
São José, Costa Rica, 27 de março de 2025 — O Instituto Tecnológico da Costa Rica, localizado na cidade de San Carlos, foi sede do Segundo Foro Nacional de Bioinsumos, uma iniciativa que busca a construção de uma estratégia nacional que promova o uso adequado de bioinsumos na produção agrícola do país centro-americano.
O foro promove o intercâmbio de conhecimentos e experiências sobre a regulamentação, qualidade e aplicação de bioinsumos como parte de uma estratégia integral de produção sustentável, contribuindo para a segurança alimentar, agregação de valor, fortalecimento de receitas e conservação do meio ambiente.
A realização do Foro Nacional de Bioinsumos foi possível graças a uma parceria entre o Ministério da Agricultura da Costa Rica (MAG), o Ministério de Ambiente e Energia (MINAE), por meio da Direção de Gestão de Qualidade Ambiental (DIGECA), o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), o Centro Nacional de Inovações Biotecnológicas (CENIBiot) e o Programa Biodiversidade e Negócios na América Central e República Dominicana, implementado pela cooperação alemã GIZ, em nome do Governo da Alemanha.
Os bioinsumos são produtos de origem biológica derivados de microrganismos, extratos vegetais e outros compostos naturais utilizados nos sistemas produtivos para promover práticas agrícolas mais sustentáveis, melhorando a fertilidade do solo, contribuindo para o estado sanitário das plantas e animais, bem como controlando pragas e doenças.
Nessa nova edição do foro, especialistas nacionais e internacionais se reuniram para dialogar sobre os eixos principais de uma possível estratégia nacional de bioinsumos, analisar casos de sucesso, boas práticas e lições aprendidas no desenvolvimento e uso de bioinsumos no âmbito regional, avançando no objetivo de articular esforços multissetoriais e gerar propostas concretas adaptáveis ao setor agropecuário da Costa Rica.
Esteve presente no evento o Vice-Ministro da Agricultura e Pecuária da Costa Rica, Fernando Vargas Pérez, que ressaltou a importância de identificar as barreiras que limitam a adoção de bioinsumos e as ações necessárias para superá-las, pois isso é imperativo para garantir a produtividade agrícola e a segurança alimentar.
“A transição para o uso de bioinsumos é essencial para melhorar a competitividade dos nossos agricultores em um mercado global que demanda produtos mais sustentáveis. Além disso, em um contexto de crise climática, degradação do solo e perda da biodiversidade, o uso dos bioinsumos representa uma ferramenta poderosa para uma agricultura mais resiliente e muito mais eficiente”, disse Vargas.
Esse segundo foro consolidou o trabalho realizado na primeira edição e assentou as bases para a constituição de um Comitê Técnico Nacional Especializado que terá como missão acompanhar e orientar o desenvolvimento de uma política que promova o uso de bioinsumos no setor agropecuário.
O espaço visa também a articulação entre atores-chaves do subsetor, como instituições públicas, setor privado, academia, cooperação internacional, produtores e produtoras, bem como organizações da sociedade civil. O desafio é ampliar a adoção de produtos de base biológica, garantindo a sua qualidade e promovendo uma produção amigável com o meio ambiente.
Svenja Paulino, Diretora do Programa Biodiversidade e Negócios, afirma: “definitivamente, o uso de bioinsumos representa uma oportunidade concreta para avançar para uma agricultura sustentável, integrando a biodiversidade como um valor estratégico nas práticas produtivas. Mas, para que essa transição seja efetiva, precisamos fortalecer as parcerias entre o setor público e as empresas, promovendo um trabalho conjunto que acelere a adoção de soluções sustentáveis no longo prazo. Além disso, é fundamental trocar experiências com outros países que já estão singrando esse caminho para aprender com seus desafios e adaptar suas melhores práticas à realidade local”.

O Segundo Foro Nacional de Bioinsumos foi composto por duas jornadas, começando com um evento magistral, no qual que participaram atores-chaves e estratégicos, e um segundo dia, em que foram realizadas visitas de campo para saber como algumas empresas da região desenvolvem e implementam bioinsumos em seus processos produtivos. As empresas visitadas foram Nicoverde, Ingenio Quebrada Azul e FERTINYC; todas comprometidas com a inovação pelo uso de tecnologias na produção agrícola.
No evento, foi explicado o contexto geral dos bioinsumos no país e aprofundados temas de políticas, governança e qualidade; também foi debatido sobre ciência, tecnologia, inovação, gestão do conhecimento e desenvolvimento de capacidades.
Em sua participação no foro, o Senhor Muhammad Ibrahim, Diretor de Cooperação Técnica do IICA, destacou a importância de promover o uso de bioinsumos como uma ferramenta fundamental para a produção agrícola sustentável. Ele ressaltou a necessidade de trabalhar de maneira coordenada entre o governo, empresas e produtores para avançar na transição para sistemas alimentares mais sustentáveis, em função da crescente demanda por parte dos consumidores que buscam alimentos produzidos de maneira responsável e com menos impacto ambiental.
“Se quisermos avançar para sistemas alimentares sustentáveis, é fundamental fortalecer a pesquisa, melhorar a qualidade desses insumos e garantir a sua disponibilidade para os produtores. Além disso, é crucial reduzir as emissões associadas à produção agrícola e dispor de uma estrutura regulatória clara, que facilite a comercialização dos bioinsumos, proporcionando confiança tanto para os produtores como para os consumidores. A cooperação entre atores-chaves é essencial para acelerar essa transição” afirmou Ibrahim.
Implementar uma Estratégia Nacional de Bioinsumos na Costa Rica representa um passo significativo para alcançar uma indústria agropecuária de baixo impacto ambiental e mais competitiva que permita ampliar o uso de bioinsumos de maneira estruturada, garantindo a sua qualidade e compatibilidade com outros insumos agrícolas. Os bioinsumos não só melhoram a saúde dos cultivos e a qualidade dos alimentos, mas também fortalecem a resiliência dos sistemas produtivos do setor agrícola frente à mudança do clima, contribuindo para a conservação dos ecossistemas.
O mercado de bioinsumos mostra um crescimento acelerado na região. A colaboração entre o setor público, a academia, a cooperação internacional e os produtores é fundamental para potencializar o seu impacto. A Costa Rica avança na construção de um modelo agropecuário mais eficiente, resiliente e sustentável, onde os bioinsumos desempenham um papel fundamental.