Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agricultura

Christopher Nesbitt, agricultor de Belize que mostrou o potencial dos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta para a produção e a conservação, é reconhecido pelo IICA como Líder da Ruralidade das Américas

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Nesbitt é dos Estados Unidos e, em Belize, comprou uma velha fazenda com solos degradados que estava dedicada ao cultivo de cítricos e à produção de gado de somente 70 acres e com o tempo desenvolveu um sistema que combina a manutenção da floresta com diversos cultivos e criação de animais. 

São José, 17 de fevereiro de 2025 (IICA) – Christopher Nesbitt, agricultor que há 36 anos se propôs restaurar as terras degradadas de Belize e desenvolveu um sistema de integração lavoura-pecuária-floresta em que convivem a produção e a conservação do meio-ambiente, foi reconhecido como um dos “Líderes da Ruralidade das Américas” pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

Como reconhecimento, Nebitt receberá o prêmio “Alma da Ruralidade”, parte de uma iniciativa do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural para dar visibilidade a homens e mulheres que deixam pegadas e fazem a diferença no campo do continente americano, essencial para a segurança alimentar e nutricional e a sustentabilidade ambiental do planeta.

Nesbitt é dos Estados Unidos e chegou ao menor dos países centro-americanos aos 19 anos.  O seu plano era passar uma temporada lá, porém nunca voltou para sua terra natal.  Em Belize comprou uma velha fazenda com solos degradados que estava dedicada ao cultivo de cítricos e à produção de gado de somente 70 acres e com o tempo desenvolveu um sistema que combina a manutenção da floresta com diversos cultivos e criação de animais. O sistema rendeu grandes resultados tanto em termos econômicos como ecológicos.

Os sistemas “agrosilvopastoris” combinam lavoura, pecuária e floresta, mantêm os solos cobertos, evitando sua erosão, e ajudam a capturar carbono.  Os especialistas concordam que são um caminho eficiente para obter uma maior produção de alimentos e, ao mesmo tempo, mitigar os efeitos da mudança climática.

Sua unidade de produção, chamada Maya Mountain Research Farm, está localizada na população de São Pedro Columbia, no distrito de Toledo, cuja população é maiormente indígena, de ascendência maia.  A fazenda se converteu em uma referência de sustentabilidade que é visitada por centenas de jovens e destacada por várias organizações pelo seu valor educativo.

Sua unidade de produção, chamada Maya Mountain Research Farm, está localizada na população de São Pedro Columbia, no distrito de Toledo, cuja população é maiormente indígena, de ascendência maia.

A unidade abriga centenas de espécies de plantas e fauna nativa e produz alimentos para a população desse país com litoral no Mar do Caribe.  Além disso, tem uma planta de biogás, com que produz a sua própria energia.

Pelo seu trabalho, alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), Nesbitt recebeu em 2019 o Commonwealth Innovation Award, como Belize é uma das nações com laços históricos com o Reino Unido.

“A segurança alimentar de Belize depende quase completamente da chegada de contêiners com alimentos do exterior. Isso não é sustentável. Esse é um problema que vemos em toda a região do Caribe. Todas as ilhas sofrem por isso e nós também sofremos, mesmo não sendo uma ilha e formando parte da América Central”, explica Christopher.

A designação “Líderes da Ruralidade das Américas” é um reconhecimento para aquelas pessoas que realizam um papel duplo insubstituível: ser fiadores da segurança alimentar e nutricional e ao mesmo tempo guardiões da biodiversidade do planeta por meio da produção em qualquer circunstância. O reconhecimento, além do mais, tem a função de destacar a capacidade de impulsionar exemplos positivos para as zonas rurais da região.

Um lar no Trópico

Quando tinha 19 anos, Christopher morava nos Estados Unidos, estudava para ser professor de história no estado de Ohio e compartilhava quarto com um estudante cujos pais eram de Belize, que o convidou para visitar o país da América Central.

