Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

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Com apoio do IICA, federações agrícolas das Américas consolidam roteiro para potencializar a competitividade da agricultura regional

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O evento reuniu mais de 50 participantes, inclusive autoridades, especialistas internacionais, representantes da academia, organismos multilaterais e líderes sindicais de 23 organizações do setor agropecuário e agroindustrial de 15 países da região.

São José, 24 de julho de 2025 (IICA). Cerca de vinte federações agrícolas de 15 países das Américas assinaram, juntamente com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), uma declaração com prioridades regionais para responder de forma articulada às crescentes exigências regulatórias, ambientais e comerciais que afetam a agricultura das Américas.
 
O consenso foi alcançado no II Encontro de Federações Agrícolas das Américas, organizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e a Federação de Câmaras do Agro (FECAGRO), em São José, Costa Rica.
 
O evento reuniu mais de 50 participantes, incluindo autoridades, especialistas internacionais, representantes da academia, organismos multilaterais e líderes sindicais de 23 organizações do setor agropecuário e agroindustrial de 15 países da região para fortalecer a colaboração regional, compartilhar experiências e delinear uma agenda comum que promova uma agricultura cada vez mais produtiva, competitiva e sustentável perante os desafios globais.
 
Na declaração, as Federações Agrícolas das Américas concordaram com uma visão compartilhada que destaca o papel central dos produtores na transformação dos sistemas alimentares, a promoção da inovação para o comércio, a gestão sustentável dos solos, o uso de sementes de qualidade e uma nova narrativa que posicione o setor agrícola como uma solução aos desafios globais por suas contribuições significativas para a segurança alimentar, mediante parcerias público-privadas e decisões baseadas em ciência.
 
Além disso, a FECAGRO solicitou o apoio do IICA para estabelecer uma rede com as Federações Agrícolas das Américas a fim de criar espaços de articulação técnica e política em temas de interesse comum, bem como cooperação técnica nas prioridades incluídas na declaração e a continuidade na construção de pontes com os produtores das Américas para a geração de políticas públicas integradas.
 
A abertura do encontro esteve a cargo do Vice-Ministro da Agricultura da Costa Rica, Fernando Vargas; o Presidente da FECAGRO, Francisco José González; e o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.
 
“Somente por meio de uma cooperação eficaz, um diálogo constante e uma visão compartilhada poderemos garantir que a agricultura continue sendo um pilar da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável das Américas e do mundo”, ressaltou o Vice-Ministro Vargas.
 
O Presidente da FECAGRO destacou, por sua vez, que o continente americano é líder em produção e exportação de alimentos, com um setor agrícola dinâmico que gera empregos, investimentos e desenvolvimento, ressaltando a necessidade de uma voz hemisférica unificada com princípios técnicos e visão estratégica para ter influência em foros globais e fortalecer a coordenação público-privada para enfrentar desafios comuns e projetar uma agenda compartilhada.
 
“As Américas abastecem o mundo: produzimos 30% dos alimentos consumidos globalmente, e por trás dessa capacidade produtiva há mais de 20 milhões de produtores. O setor agrícola das Américas representa milhões de decisões empresariais que geram emprego, integram territórios rurais e apostam na inovação. A competitividade do setor não depende só do trabalho no campo, mas também de regras de comércio justas, estruturas regulatórias baseadas em ciência e acesso à tecnologia”, explicou González.
 
Otero, por sua vez, mencionou que é necessária “uma defesa estratégica e racional do setor agropecuário nas Américas”, por seu papel como avalista da segurança alimentar mundial e da sustentabilidade ambiental. “Gostemos ou não, o setor agrícola das Américas é e continuará sendo, por décadas, um ator fundamental da segurança alimentar global”, disse.

Manuel Otero, Diretor Geral do IICA, na abertura do encontro, onde ressaltou o papel fundamental do setor agrícola como avalista da segurança alimentar global.

Visões essenciais para o agro, seu futuro e transformações
 
Durante o encontro ocorreram quatro conferências magnas que dinamizaram o diálogo e o intercâmbio de ideias.
 
Kip Tom, agricultor e ex-Embaixador dos Estados Unidos nas agências alimentares em Roma, abordou o poder agrícola das Américas e seu papel vital para a segurança alimentar, e Renata Cristaldo, Diretora de Organismos Econômicos Multilaterais do Ministério das Relações Exteriores do Paraguai, abordou as novas tendências do comércio internacional com enfoque em comércio, sustentabilidade e acesso a mercados.
 
