
São José, Costa Rica, 3 de julho e 2025 (IICA) – A chegada da inteligência artificial (IA) representa uma grande revolução para o agro que já está em andamento e que oferece a possibilidade de melhorar a produtividade, a sustentabilidade e a qualidade de vida dos agricultores, e será a tarefa dos setores público e privado trabalhar juntos para assegurar que o potencial se transforme em realidade e que a nova tecnologia não deixe ninguém atrás.
Os caminhos para transformar em realidade essas aspirações foram explorados por especialistas em uma sessão do Conselho Assessor para a Transformação dos Sistemas Agroalimentares (CATSA) do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), integrado por personalidades que tem realizado grandes contribuições ao setor agroalimentar tanto do âmbito político como o privado e o acadêmico. O Conselho Assessor é um espaço de diálogo, em que são apresentadas diferentes visões sobre os caminhos para fortalecer e transformar o agro das Américas.
Durante o debate foi sinalizado que é imperativo que a incorporação da IA seja um processo inclusivo, com atenção especial aos pequenos produtores e agricultores familiares. Advertiram, também, que a IA não deve ser considerada um fim por si só, mas um meio para transformar a agricultura com foco nas cadeias de valor.
Os expositores principais foram José Emilio Guerrero, professor na Universidade de Córdoba, Espanha (UCO), que se concentra na aplicação de IA para modernizar a agricultura; Carlos Alzate, especialista em IA e CEO do AI Fund, do qual ele fornece assessoria a startups em desenvolvimento de tecnologia de machine learning; e Rosa Gallardo, Diretora da Cátedra de Inteligência Artificial e Agricultura da UCO.
A apresentação do debate foi feita por Manuel Otero, Diretor Geral do IICA, e Hugo Chavarría, Gerente do Programa de Inovação e Bioeconomia e Coordenador da Direção de Cooperação Técnica do IICA.
Otero enfatizou que a sessão foi convocada pelo compromisso do IICA para continuar fornecendo uma incorporação democrática da revolução tecnológica na agricultura. “A IA tem que beneficiar a todos e principalmente aos nossos agricultores, sem exceções. O verdadeiro potencial da IA será levado à prática quando nos sirva para enfrentar os nossos maiores desafios coletivos”.
“A aliança entre IA e agricultura não está ligada somente à eficiência da produção; está em jogo o futuro que merecemos para a agricultura como um ator estratégico nos nossos modelos de desenvolvimento sustentável. A pergunta não é se vamos usar IA ou não. A pergunta é que tipo de IA vamos construir em função da nossa identidade, nossa cultura e em prol de quem”, adicionou.
A qualidade dos dados
Os três oradores concordaram sobre a importância da quantidade e, especialmente, a qualidade dos dados, de forma que a IA possa concretizar seu potencial para que as empresas sejam mais produtivas em prol dos habitantes rurais e construir uma agricultura mais eficiente, produtiva e inclusiva.
Um dos obstáculos atualmente na América Latina e no Caribe para a aliança necessária entre a agricultura e a IA é que a região ainda não conta com uma posição comum sobre a governança adequada. Somente 7 países dos 19 analisados em uma pesquisa apresentada por José Emilio Guerrero contam com políticas de IA vigentes; o resto, por mudanças de direção de governos, ou porque não começaram o processo de elaborá-las, carecem delas.
Guerrero sinalizou que posicionar a IA como um catalisador do desenvolvimento sustentável na região será possível com a otimização do ecossistema AgTech de forma responsável e inclusiva.
“O objetivo principal deve ser identificar oportunidades, detectar brechas e definir ações concretas para promover um desenvolvimento virtuoso da IA na agricultura, a cadeia agroalimentar e o desenvolvimento rural da América Latina. É fundamental fomentar a cooperação regional e a criação de capacidades locais”, adicionou.
Revolução de ritmo acelerado
Rosa Gallardo enfatizou a mudança que significa a irrupção da IA e, porém, admitiu que a agricultura já atravessou outros processos de transformação profunda, considerou que a particularidade dessa revolução é o seu ritmo acelerado.
“A IA não é somente uma inovação tecnológica; é uma mudança cultural que terá impacto em todo o sistema agroalimentar. É uma transformação de múltiplas dimensões”.
Gallardo, que é Doutora em Engenharia Agronômica pela UCO e Catedrática do Departamento de Economia Agrária dessa universidade, disse que neste contexto devemos gerar confianças, explicando o que a tecnologia pode contribuir e o que não, e é essencial escutar os produtores agropecuários para conhecer as suas necessidades.
A acadêmica considerou que a IA no setor agropecuário já é uma realidade, porém ainda falta muito por realizar e enfatizou a importância das alianças: “Este é um caminho que não podemos atravessar cada um de forma isolada. Para aproveitar o potencial da IA no agro é fundamental trabalhar juntos para formar, demonstrar e acompanhar”.
Carlos Alzate, que promove atualmente a inovação tecnológica na América Latina, sinalizou a importância dos dados para que a IA na agricultura funcione bem, mas também o significado da intervenção humana.
“Eu diria que o combustível são os dados e o motor é a computação, mas é necessário um humano para dirigir a máquina”, assegurou. “No futuro a IA não vai substituir as pessoas, mas será uma simbiose, em que a atividade humana potencializará o rendimento da IA”.
Alzate mostrou pesquisas que revelam que as empresas que incorporaram IA tem aumentado significativamente sua produtividade e que no último ano houve um enorme salto em seu uso, especialmente da IA generativa.
Com respeito ao impacto e alcanço da IA na agricultura, mencionou, entre outros aspectos, a otimização da produção, o uso eficiente de recursos, o controle de pragas e doenças, a automatização e robótica agrícolas e a gestão de negócios agropecuários.
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