasileira, com um aumento da superfície irrigada, um maior uso de fertilizantes, uma melhoria da saúde dos solos e um estímulo para o sequestro de carbono por alguns agricultores.

Desafios e oportunidades

Durante o encontre foram explicados os detalhes de um acordo de cooperação entre a EMBRAPA, a ABC e o IICA que permitirá que viagem ao Brasil uns 30 pesquisadores de institutos científicos, universidades e órgãos de governo de países africanos, para o intercâmbio de conhecimentos sobre tecnologias que promovem a segurança alimentar, a agricultura regenerativa e a recuperação de áreas degradadas.  

Também realizaram painéis técnicos em que se discutiram os principais desafios e oportunidades para o desenvolvimento de estratégias agrícolas comuns entre a África e o Brasil e foram apresentadas estratégias para aprofundar o intercâmbio de conhecimentos técnicos e pesquisadores.

Entre os participantes, junto com funcionários, pesquisadores e embaixadores de países africanos, esteve também o Representante do IICA no Brasil, Gabriel Delgado.

No nome do CGIAR, que é a maior rede mundial de pesquisa e inovação agropecuária, Ismahane Elouafi valorizou o esforço conjunto da EMBRAPA e do IICA e assegurou que compartilhar experiências e conhecimentos sobre ciência e tecnologia e cooperação é essencial para construir sistemas agroalimentares resilientes e produtivos.

“A África e o Brasil compartilham muitos desafios, que têm a ver com a gestão hídrica e a degradação dos solos, mas também compartilham soluções que podem ser escaladas por meio da cooperação Sul-Sul. A transformação feita pelo Brasil do Cerrado oferece ensinos à África”, enfatizou.

Manuel Otero, Diretor Geral do IICA, e Silvia Massruhá, Presidente da EMBRAPA.

Otero enfatizou a liderança do Ministro de Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, para fortalecer o agro brasileiro no cenário internacional e a tarefa do Diretor da ABC, embaixador Ruy Pereira.  Também considerou a trajetória da EMBRAPA, que orientou a revolução produtiva brasileira com tecnologias de agricultura tropical, muitas das quais podem ser levadas à África, respeitando as realidades e especificações locais.

“O IICA tem a missão histórica de fortalecer a agricultura”, adicionou. “Essa missão não pode ser realizada se deixamos por fora a África, com quem compartilhamos muitas características e laços históricos. Nossos continentes enfrentam desafios comuns e também têm oportunidades de cooperação que devemos aproveitar.  A África tem quase 60% das terras aráveis do mundo não cultivadas.  O Brasil transformou áreas como o Cerrado em regiões altamente produtivas”.

“A distância entre as Américas e a África é longa medida em quilômetros, mas os desafios que enfrentamos nos aproximam. Estamos estabelecendo uma agenda conjunta para garantir a segurança alimentar e ao mesmo tempo proteger nossos recursos naturais”, finalizou Otero.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int

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