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Dagoberto Suazo, que há décadas trabalha para desenvolver a qualidade e promover a exportação do café hondurenho, é reconhecido pelo IICA como Líder da Ruralidade das Américas

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Por seu trabalho, Suazo foi reconhecida como uma das “Líderes Rurais das Américas” pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

São José, Costa Rica, 12 de maio de 2025 (IICA) — Em meados dos anos 1990, pouco depois de concluir seu curso de Serviço Social em Tegucigalpa, Dagoberto Suazo teve a oportunidade de continuar estudando nos Países Baixos. Aquela expedição europeia acabou se tornando uma jornada iniciática que o fez identificar a necessidade de abrir novos mercados de exportação para o café hondurenho.

Ao retornar à nação centro-americana, para Dagoberto, atualmente titular da Central de Cooperativas Cafeeiras de Honduras, a missão estava clara: posicionar o café de seu país, melhorar a situação dos produtores e abrir novos mercados.

Por seu trabalho, Suazo foi reconhecido como um “Líder da Ruralidade das Américas” pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e, nessa condição, receberá o prêmio “Alma da Ruralidade”, homenagem criada pelo organismo internacional especializado em desenvolvimento agrícola e rural para dar visibilidade a homens e mulheres que deixam marca, fazendo a diferença na ruralidade do continente americano.

O vínculo desse produtor e líder rural com o café remonta aos seus primeiros anos de vida. Suazo nasceu no departamento de Yoro, no município de Olanchito. E embora sua família tenha se mudado para Tegucigalpa quando tinha apenas dois anos de idade, “sempre estivemos vinculados com o campo. Nas férias, íamos para a nossa propriedade rural para ver os cultivos de milho e feijão, as hortaliças e o café”. 

Esse vínculo, conta, manteve-se em seus tempos de estudante na capital. Continuar conectado com sua família e trabalhar periodicamente no campo foi “abrindo um carinho especial para o setor agrícola em geral, e para o café em particular”, afirma Suazo.

Por isso, a partir daquele momento, buscou conectar “nossa prática profissional com o campo, estudando as condições das zonas rurais e como melhorar as condições de vida dos produtores”.

Uma porta inesperada se abriu quando foi oferecida uma bolsa de estudos nos Países Baixos para a sua companheira. Dagoberto conseguiu que a oportunidade fosse estendida a ambos, e seguiram juntos para a Europa, onde Suazo aprofundou seus estudos agrícolas na prestigiada Universidade de Wageningen.

“Quando voltamos, nós nos envolvemos diretamente com a produção de café” em Honduras, mas antes ele aproveitou a viagem de estudos para ver “como o consumo de café” de qualidade “se expandia” nos comércios holandeses e da França, Alemanha e nações escandinavas, entre outras. “Vimos que se tratava de uma grande oportunidade para Honduras para, por meio do café, alcançar melhores níveis de desenvolvimento” em seu país de origem.

O desafio, observou Suazo, olhando para o século passado, era melhorar a produtividade e a qualidade do café. “Vimos essa situação, tentamos entender os problemas e começamos a buscar soluções”, relata, recordando que, como fruto desses esforços, em 1997 nasceu a Central de Cooperativas e começaram a produzir um café diferenciado e de cultivo orgânico.

Dagoberto estima que quase 90% dos produtores de café em Honduras são pequenos empreendedores que geralmente têm acesso limitado a financiamento, um problema generalizado na América Latina e no Caribe.

Em busca de uma carência de três anos

Dagoberto estima que cerca de 90% dos produtores de café de Honduras são pequenos empreendedores que, em geral, têm acesso limitado ao financiamento, um problema generalizado na América Latina e no Caribe

Em algum momento, observou, algumas ferramentas financeiras apareceram no horizonte dos pequenos cafeicultores, o que foi suficiente para que fossem realizadas pelo menos algumas reformas nas propriedades rurais e melhorias dos cultivos, e para deixar claro que, por esse caminho, o setor rural de Honduras poderia crescer.

Com grande parte do negócio do café em que os produtores tinham uma baixa incidência, observou Suazo, é imperativo que os pequenos produtores possam consolidar suas exportações diretas.

Uma dinâmica de amor à terra

Entretanto, outras iniciativas fortalecem o setor e acendem a esperanças. Dentre elas se destaca o crescimento da Escola de Degustadores de Café, inaugurada em 2002 e que já produziu mais de trezentos técnicos em controle de qualidade do grão. “Nos anos 1980 — recorda Suazo —, havia em Honduras somente um degustador, enquanto cada empresa nos outros países da região tinha o seu próprio degustador identificando as diferentes qualidades de café”, uma atividade fundamental para promover a exportação de um grão de valor.

“Trouxemos um degustador de El Salvador, fizemos uma parceria com um instituto educacional local e disso saiu a Escola de Degustadores, que vem apresentando um enorme sucesso”, ressalta, orgulhoso, o líder. “Agora não há uma cooperativa, produtora ou exportadora em Honduras que não tenha pelo menos um degustador”.

Outra iniciativa importante para o setor foi o “trabalho árduo empenhado para que se consuma um bom café também no país”, que a produção de excelência não seja limitada aos que bebem café hondurenho no exterior, disse Suazo. “Agora, seja em San Pedro Sula ou em Tegucigalpa, no Departamento Ocidental ou na Região Oriental, em qualquer lugar pode ser tomado um café de excelente qualidade”, em contraste com “aqueles tempos” quando “isso não era possível, quando a bebida era de baixa qualidade”, acrescentou Dagoberto.

Trata-se, enfatizou o líder cooperativista, de um círculo virtuoso que beneficia todo o país: “o café — disse Suazo — precisa ser uma peça fundamental para o desenvolvimento” de Honduras, uma espécie de campo de testes para iniciativas de melhoria da qualidade e promoção de ferramentas de financiamento que então podem ser “desenvolvidas com outros produtos agrícolas”.

“Temos condições para que esses produtos se transformem em motores de desenvolvimento” no país centro-americano, “cuja principal atividade econômica atualmente é a agricultura”, ressaltou.

Afinal, em meio aos esforços e realizações, e apesar dos desafios, “no setor do café há uma dinâmica de carinho”, assegurou Dagoberto, uma tradição que torna “difícil para uma família cafeicultora deixar de ser cafeicultora”. Alguns membros dessas famílias “podem deixar a atividade, mas há sempre aqueles continuam se dedicando” a esse maravilhoso cultivo.

“Há um carinho, um amor, algo intrínseco ao produtor que faz com que não deixe de cultivar” o café. “A produção pode diminuir, mas segue-se adiante, todo mundo quer continuar sendo cafeicultor”, descreve Suazo.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int

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