“Ohio tem invernos muito frios e eu sou alérgico ao frio. Eu gostei da ideia de passar uma temporada em Belize por causa do calor. Cheguei em Belize em um momento em que tinha que decidir o que fazer da minha vida, porque queria continuar estudando, mas eu tinha que reavaliar qual rumo queria tomar”, lembra.

Então Christopher conheceu em Belize um homem de 65 anos que estava vendendo uma fazenda por um preço muito baixo e decidiu dar um passo adiante.  “Eu era muito jovem e não sabia realmente nada de agricultura, mas a terra não valia quase nada e resolvi comprar”, conta.  Desde então Belize se converteu em seu lar.

Após três anos trabalhando a terra sem grandes resultados, Nesbitt diz que se deu conta de qual era o problema: “Naquela época eu passava muito tempo andando pelo bosque. Eu entendi que o melhor era tentar replicar o seu funcionamento. Assim começamos a fazê-lo e continuamos a fazer isso até hoje”.

Com o tempo, junto com sua família, foi aprendendo a replicar os processos do ecossistema natural para sequestrar carbono, reutilizar os resíduos, cuidar da saúde dos solos e reter água, ao mesmo tempo que fazia agricultura e criava animais em uma área tropical de biodiversidade extraordinária.  Conseguiu isso com o chamado sistema de integração lavoura-pecuária-floresta multi-estrato, que combina diferentes capas de árvores, arbustos e cultivos no mesmo pedaço de terra. Alguns dos seus cultivos são cacau, cúrcuma e baunilha.


Hoje Nesbitt é um grande impulsor desse sistema em Belize e seu país vizinho, Guatemala.  “Se trabalhamos para que os agricultores vizinhos façam blocos contínuos de integração lavoura-pecuária-floresta, podemos criar corredores biológicos que reduzam a fragmentação do habitat e favorecem a conservação da biodiversidade”, assegura.

“Como outros países da região, em Belize as melhores terras sempre estavam dedicadas aos cultivos de exportação, enquanto os cultivos para alimentação da população local ficavam confinados a terras marginais ou em fazendas muito pequenas.  Eu tenho trabalhado para mudar isso com outros agricultores e com a ajuda de organismos de cooperação, que têm colaborado para otimizar as práticas agrícolas e melhorar o acesso dos pequenos produtores aos mercados de milho ou de feijão”.

Nesbitt disse que, para muitas pessoas em Belize, a segurança alimentar significa que as pessoas trabalhem com o turismo e ganhem suficiente dinheiro para comprar nos supermercados alimentos importados.

“Isso não é sustentável e esse é o motivo pelo qual temos uma segurança alimentar tão frágil em Belize”, assegura. A geração mais jovem muitas vezes não quer se dedicar à agricultura e os que ficam no campo estão envelhecendo.  Esse é um problema que vemos em toda a região do Caribe”, declarou.

Nesbitt está convencido de que é possível atrair jovens para a agricultura por meio dos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta, que podem gerar renda e produzir serviços ecossistêmicos.  “O segredo é que os pequenos agricultores cultivem produtos que tenham boa demanda”, revela.

Nesbitt também é um grande defensor dos agricultores e explica: “Existe a ideia de que os agricultores não são formados porque alguns deles não são bons na leitura e escritura, mas eles têm um grande fluxo de conhecimentos botânicos e ecológicos. Podem ver o tamanho da copa de um árvore e a cor das folhas e obter assim muita informação sobre o que está acontecendo no solo”.

Como o agricultor apaixonado que ele é, está convencido de que a agricultura tem um papel fundamental para a conservação ambiental: “O meu conselho aos jovens rurais é que plantem árvores, tantas árvores como possam”.

“A pergunta é: como deixamos para os nossos filhos um lugar melhor do que encontramos? Cuidar dos ecossistemas é cuidar das futuras gerações.  Eu acredito firmemente que os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta podem resolver muitos dos problemas relacionados com a segurança alimentar, a pobreza rural e a migração dos campos para as cidades”, concluiu.

Pelo seu trabalho, alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), Nesbitt recebeu em 2019 o Commonwealth Innovation Award, como Belize é uma das nações com laços históricos com o Reino Unido.

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