
Buenos Aires, 24 de abril de 2025 (IICA) – Ante alunos do Instituto do Serviço Exterior da Nação, instituto de formação diplomática argentino, membros do corpo diplomático local e funcionários da Chancelaria do seu país, o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, enfatizou o valor estratégico do setor agropecuário da América Latina e do Caribe e definiu uma perspectiva de fortalecimento do papel da região como pilar da segurança alimentar.
Em uma missão oficial para a capital argentina, Otero foi convidado para dar uma conferência magistral no ISEN ante uma audiência nutrida e qualificada. Nesse cenário apresentou um panorama detalhado dos desafios que a agricultura enfrenta no mundo e as oportunidades que se apresentam para a Argentina e outros países da América Latina, ante demandas de alimentos acessíveis e de qualidade de uma população crescente e as incertezas do cenário geopolítico.
A conferência ocorreu no auditório do ISEN, no prédio da Chancelaria argentina. Foi apresentada pelo Embaixador Marcelo Buffetti e encerrada por José Martins, Presidente da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, que com 170 anos de trajetória é a entidade empresária mais antiga do país.
Martins sinalizou em sua apresentação a importância da articulação entre instituições públicas e o setor privado.
Entre os participantes, que durante a conclusão fizeram várias perguntas a Otero sobre o posicionamento dos produtores agropecuários nos mercados globais e o papel dos organismos internacionais, esteva a Embaixadora Nora Capello, Diretora na Secretaria de Relações Econômicas Internacionais, que ponderou o papel do IICA em diferentes projetos de cooperação que a Argentina realizou com países da América Central e do Caribe.
Segurança alimentar e sustentabilidade
Durante sua apresentação, Otero destacou a importância da agricultura argentina, enfatizou que o país não é apenas exportador de matérias primas, destacou a interação profunda entre o seu setor agropecuário e a ciência, a tecnologia e a inovação, suas capacidades empresariais, e também demonstrou que a agricultura da América Latina representa quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB), gera 22% dos empregos e contribui 18% do comércio internacional agropecuário total.
“Somos uma região muito forte e temos que acreditar mais em nós mesmos. Eu digo que devemos melhorar nossa autoestima porque o setor é estratégico em termos do presente e do mundo que está por vir”, assegurou.
O Diretor Geral do IICA enfatizou, neste sentido, que a região é não só fiadora da segurança alimentar, mas também da sustentabilidade ambiental do planeta, já que é sede de grande parte dos recursos hídricos e bosques tropicais.
A apresentação de Otero também sinalizou a necessidade de apoiar uma nova narrativa que reflita a realidade da agricultura como ator estratégico para o desenvolvimento das economias nacionais e a inclusão social em um mondo que hoje é predominantemente urbano e tem uma enorme necessidade de fortalecer e favorecer o bem-estar das comunidades em zonas rurais.
“Na região há 17 milhões e meio de agricultores familiares que devem ficar nas zonas rurais para ser o tecido social que dá vida à ruralidade”, assegurou.
“Hoje o agro já não pensa só na abundância, mas também na qualidade dos alimentos. Existe outro tema que é a transição energética, já que o campo hoje realiza grandes contribuições para a nova matriz de energias renováveis. E isso ocorre na estrutura de uma nova fronteira de conhecimento. Há uma revolução sem precedentes na tecnologia, que está criando a agricultura 4.0. Neste sentido, devemos defender os sistemas nacionais de pesquisa, com participação do setor privado, se queremos continuar sendo atores fundamentais no mundo”, adicionou.
O Diretor Geral do IICA também se referiu ao papel positivo que a agricultura pode realizar ante a crise ambiental, já que é o único setor da economia que, enquanto produz, está em condições de contribuir para a mitigação da mudança climática, por meio do sequestro de carbono. “Além da pegada de carbono do processo de produção, temos que considerar um balanço de carbono, que contemple também a absorção nos solos”, advertiu.
Otero, finalmente, advertiu que o mundo demanda uma agricultura intensiva em conhecimentos, com rosto humano: “Os próximos 25 anos serão decisivos, já que estão por vir mudanças fundamentais. Precisamos de instituições fortes e da esperança no futuro da agricultura como instrumento ao serviço da paz e do desenvolvimento sustentável, geradora de empregos e bem-estar, construtora de pontes entre as zonas rurais e as cidades, na estrutura de uma transformação que já está acontecendo”.
Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int