As outras duas exposições foram sobre agricultura regenerativa e saúde do solo por Rattan Lal, especialista líder mundial na questão dos solos, Embaixador da Boa Vontade do IICA e Prêmio Mundial da Alimentação; e a nova narrativa para a agricultura e os sistemas agroalimentares desenvolvida pelo Diretor Geral do IICA.
 
No caso de Tom, compartilhou uma reflexão sobre os desafios globais da segurança alimentar e o papel fundamental do setor agrícola como motor de prosperidade. Destacou a necessidade de fortalecer a soberania alimentar, reduzir a dependência externa e trabalhar em políticas públicas que promovam sistemas agroalimentares resilientes. Ressaltou o compromisso do IICA como aliado estratégico nessa agenda hemisférica e conclamou as Américas para liderar com unidade e visão de futuro.
 
“Se uma nação não tem segurança alimentar, nada mais importa: nem o poder militar, nem a economia, nem a diplomacia. A agricultura é a base de tudo, e o IICA é o melhor aliado que temos para construir um sistema agroalimentar forte, justo e soberano”, expressou.
 
Cristaldo, em sua intervenção, aprofundou sobre os principais desafios e oportunidades que os países das Américas enfrentam no atual contexto do comércio agropecuário global, destacou a necessidade de responder de forma articulada a medidas unilaterais com efeitos comerciais, como aquelas relacionadas ao meio ambiente, e ressaltou a importância de fortalecer a colaboração público-privada, bem como a coordenação regional, para facilitar o acesso a mercados e promover um comércio que contribua para o desenvolvimento sustentável.
 
Também ressaltou o papel estratégico do IICA como facilitador técnico e articulador de posições comuns em foros internacionais.
 
“É hora dessa região ser reconhecida como parte da solução, não do problema. O comércio internacional pode e deve ser uma ferramenta para o desenvolvimento sustentável. Para alcançá-lo, precisamos de regras justas, cooperação efetiva e uma voz forte das Américas. O IICA desempenha um papel fundamental na articulação regional, oferecendo apoio técnico, acompanhamento temático e fortalecendo capacidades para que os países possam se posicionar melhor nos foros internacionais”, argumentou.
 
Lal destacou o papel estratégico da América Latina como potência agrícola mundial e sua capacidade para liderar uma transição para sistemas agroalimentares sustentáveis. Ponderou que a agricultura regenerativa, baseada na saúde do solo e na captura de carbono, é fundamental para enfrentar os desafios climáticos e propôs transformar o setor agrícola em uma solução ambiental, com o IICA como ator central nessa transformação global.
 
“A agricultura regenerativa não só restaura solos e captura carbono, mas transforma o setor agrícola em parte da solução climática. A América Latina tem o potencial de liderar essa transformação, e o IICA foi um agente catalisador na transformação agrícola da região, e o seu papel será ainda mais decisivo para liderar os sistemas agroalimentares sustentáveis em escala global”, sentenciou.
 
Otero concluiu as palestras magnas apresentando uma visão renovada sobre o papel estratégico da agricultura nos desafios globais atuais.
 
Indicou que as Américas, com seu peso na produção de alimentos, biodiversidade e recursos naturais, são chamadas a liderar uma transformação agroalimentar baseada na ciência, tecnologia e inovação, destacou exemplos de vanguarda em países da região e clamou pela construção de uma nova narrativa para a agricultura: uma que a posicione como solução integral para temas como saúde, nutrição e sustentabilidade.
 
Para isso, ressaltou a urgência de uma nova geração de políticas públicas e lideranças com visão territorial, bem como a necessidade de articular esforços entre setores e atores diversos.
 
“Uma nova narrativa para a agricultura deve ser construtiva, ter um olhar de futuro e estar focada nas oportunidades. O contexto da agricultura de hoje nos mostra um setor fortemente vinculado à ciência e à tecnologia, que faz parte da solução aos desafios globais. A agricultura das Américas deve ser reconhecida como uma plataforma estratégica para criar valor econômico, social e ambiental”, concluiu.

No evento, Kip Tom, agricultor e ex-Embaixador dos Estados Unidos nas agências alimentares em Roma, compartilhou uma reflexão sobre os desafios globais da segurança alimentar e o papel fundamental do setor agrícola como motor de prosperidade.

Mais informação:
Adriana Campos, especialista em Comércio do IICA.
adriana.campos@iica.int

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